Caso Alstom: lobista pagava propina a autoridades em SP
MP investiga corrupção no Metrô durante governos tucanos
Germano Oliveira
-São Paulo-
O Ministério Público de São Paulo está convencido de que o lobista Arthur Gomes Teixeira era o pagador de propinas a autoridades dos governos tucanos de São Paulo de 1997 a 2007, período em que a Alstom e a Siemens, além de outras 16 empresas, teriam realizado obras superfaturadas do Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
O pagamento da propina seria feito pelo lobista em contas numeradas na Suíça, como aconteceu com o ex-diretor de Operações e Manutenção da CPTM João Roberto Zaniboni, que recebeu, entre 1999 e 2003, US$ 836 mü em uma conta do Credit Suísse, em Genebra.
Além disso, a PF e o MP têm documentos, do Ministério Público da Suíça, mostrando que o ex-presidente da Alstom, José Luiz Alquéres, recomenda que os diretores da empresa "utilizem" os serviços do lobista Arthur Teixeira. Em e-mails publicados ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo" o ex-presidente da Alstom afirma ainda que tinha "bom relacionamento" com os governantes tucanos, citando o governador Geraldo Alckmin e o ex-prefeito Jose Serra. Ambos conhecem Alquéres, mas negam que tenham falado com ele sobre negócios.
— Nós recomendamos que a Corre-gedoria Geral da Administração faça investigação rigorosa, doa a quem doer, pode ser funcionário, ex-funcionário, quem for. Não vazamento seletivo, mas informação séria, apuração rigorosa, buscando a verdade, se houve algum prejuízo ao estado, o ressarcimento e a punição dos envolvidos — disse ontem o governador Geraldo Alckmin.
Ontem, os promotores paulistas disseram não ter mais dúvidas de que o elo entre a Alstom e a Siemens com os diretores de estatais paulistas que superfaturaram obras e receberam propinas das empresas é mesmo o lobista Arthur Gomes Teixeira. Ele, que tem escritório na Alameda Santos e casa de praia em São Sebastião, está sendo investigado.
— Não há mais dúvidas de que Teixeira é o elo da Alstom/Siemens com os diretores das estatais paulistas que receberam propinas. Há dez dias recebemos documentos do Ministério Público da Suíça que mostram essa ligação, mas ainda é cedo para concluir a investigação — disse ao GLOBO um dos promotores do MP de SP.
A Procuradoria do estado destacou uma força-tarefa para investigar o caso, com dezenas de promotores dos departamentos de Patrimônio Público, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Procuradoria da República. Os promotores abriram 48 inquéritos para apurar os superfaturamen-tos de obras do governo paulista de 1997 a 2007, envolvendo secretários de estado e funcionários dos governos tucanos.
SERRA DIZ NÃO TER RECEBIDO ALQUÉRES
O Ministério Público informou que os documentos sobre as irregularidades nos contratos e os pagamentos feitos no exterior reforçam a tese de que Arthur Teixeira seria mesmo o elo das empresas que superfaturaram obras no governo paulista e que, paralelamente, pagaram propinas a dezenas de funcionários das estatais paulistas do setor de transportes.
O ex-govemador Serra disse, por meio de sua assessoria, que conhece Alquéres, mas nunca o recebeu quando era presidente da Alstom e que, como governador, nunca tratou com ele sobre negócios da CPTM ou do Metrô. Diz que o assunto é anterior à posse na prefeitura e que a prefeitura de São Paulo não realizava compra de materiais produzidos pela Mafersa. O ex-govemador lembra que a Alstom absorveu a Mafersa nos anos 90.
adicionada no sistema em: 25/10/2013 01:18 |
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