Gravações revelam ação da máfia das obras para incluir 6 projetos no PAC.
A Operação Navalha interrompeu, segundo a Polícia Federal, um esquema de corrupção que estaria em curso para incluir no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) uma série de obras não previstas no projeto original. Os grampos das conversas telefônicas exibem o intenso esforço de Flávio Henrique Candelot, funcionário da Construtora Gautama, para conseguir alterar locais previstos para obras ou incluir novos empreendimentos no PAC.Segundo a PF, houve negociações em torno de pelo menos seis obras em São João de Meriti (RJ), Maceió (AL), Camaçari (BA) e nos Estados do Amapá e Piauí. A Gautama já participa da licitação para as obras da transposição do Rio São Francisco.O avanço da máfia das obras sobre o PAC se explica: lançado em 22 de janeiro, é o carro-chefe do segundo mandato do governo Lula e prevê investimentos de R$ 503,9 bilhões até 2010. Só em recursos diretos da União, serão R$ 113,8 bilhões.Em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, o objetivo da Gautama era incluir as favelas de Parque Juriti e Morro do Pau Branco na série de obras de urbanização do programa. Em Maceió, Candelot não conseguiu a inclusão da macrodrenagem do Tabuleiro do Martins, que está paralisada por causa de uma série de irregularidades. Segundo a PF, Rodolpho Veras, filho do dono da Gautama, Zuleido Veras, “conversam sobre a necessidade de novas obras da Prefeitura de Camaçari no PAC e a necessidade de elaborarem um plano de trabalho”, que “deverá ser aprovado pelo Ministério das Cidades e pela Caixa Econômica Federal”. A área que mais interessava à máfia das obras era a que o governo federal intitulou de “infra-estrutura social e urbana”, onde serão investidos R$ 170,8 bilhões até 2010. Só para saneamento, uma das especialidades da Gautama, serão destinados R$ 40 bilhões. Outra área de cobiça, a de infra-estrutura hídrica, terá R$ 12,6 bilhões.É nessa rubrica que está a principal obra do PAC, a transposição do Rio São Francisco - empreendimento de R$ 6 bilhões. No início do mês, a Gautama candidatou-se na licitação para um dos 14 lotes, no valor de R$ 275 milhões. O resultado da disputa deverá ser anunciado em agosto.Em Camaçari (BA), de acordo com a PF, a Gautama já negociava pagamento de propinas para vencer uma licitação no valor de R$ 11,5 milhões. As conversas mostram também o interesse da construtora em ampliar as obras do PAC no Amapá e Piauí, mas não indicam quais seriam esses empreendimentos.A Controladoria-Geral da União (CGU) estuda uma saída jurídica para declarar a Gautama inidônea, o que impediria a construtora de participar das licitações do PAC ou de outra obra pública com verbas federais. “Estamos estudando com base na Lei 8.666, a Lei de Licitações. Estudando se a declaração de um ministério, por exemplo, geraria efeito para todas as nova licitações”, explicou o controlador-geral, Jorge Hage. Estadão. Luciana Nunes Leal, BRASÍLIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário