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terça-feira, março 20, 2012


Desafios da Rio+20


Autor(es): Carlos Alexandre
Correio Braziliense - 20/03/2012

De 13 a 22 de junho, o Brasil receberá 80 chefes de Estado e representantes de mais de 190 nações com o propósito de estabelecer condições mais favoráveis ao desenvolvimento sustentável. Vinte anos após a Rio-92, o resgate dos princípios estabelecidos pela conferência mundial sobre o meio ambiente significa, mais do que um referendo de intenções, a incômoda constatação de que as questões ambientais permanecem em plano secundário na agenda global. Em duas décadas, há poucas razões para acreditar que problemas relevantes como o aquecimento global, a carência alimentar e acesso a recursos hídricos merecerão tratamento adequado nos próximos anos. As principais economias do mundo terão, a médio prazo, que concentrar esforços para alcançar o equilíbrio fiscal e gerar empregos. Falta espaço para outros elementos nessa equação.

No contexto brasileiro, a Rio+20 também será realizada em um momento delicado. O governo de Dilma Rousseff deu demonstrações que podem ser interpretadas como uma política de crescimento econômico descolada da preservação ambiental. A construção da usina de Belo Monte e a pesada negociação em torno do Código Florestal reforçam a linha desenvolvimentista, que pressupõe a expansão industrial e de serviços como objetivos primários. Se havia algum romantismo em favor da ecologia em 1992, foi enterrado pelo pragmatismo. Some-se a isso a complicada relação estabelecida no Congresso, com as feridas ainda abertas na base aliada, e uma eleição marcada para outubro.

De um ponto de vista mais abrangente, a questão ambiental permanece em situação delicada porque governos têm o velho hábito de atender a outras prioridades. Até o momento que a natureza se encarrega de dar um alerta definitivo. O debate mais relevante em termos ambientais nos últimos meses não ocorreu em virtude de um consenso internacional. Nasceu sob o signo de uma tragédia no Japão. O vazamento nuclear em Fukushima, decorrente do tsunami, provocou uma onda de discussões sobre os perigos dos atuais modelos de produção de energia.

Com esse panorama, é pouco provável que a Rio+20 resulte em mudanças substanciais. Há um risco concreto de se tornar apenas um encontro de notáveis com boas intenções.

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