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quarta-feira, novembro 09, 2011

MINISTRO LUPI [In:] ''NO VELHO OESTE ELE NASCEU E ENTRE BRAVOS SE CRIOU ..." *

;(

Lupi diz que só sai à bala


"Só saio abatido à bala"
Autor(es): Paulo de Tarso Lyra e Vinicius Sassine
Correio Braziliense - 09/11/2011

Apesar das denúncias de cobrança de propina em convênios com ONGs, o ministro do trabalho desafia hierarquia presidencialista e afirma não crer que Dilma irá demiti-lo. "Duvido que ela me tire", disse. "Só saio abatido à bala"


Ministro Carlos Lupi afirma que a presidente Dilma irá mantê-lo no cargo, apesar das denúncias de irregularidades nos convênios firmados pela pasta com ONGs. Integrantes do PDT ameaçam deixar o governo em caso de demissão

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, desafiou ontem, após reunião com as bancadas do PDT da Câmara e do Senado, a hierarquia do sistema presidencialista e afirmou não crer que a presidente Dilma Rousseff vá afastá-lo depois das denúncias de irregularidades nos convênios firmados pela pasta com ONGs. "Duvido que ela o faça. Ela me conhece, sabe que o meu caso é diferente dos anteriores", disse Lupi, ao ser questionado se o ritual de defesa pública e apoio do partido não repetia o mesmo calvário dos ministros anteriores que, mesmo assim, acabaram sendo exonerados. "Isso é denuncismo para me tirar. Só saio abatido à bala. E tem que ser bala forte, porque sou pesadão", afirmou ele, irônico.

Os próprios pedetistas reconheceram que Lupi falou demais na entrevista coletiva. "Ele se empolgou com o apoio dos parlamentares", disse o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP). Presidente da Força Sindical, Paulinho nega que o sindicato tenha rompido o apoio dado ao ministério e prometeu que as centrais sindicais vão viajar o país em defesa de Lupi. "Acho que só a CUT não vai", palpitou Paulinho.

No Planalto, a avaliação é semelhante. "Ele conseguiu reunificar o partido e ganhou a primeira batalha jurídica com a declaração do procurador Roberto Gurgel de que não existem indícios do envolvimento pessoal dele nas denúncias. Mas conseguiu, com suas frases, manter as manchetes dos jornais", reconheceu um auxiliar da presidente.

Lupi disse que, até o fim da sua vida — não apenas da sua gestão no ministério — vai lutar para provar que é uma pessoa honrada e que nem ele nem o PDT estão envolvidos em atos de corrupção. "Eu aprendi com o Brizola que as frases dão um sinal muito grande da personalidade humana. E eu não sou um homem apenas de frases", alertou.

Clima tenso
A confiança apresentada pelo ministro na coletiva contrastou com o clima tenso na reunião com as bancadas realizada na sede do PDT, em Brasília. O deputado Reguffe (DF) e o senador Pedro Taques (MT) cobraram que o ministro se licencie do cargo para que as denúncias pudessem ser mais bem investigadas. "As denúncias têm de ser investigadas até o fim e os culpados precisam ser punidos", disse o parlamentar do Distrito Federal. Taques reconhece que não existem acusações diretas contra o ministro. "Mas precisamos apurar", alertou.

Os dois, ao lado do deputado Miro Teixeira (RJ) — que faltou à reunião alegando dores no joelho —, contudo, foram enquadrados pela maioria. "Isso é uma democracia. Eles entenderam que a petição seria o melhor caminho para apurar as irregularidades. Mas eu já tinha pedido a mesma coisa para a PGR. Como fiz o pedido primeiro, o deles foi anexado ao meu", provocou Lupi.

Outro momento de tensão ocorreu quando o deputado Brizola Neto (RJ) resolveu tirar satisfações e cobrou do líder da bancada na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), explicações sobre uma entrevista dada por ele afirmando que "tirando o Brizola Neto, que quer tirar o Lupi para virar ministro da presidente Dilma, todos os deputados confiam no ministro". "Essas declarações não ajudam nada no momento. Eu discordo da forma como o Lupi conduz o partido. Mas exponho minhas opiniões nos fóruns internos do partido", criticou o neto do fundador do PDT.

Brizola Neto reconheceu que a declaração do procurador-geral da República de que as denúncias feitas até o momento não contêm indícios de envolvimento do ministro nas irregularidades "reforçaram o discurso de Lupi perante a bancada". Mas ele discordou das palavras de Queiroz, que chegou a afirmar que, caso a presidente Dilma resolva afastar o ministro, o PDT deixará o governo. Para Brizola, Queiroz foi irresponsável ao fazer essa declaração. "Se o Lupi for afastado, uma possibilidade que eu acho cada vez mais remota, teremos de nos reunir para saber o que fazer. Não estamos no governo por conta de um ministério. Estamos porque temos afinidade com o programa da presidente Dilma", disse Brizola.

Gurgel não vê indícios
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que não há indícios de que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), tenha envolvimento com o suposto esquema de desvio de verbas em convênios da pasta com entidades sem fins lucrativos. "Por enquanto, os elementos dizem respeito a irregularidades em programas do Ministério do Trabalho, mas não apontam, pelo menos neste primeiro momento, o envolvimento direto do ministro", afirmou Gurgel. Três parlamentares do PDT apresentaram representações na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a investigação do suposto esquema de propina no ministério. "Estamos ainda em uma fase de reunir os documentos. Eu não poderia precisar um prazo para esse exame. Estamos em um momento bem inicial das investigações", destacou o procurador.

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(*) BAT MASTERSON (Carlos Gonzaga). E/ou "Terra de Mallboro".
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