Campos agora fala em 'aposentar raposas'
Política está mofada, diz governador, aliado de uma dezena de partidos em PE
-SALVADOR E NOVA YORK-
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência da República, classificou ontem a política brasileira como "mofada, cansada, atrasada" e disse que está na hora de aposentar as "raposas que já estão enchendo a paciência do povo brasileiro".
Campos deu entrevista, por telefone, à Rádio Metrópole de Salvador.
— Chegou a hora de a gente aposentar um bocado de raposas. (Elas) Têm de ir para casa para o Brasil seguir em frente e continuar mudando — disse Campos, que conta desde sábado com o apoio de Marina Silva.
O governador, porém, não citou quais seriam as raposas a que se referia. Disse que tem consideração e amizade pelo ex-presidente Lula (PT) e pelo senador Aécio Neves, pré-candidato tucano à Presidência, que, segundo ele, fazem um tipo de política que ele, Campos, diz que não quer mais fazer.
— As figurinhas são as mesmas, as mesmas cabeças, só pensam nas casquinhas, nos políticos debaixo do braço para empregar alguém que não arruma emprego na iniciativa priva -da para atrasar a vida do povo.
O povo está querendo eficiência, mudança. Essa política é analógica, e a população está na era digital, não aguenta mais conversa, não, quer velocidade — disse Campos.
Ao ser indagado sobre a frase atribuída a Lula de que a aliança com Marina Silva teria sido um "soco no fígado" Campos disse que sua intenção "não foi dar soco em ninguém" mas "construir um caminho para animar a vida pública brasileira".
Em relação ao fatiamento de governos motivado pelas alianças partidárias, o pré-candidato do PSB, que abriga mais de uma dezena de partidos no governo de Pernambuco, disse que essa prática estaria "vencida";
— Não é nenhum preconceito com a política (atual). Já vi o mar encher e o mar secar. Você só tem sustentação parlamentar se você tem sustentação nas ruas — admitiu.
AÉCIO: VIGOR PARA OPOSIÇÃO
Já em Nova York, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse ontem que a aliança entre Campos e Marina indica que o ciclo do PT no governo pode estar chegando ao fim, e que "a campanha deixará de ter o maniqueísmo que sempre atendeu muito aos interesses do Partido dos Trabalhadores".
Em entrevista, antes de palestra num seminário promovido pelo banco BTG Pactuai, Aécio afirmou que o acordo "traz vigor à oposição" e é, sobretudo, um atestado da vulnerabilidade do atual governo.
—Acho que é uma demonstração clara da fragilização desse modelo que está aí, que nos tem levado a um crescimento pífio ao longo dos últimos anos, com a inflação voltando a crescer ea estagnação dos nossos indicadores sociais. A presença tanto de Eduardo como de Marina no campo oposicionista deve ser saudada por nós como algo que prenuncia o fim desse ciclo de governo do PT — declarou.
Quinze dias depois de a presidente Dilma Rousseff fazer uma palestra em Nova York para acalmar investidores estrangeiros, a convite do Goldman Sachs, Aécio adotou um discurso bem diferente. Em tom de campanha diante de uma platéia de mais de 500 investidores — metade composta de brasileiros , ele focou a sua retórica nos desafios que o Brasil enfrenta para "voltar a ser uma nação confiável, sobretudo para o investimento privado".
adicionada no sistema em: 09/10/2013 03:32 |
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