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segunda-feira, julho 02, 2012

O MUNDO DE PINÓCHIO

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A cultura da mentira

Autor(es): Rubem Azevedo Lima
Correio Braziliense - 02/07/2012

Maluf disse que ele, perto de Lula, é comunista. Acontece que nem ele nem Maluf são comunistas. Ambos, porém, cultuam a mentira política. São daqueles que prometem mundos e fundos para agradar os eleitores. No caso, para se mostrar menos conservador, Maluf disse o que disse.
Por sua vez, Lula, nas manifestações políticas iniciais, foi menos audacioso em suas ações, no PT, a ponto de o general Golbery apoiar, na moita, a criação desse partido, como contraponto ao comunismo no Brasil.
Na primeira eleição presidencial que Lula disputou, pelo PT, contra FHC, suas considerações ideológicas não assustaram o status quo pós-regime militar. Eleito FHC, Lula liderou a reação petista contra a reforma da Previdência Social desse governo, para cobrar impostos dos aposentados. O Congresso rejeitou a iniciativa governamental.
Eleito Lula presidente da República, o que primeiro ele fez foi aprovar o desconto de 11,5% das pensões previdenciárias. Assim era Lula. Até o ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que apoiara a candidatura presidencial de Lula, não resistiu. Nos programas partidários do PDT, pela tevê, ele condenou Lula por ter punido os "velhinhos e as velhinhas da Previdência".
Tais episódios aconteceram quando o PT, na oposição, agia sempre na linha do programa partidário, opondo-se a políticos como Maluf e outros, em São Paulo, berço do PT.
Os programas de Maluf sempre foram seus interesses políticos, o que levou o povo paulista a transformar seu nome em verbo, com péssima significação. Um pouco do sentido popular desse fato, queiram ou não queiram os petistas, começa a tisnar a imagem até então invulnerável, de super-homem moral de Lula, criador de despesas incríveis em seu governo, como revelou Sardenberg em O Globo de 28 de junho, uma devastação de recursos, de vários bilhões de reais.
Por isso, devia caber a qualquer escudeiro de Lula, como Grilo, escudeiro do Jacinto, de Eça de Queirós, que resumiu: "Sua Excelência brotou: Lula, perdão, Jacinto, não é mais Jacinto, ponto final".
O povão que se acostume a mudanças dele, ao aliar-se a Maluf, desdenhando, de vez, o passado do PT, os petistas honrados e seus fiéis fichas limpas, não os sujos, que hoje talvez aceitem o novo Lula.
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