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sexta-feira, março 02, 2007
ENTREVISTA: PAULO MALUF [in] "LULA MALUFOU"
(Agora como deputado, o velho político diz que o presidente está à sua direita e promete brigar com o Ministério Público).
A voz anasalada é a mesma. As frases de efeito, sempre viscerais, também. Mas Paulo Maluf é uma nova pessoa com 75 anos de idade. Em sua vida pública foi prefeito de São Paulo duas vezes, governador uma e candidato derrotado outras sete. Amargou 40 dias numa cela da Polícia Federal, e volta à política como deputado federal com 739 mil votos. Maluf chega a Brasília mais sereno e esbanjando bom humor. Está feliz com as obras – as de Lula. Afinal, segundo Maluf, tudo o que sonhou fazer se um dia fosse eleito presidente (um acalento que jamais será realizado, conforma-se), seu velho adversário Lula agora está realizando. Lula faz – e faz melhor do que Maluf, admite. “O Lula está mais malufista do que eu”, ironiza.
ISTOÉ – O sr. voltou à política falando bem do presidente Lula e até o visitou no Palácio. O Maluf lulou? Paulo Maluf – Não. O Lula é que malufou. Ele está aderindo às minhas idéias. Na festa dos 30 anos da ISTOÉ, o Lula disse que quem na juventude é socialista está certo e quem depois dos 60 anos continua com as mesmas idéias tem que procurar um psiquiatra. Ele caiu na real e hoje defende as idéias do Paulo Maluf quando foi candidato à Presidência há 15 anos. E defende as idéias liberais com mais ardor do que eu. Ele escuta mais o Delfim Netto, meu companheiro de 47 anos, do que o PT. Hoje ele está à minha direita. O Lula é mais malufista que eu.
ISTOÉ – Seus eleitores, adversários históricos do PT, aceitam sua aliança com o governo? Maluf – Eles precisam entender que não há terceiro turno. O Lula ganhou no segundo turno e acabou. Tenho 13 netos. Aqui dentro do meu coração, se eu puder ajudar o governo a acertar, não estarei ajudando o Lula, mas meus netos e os milhões de netos que estão aí. Mas, naquilo que ele estiver errado, ele pode ter a convicção de que não me dobra.
ISTOÉ – Como o sr. avalia o Brasil na era Lula? Maluf – O Brasil de hoje está melhor do que o de cinco anos atrás. Mas não está melhor que a China ou a Índia de cinco anos atrás. O Brasil progrediu, mas minha angústia é que a velocidade do crescimento brasileiro não vai fazer o Brasil chegar aonde nós gostaríamos. Há 20 anos éramos a oitava potência industrial do mundo. Hoje somos a 14ª.
ISTOÉ – E o Plano de Aceleração do Crescimento?Maluf – Vai dar certo, mas é muito tímido. Ele se propôs a crescer 4,5% ao ano. Vai conseguir, mas isso me entristece. A minha proposta, quando eu fui candidato a presidente da República, era crescer 9% ao ano. Se o Lula prosseguisse com as reformas, como a da Previdência, se reduzisse os gastos públicos, chegaria a 7%. Mas ninguém quer fazer os sacrifícios, nem o Executivo, nem o Legislativo, nem o Judiciário.
ISTOÉ – No seu discurso de estréia na Câmara, o sr. pregou a estatização do Banco Central. O que isso significa? Maluf – Você tem que fazer um governo para o povo ou para algumas instituições do povo. Mas aí vieram dois governos de esquerda, o FHC e o Lula, que defenderam os banqueiros com tanto fervor que agora me sinto comunista. O Banco Central do Henrique Meirelles faria até o saudoso Roberto Campos se envergonhar. Ninguém é contra um banqueiro. Certa vez eu era o tradutor de uma conversa entre o David Rockefeller, presidente do Chase-Manhattan Bank, e o Amador Aguiar, do Bradesco. E o Rockefeller, que tinha o segundo maior banco do mundo, disse: “Amador, estou com ciúmes de você quando vejo seus balanços.” Porque nos Estados Unidos você aplica um dinheiro a 5% ao ano e o banco lhe empresta a 8% para você comprar uma casa. Então o spread é 3 pontos. Aqui você põe no banco a 12% e no cartão de crédito ele te cobra 200%. Um banco lá fora, para ter um lucro de US$ 3 bilhões, como têm o Itaú e o Bradesco, precisa ser 20 vezes maior. Lembro que o saudoso Roberto Campos nunca defendeu banqueiros.
ISTOÉ – O Lula, quando falava de malufar, sempre dava uma conotação de corrupção e de clientelismo. Depois de tantos escândalos no governo e no PT, como o do mensalão, o sr. se sente vingado? Maluf – O Delfim fala com muito gosto que eles fizeram tudo aquilo que pensavam que nós fazíamos. Eles nos acusavam de tudo. Repare nessa história do mensalão. Quando fui prefeito de São Paulo, dos 55 vereadores eu tinha 28. Com a maior dificuldade eu tinha a metade mais meio. Já a dona Marta Suplicy chegou a ter 70% da Câmara. Quais encantos ela usou para isso?
ISTOÉ – O sr. está acusando Marta Suplicy de ter corrompido vereadores? Maluf – Não tenho provas, mas alguns vereadores do meu partido saíram para formar a base de apoio do PT. Sempre me pergunto quais são os encantos outros que a Marta tem, a não ser a oferta de cargos e de empregos para parentes. Quando fui governador, tinha a metade da Assembléia. Eram 79 deputados e eu tinha exatamente 40. Era uma briga cada vez que precisava aprovar um projeto de lei. O Mário Covas apareceu, apareceu o Geraldo Alckmin, agora o José Serra. São 94 deputados, eles têm 70 na base de apoio. Eu não sei qual é o encanto deles. Só pode ser a explicação do Delfim, que eles fazem tudo aquilo que eles pensavam que nós fazíamos.
ISTOÉ – O sr. enriqueceu com a política? Maluf – Fiquei menos rico. Continuo, graças a Deus, com independência financeira. Se amanhã, vamos supor, eu quisesse comprar um apartamento em Nova York, eu faria um cheque em dois minutos e compraria um bom apartamento lá. Agora, quando perguntam se tenho apartamento em Nova York, eu digo que tenho dez mil. São dez mil quartos que estão à disposição, é só você telefonar e reservar. Você tem que facilitar a vida. Para mim é simples: se eu quiser passar uns dias em Paris, pego um apartamento por uma semana no Plaza Atenée. (IstoÉ Online; Hugo Marques, Hugo Studart).
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