Luiz Sérgio diz que debate sobre visita do presidente americano não tem autorização do PT; ordem é abafar mobilização
BRASÍLIA E RIO. O Palácio do Planalto não gostou da mobilização de setores do PT contra a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e determinou que o partido enquadre os descontentes. A ordem foi abafar ações como a do secretário de Movimentos Populares do PT do Rio, Indalécio Wanderley Silva, que anunciou uma manifestação contra Obama num comunicado ao partido.
A ideia é evitar mobilizações que possam causar constrangimentos tanto em Brasília como no Rio, as duas cidades que serão visitadas por Obama.
- O PT não tem posição e nem discutiu esse assunto da visita do presidente Obama. Por isso, um debate como esse só com autorização do partido - desautorizou o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio.
No núcleo do governo, há sinais de descontentamento de petistas mais ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a grande mobilização em torno da visita de Obama. Nesses setores, ainda que discretamente, há queixas ao fato de Obama não ter vindo ao Brasil na gestão do ex-presidente Lula.
A avaliação é que de fato há uma mudança significativa na política externa do governo Dilma, conduzida pelo chanceler Antonio Patriota, em relação à gestão anterior do ex-ministro Celso Amorim. Mas existe o cuidado no Planalto para evitar qualquer tipo de gesto que possa ampliar esse descontentamento de setores petistas mais próximos de Lula.
- Obama será recebido com honras de chefe de Estado. Agora, não haverá medidas como fechar o espaço aéreo brasileiro. Não se fecha o espaço aéreo americano para receber um presidente do Brasil. Ou seja, será uma visita na medida certa, sem exageros - disse o líder do PT, Paulo Teixeira (SP), dando o tom do partido em relação à passagem de Obama.
Ataques considerados exagerados, como a tentativa do secretário de Movimentos Populares do PT do Rio, Indalécio Wanderley Silva, de tratar Obama como "persona non grata", foram duramente criticados pelo partido.
- Acho que ele (Indalécio) esqueceu que nós somos governo e que temos interesse em fazer negócio com Obama. A nossa política externa não é só com a Venezuela - ressaltou o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR).
Protestos no Rio começarão na sexta
Cerca de 150 sindicalistas e representantes de movimentos sociais se reuniram ontem à noite na sede do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio (Sindipetro-RJ) para programar protestos durante a visita de Obama à cidade. A reunião, no entanto, foi marcada por divergências e terminou com um único consenso: as manifestações começarão amanhã à tarde, no Centro do Rio. Entre os organizadores dos protestos estão filiados ao PT e ao PDT.
A participação de petistas e pedetistas nas manifestações irritou o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que está à frente da convocação da população para o evento de domingo na Cinelândia, onde Obama discursará. Tanto PT quanto PDT mantém cargos no governo do peemedebista. O governador recorreu a aliados no PT e no PDT para que convençam os mais radicais do partido a abandonarem a ideia de protestos. Cabral também acionou sua base de apoio na Assembleia Legislativa (Alerj) e prefeitos para que organizem caravanas do interior e da região metropolitana, reforçando o público que assistirá ao discurso de Obama.
Indalécio defendeu ontem na reunião protestos contra Obama. Ele disse que participava do evento como membro da CUT e não do partido. Anteontem, porém, a CUT informou que não está à frente dos protestos.
- Além de ser dirigente do PT, sou da CUT. É certa a intervenção dos Estados Unidos no Brasil durante a ditadura? O PT não é dono dos movimentos sociais, os movimentos sociais são do povo - disse ele.
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