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Cada vez mais longe da autossuficiência em combustíveis, Brasil gastou US$ 3 bi para trazer gasolina do exterior no ano passado
A gasolina foi a grande vilã da balança comercial de petróleo e derivados em 2012, segundo dados recém-divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Apesar de o gasto maior continuar sendo com o óleo diesel, em 2013, o País teve uma despesa recorde com a importação de gasolina. Foram gastos US$ 3 bilhões para comprar 3,8 bilhões de litros do combustível no exterior, o maior volume da série de dados da agência, iniciada em 2000. Também os gastos foram os maiores já registrados, 82% superiores aos de 2011.
Autossuficiência.
Diante da incapacidade de produzir mais derivados de petróleo, o Brasil vê distanciar-se ano a ano o sonho da autossuficiência. Com a descoberta do pré-sal, o então presidente Luis Inácio Lula da Silva comemorou, dizendo que um futuro próximo o Brasil participaria do seleto grupo dos grandes exportadores mundiais. Mas as projeções desmoronaram à medida que os planos de aumento da produção de petróleo não se concretizaram e as refinarias planejadas não saíram do papel, disse o especialista em petróleo e derivados da consultoria Tendências, Walter De Vitto.
O cenário deve melhorar com a entrada em operação da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, em 2014, segundo a previsão da Petrobrás. Ainda assim, o aumento de capacidade não será suficiente para cobrir o crescimento da demanda e o País tende a continuar importando, afirmou.
Pelas contas do diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIEE), Adriano Pires, o Brasil importa 11% do combustível consumido. A balança comercial do grupo de combustíveis e lubrificantes é deficitária em US$ 9 bilhões - considerando um gasto com importação de US$ 35,3 bilhões e receita com exportação de US$ 26,2 bilhões, segundo dados da especialista em comércio exterior do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Lia Valls.
Já a balança comercial do óleo bruto de petróleo foi superavitária em US$ 7 bilhões - com uma importação de US$ 13,4 bilhões e exportação de US$ 20,4 bilhões.
Essa conta, no entanto, não revela a realidade, disse Pires. Alguns dados dos últimos meses do ano passado só aparecerão nas estatísticas de 2013, uma vez que a Petrobrás tem 50 dias para informar os seus números, seguindo norma da Receita Federal do ano passado.
Petrobrás.
O retrato da balança comercial brasileira de petróleo e derivados no ano passado é negativo para a Petrobrás, que paga a conta da importação, disse Vitto.
Além da dificuldade em expandir a capacidade de refino, a estatal foi prejudicada pelo aumento de preço do etanol, resultado de uma safra ruim, e consequente aumento do consumo da gasolina nos carros do tipo flex - que podem usar álcool ou gasolina.
A despesa com a importação de gasolina é crescente desde 2010 - tendo passado de US$ 70,6 mil em 2009, para US$ 285 milhões em 2010 e US$ 1,6 bilhão em 2011. Mas, desde 2005, o País não importava o combustível continuamente, mês a mês, sem interrupção e em grandes volumes, como no ano passado. Em 2012, foram adquiridos no mercado internacional 73% mais gasolina do que em 2011.
O auge da importação foi registrado no mês de novembro, com 640 milhões de litros, embora a maior variação em um mês em comparação a igual mês do ano anterior tenha ocorrido em janeiro, quando foram importados 314,5 milhões de litros, em comparação a 1 mil litros adquiridos em janeiro de 2011.
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