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terça-feira, abril 17, 2012

CÚPULA DAS AMÉRICAS/BRASIL [In:] POR QUEM OS SINOS DOBRAM (?)



Visão do Correio :: Inclusão de Cuba se impõe

Correio Braziliense - 17/04/2012
 

A 6ª Cúpula das Américas teve encerramento melancólico. Desde 1994, o encontro reúne os presidentes de 30 países do continente. O pomo da discórdia foi Cuba. Excluída do sistema interamericano desde 31 de janeiro de 1962, a ilha dividiu os presentes em dois grupos. De um lado, os defensores da participação de Havana nas próximas reuniões. De outro, os opositores.
A incapacidade de chegar a consenso conduziu a impasse. Resultado: depois de dois dias de debates em Cartagena, o fórum terminou esvaziado, sem declaração final. Os Estados Unidos protagonizaram o bloco dos excludentes. Barack Obama disse que só dará as boas-vindas a uma Cuba livre. Até o momento, segundo ele, Havana não se moveu rumo à democracia.
Bolívia, Argentina, Chile e Venezuela formaram o outro bloco, que reflete consenso latino-americano. O presidente equatoriano boicotou o evento. Rafael Correa afirmou que só compareceria se Cuba fosse convidada. Cristina Kirchner, indignada por o conflito das Malvinas não merecer referência na fala do anfitrião, Manuel Santos, retirou-se antes do encerramento da cúpula.
Dilma Rousseff engrossou o coro dos vizinhos latino-americanos. Na reunião fechada dos líderes presentes, defendeu a readmissão da ilha, que estava vivendo momento muito delicado. Por estar em período de transição, precisava da solidariedade continental. Obama manteve-se intransigente. Em ano eleitoral, não surpreende a posição do presidente americano. Ele teme perder o voto dos imigrantes cubanos, que tem peso considerável na corrida para a Casa Branca.
Talvez nem Barack Obama ignore o realismo das palavras da mandatária brasileira. Se o mundo quer uma Cuba democrática, precisa incluí-la no sistema. Havana, depois do fim da União Soviética, perdeu o apoio que a ajudava a manter as instituições e a satisfazer as necessidades básicas da população. O bloqueio dificulta o intercâmbio comercial. Pressionados, os irmãos Castro têm dado passos tímidos em direção à abertura econômica. Entre eles, o incentivo ao turismo, a aquisição de celulares e a permissão de compra e venda de casas e carros.
Falta, é verdade, liberalização política. O isolamento de meio século provou que a exclusão não é a receita para a recondução do país ao regime de franquias democráticas. Foi pelo envolvimento, não pela marginalização, que o Muro de Berlim caiu, há duas décadas. Abrir fronteiras, explorar toda brecha para que a informação e as ideias circulem — esse o caminho mais breve para minar o autoritarismo pelos alicerces.
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