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sexta-feira, abril 05, 2013

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA: O IPI COMO ''MÃO ÚNICA''

05/04/2013
Montadoras dependem do anabolizante tributário


A indústria automobilística mostrou resultados expressivos em março e espera um crescimento da produção de 4,5% em 2013, segundo o presidente da associação das montadoras (Anfavea), Cledorvino Belini. O que está em questão é se o quarto maior mercado do setor no mundo precisa de estímulos tributários para continuar produzindo, vendendo seus produtos e abarrotando o sistema viário.

Os números de março, distribuídos ontem pela Anfavea, são indicativos de uma distorção. A produção aumentou 39,2%, em relação a fevereiro, e 3,4%, em relação a março de 2012, mas os licenciamentos (ou seja, as vendas para os consumidores finais) evoluíram bem menos (respectivamente, +20,8% e -5,5%).

O resultado foi um aumento dos estoques nas montadoras e concessionárias, que passaram de 310,3 mil veículos, em fevereiro, para 330,5 mil, em março. Isso se explica por que, enquanto havia dúvida sobre a alíquota de IPI (que deveria aumentar), a indústria produziu mais. Mas no final do mês, quando já se prenunciava a prorrogação da redução do IPI (anunciada pelo ministro da Fazenda dia 30/3), consumidores adiaram a decisão de compra. A Anfavea admitiu que esperava um comportamento melhor das vendas de veículos em março. A entidade parecia prever que a regra do IPI fosse mantida.

Os argumentos do governo para manter os privilégios tributários são o peso do setor automobilístico na produção industrial e a geração de empregos. Entre fevereiro e março houve um pequeno recuo no número de empregados nas montadoras, de 152 mil para 151,9 mil, mas, em relação a março de 2012, esse número aumentou 4,8%. O benefício do IPI de fato fortalece o emprego nas montadoras. Os empregados do setor conquistaram situação de privilégio em relação aos das indústrias que não recebem incentivos fiscais.

O comportamento do mercado automotivo sugere a existência de outras distorções. Por exemplo, na comparação entre os meses de março de 2013 e 2012, houve uma queda de 26,9% na produção de motocicletas, segundo a entidade dos fabricantes (Abraciclo). A retração foi de 25,1% entre os primeiros trimestres do ano passado e deste ano.

Mais do que flutuações mensais do mercado de veículos leves, o aumento das vendas internas no atacado de máquinas agrícolas e automotrizes - de 18% entre fevereiro e março e de 29,6% entre os primeiros trimestres de 2012 e 2013 - é um fato positivo, indicando a disposição de investir.
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