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quinta-feira, dezembro 20, 2012

A NUDEZ REAL



PROCURADOR DIZ QUE VALÉRIO ENTREGOU DOCUMENTOS

PROCURADOR DIZ QUE ‘NADA DEIXARÁ DE SER APURADO’ SOBRE DEPOIMENTO DE VALÉRIO


Autor(es): Mariângela Gallucci
O Estado de S. Paulo - 20/12/2012
 

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, confirmou ontem que o empresário Marcos Valério entregou “poucos” documentos e dois comprovantes de depósito ao Ministério Público Federai (MPF). O material diz respeito às novas denúncias do empresário, reveladas pelo Estado e que envolvem o ex-presidente Lula no esquema do mensalão. A documentação, segundo Gurgel, será avaliada e “nada deixará de ser investigado”. O procurador-geral, porém, pede cautela. “Com muita frequência, Marcos Valério faz declarações que ele considera bombásticas. E, quando nós vamos examinar e profundidade não é bem isso", disse. Como Lula não tem mais foro privilegiado, a investigação de sua participação no esquema ficaria com o MPF. Gurgel pediu ontem a prisão imediata dos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no mensalão. De plantão, o presidente Joaquim Barbosa já havia dito que vai examinar o pedido

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que "nada deixará de ser investigado" ao ser questionado sobre acusações do suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lu­la da Silva com o esquema do mensalão. Gurgel confirmou ter recebido documentos do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, no depoi­mento no qual disse que di­nheiro do valerioduto pagou despesas pessoais de Lula e que o ex-presidente deu aval para empréstimos que irriga­ram o esquema.
Gurgel afirmou que vai tomar providências para investigar o que for necessário em relação às declarações de Valério, cujo teor foi revelado na semana pas­sada pelo Estado. O procura­dor-geral disse que, se houver algo a ser investigado em rela­ção a Lula, o assunto será enca­minhado ao Ministério Público Federal que atua na primeira instância, no Distrito Federal ou em São Paulo. Ao deixar a Presidência da República, no fim de 2010, Lula deixou de ter direito a foro privilegiado no Su­premo Tribunal Federal.
"Quanto especificamente ao presidente Lula, eventual investi­gação já não compete ao procura­dor-geral da República, já que o ex-presidente não detém prerro­gativa de foro", disse Gurgel.
Embora tenha dito que vai ana­lisar o conteúdo do depoimento de Valério, o procurador levan­tou algumas dúvidas sobre as de­clarações. "Com muita frequên­cia, Marcos Valério faz referên­cia a declarações que ele conside­ra bombásticas. E quando nós va­mos examinar em profundida­de, não é bem isso."
Depósitos.
O procurador disse que Valério prestou um único de­poimento ao Ministério Público Federal, em setembro. "Ele en­tregou alguns documentos, mui­to poucos, e esses documentos agora serão avaliados para que se possa tomar as providências necessárias à apuração." Segun­do Gurgel, o empresário entre­gou dois comprovantes de depó­sito. "Isso tem que ser avaliado, quem são os beneficiários des­ses depósitos, em que contexto isso foi feito."
O depoimento de Valério foi prestado em 24 de setembro. Na ocasião, além de apontar o envol­vimento de Lula no esquema de compra de apoio ao governo no Congresso, o operador do mensalão disse ter sido ameaçado de morte por Paulo Okamotto, dire­tor do Instituto Lula e amigo pes­soal do ex-presidente. "Tem gen­te no PT que acha que a gente devia matar você", teria dito Oka­motto a Valério.
Gurgel disse que preferia espe­rar a conclusão do julgamento do mensalão para começar a aná­lise das declarações de Valério. Entre o depoimento, dado por iniciativa do empresário depois de ter sido condenado pelo Su­premo, e o fim do processo, na segunda-feira, passaram-se qua­se dois meses. "Concluído o jul­gamento, agora eu vou sim anali­sar o depoimento e serão toma­das as providências, enfim, que são cabíveis para completa investigação de tudo que demande apuração", declarou Gurgel.
No julgamento do mensalão, que durou quatro meses e meio, o procurador-geral teve grande êxito. Ele conseguiu convencer o STF a condenar 25 dos 37 réus do processo. Desses, 11 condena­dos - entre os quais o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu - foram punidos com penas que devem começar a ser cumpri­das em regime fechado. Os réus também foram condenados a pa­gar multas que, em alguns casos, superam os R$ 2 milhões.
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