As investigações que resultaram na “Operação Furacão”, deflagrada na última sexta-feira (13), revelaram que a infiltração da máfia do jogo carioca não se limita ao Judiciário, ao Ministério Público e à polícia. Chega também ao Legislativo. O inquérito da Polícia Federal, ao qual o blog teve acesso parcial na noite desta terça-feira (17), informa que parte do dinheiro sujo do jogo irrigou o caixa dois da campanha de 2006. A PF atribuiu a Ailton Guimarães Jorge, conhecido no mundo da contravenção como capitão Guimarães, o comando do “esquema de contribuição para campanha.” Além de barão do jogo, Guimarães é presidente da Liga da Escola de Samba do Rio de Janeiro. O inquérito menciona como suposta beneficiária do caixa dois do jogo a deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ). Não há na parte do processo folheada pelo repórter nenhuma menção a cifras. Há, porém, a transcrição de um diálogo telefônico captado em agosto de 2006 por meio de escuta telefônica. De um lado, estava o agente da Polícia Civil do Rio Marcos Antonio dos Santos Bretas, conhecido na corporação como Marcão. Do outro, encontrava-se outro policial civil, identificado pela PF como Fernando “Salsicha”. Segundo as conclusões expostas pela PF no inquérito, Marcão agiu como preposto da máfia do jogo. Salsicha seria o intermediário da então candidata Marina Maggessi, ela própria inspetora licenciada da polícia civil carioca. A certa altura da conversa, bisbilhotada pela PF com autorização judicial, Marcão informa: “Está entregue.” E Salsicha: “Tu é bom mesmo!” . Ao reproduzir o diálogo, a PF dá a entender que a deputada do PPS acompanhava Salsicha no instante em que ele falava ao telefone. “Nesse momento”, diz um trecho da papelada do inquérito policial, “Marina Maggessi, que está ao lado de Fernando, manda esse mandar um beijo para Marcão.” O blog tentou ouvir Marina Maggessi na noite desta terça. Não conseguiu. Localizou, porém, uma assessora do gabinete mantido pela deputada na Câmara. Ela comprometeu-se a intermediar o contato com a parlamentar. O repórter forneceu o telefone. Mas nem a deputada nem a auxiliar dela telefonaram de volta. A PF anota no processo que a máfia do jogo injetou recursos nas campanhas de “outros candidatos a cargos políticos nas eleições de 2006”, sempre sob os auspícios do Capitão Guimarães. Na parte do inquérito que foi consultada pelo blog, porém, não há menção a nenhum outro nome. Escrito por Josias de Souza, Folha Online.
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