Réus estão em ala da PF na Papuda
Um dos presos dormiu em colchão no chão; advogados criticam transferência para Brasília
ANDRÉ DE SOUZA
EVANDRO EBOLI
BRASÍLIA -
Os nove condenados do mensalão encaminhados ao Complexo Penitenciário da Papuda foram alojados em uma ala reservada para a Policia Federal, onde há quatro celas. Eles ocupam duas celas, cada uma com quatro camas. Por isso, um dos condenados teve que dormir em um colchão no chão. É lá que estão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o operador do mensalão Marcos Valério; os ex-sócios do operador do mensalão Cristiano Paz e Ramon Hollerbach; o ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado, o ex-tesoureiro do antigo PL (atual PR) Jacinto Lamas e o ex-deputado federal Romeu Queiroz (PTB MG) Eles não têm contato com os demais presos do complexo.
Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do antigo PL, passou a noite em uma cela com outros três condenados. Seu advogado, Délio Fortes Lins e Silva, afirmou que entrará com um pedido de habeas corpus no STF para tentar a liberdade de Lamas, condenado a cinco anos no regime semiaberto. —
Lá (na Papuda) está um absurdo. Eles foram condenados no regime semiaberto e estão cumprindo pena em regime fechado. É um absurdo isso. O ministro Joaquim Barbosa viajou para o Rio e não aprecia os pedidos da defesa sobre isso — disse Délio. — O juiz da Vara de Execução Penal (Ademar Vasconcelos) diz que não pode apreciar os recursos porque, para ele, os réus não existem porque Barbosa mandou prender e nem sequer a carta de sentença enviou.
Então, por melhor que estejam lá, estão num regime mais gravoso. É absurdo! A declaração de Lins e Silva foi dada antes de saber que a carta de sentença havia sido entregue. No entanto, o juiz da Vara de Execução Penal informou que não analisaria a carta ontem. Os advogados criticaram ainda decisão de Barbosa, de transferi-los para Brasília e anunciaram que entrarão hoje com petições para que voltem para suas cidades de origem e fiquem no regime semiaberto.
Advogados de cinco dos sete condenados com residência em Minas disseram que discordam da remoção dos clientes de Belo Horizonte para o Distrito Federal. Hermes Guerrero, advogado de Ramon Hollerbach, disse que na Polícia Federal na capital mineira o tratamento foi digno e respeitoso: — Apesar de todas as deficiências da estrutura da Polícia Federal, em Belo Horizonte, foi permitido que a família levasse colchonete, sabonete, enfim, o mínimo.
O tratamento tanto dos delegados como dos agentes foi muito digno e respeitoso. José Luis de Oliveira, advogado de Dirceu, também criticou Barbosa: — Nunca na sua história o Supremo presidiu uma execução criminal. Nos salta aos olhos que o juiz da Vara de Execuções não tenha recebido a carta de sentença. É inadmissível. Uma ilegalidade. Para Marcelo Leonardo, que representa Valério e Romeu Queiroz, a transferência dos condenados “foi uma despesa absurda, inútil e ilegal, ofensiva ao direito da pessoa humana”.
O advogado Castelar Guimarães Neto, que defende Cristiano Paz, informou que vai pedir a transferência para BH. Hoje, ele irá ao gabinete de Barbosa para solicitar uma cópia da decisão e decidir a que autoridade deverá encaminhar o pedido.

adicionada no sistema em: 18/11/2013 01:39 |
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