Lula diz que não se pode prejulgar Renan.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (25) desconhecer o conteúdo de reportagem da revista "Veja" sobre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Mesmo assim, preferiu cautela e disse que "é preciso dar a chance ao acusado de prestar explicações".
Na reportagem da edição que chega às bancas nesta sexta (25), "Veja" informa que o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, paga contas do presidente do Senado. Segundo a revista, Gontijo pagava o aluguel de um apartamento em Brasília para o senador, no valor de R$ 4,5 mil, e uma pensão de R$ 12 mil para a filha de 3 anos com a jornalista Mônica Veloso.
"Aprendi nesse período todo que pobre de quem fizer o julgamento de uma pessoa por uma matéria [reportagem]. Essas coisas têm que ter um processo, têm que ter uma investigação, têm que ter a chance daquele acusado de prestar as explicações", afirmou o presidente ao final do almoço oferecido no Itamaraty ao colega do Panamá, Martín Torrijos. Lula afirmou também que conversou com o senador do PMDB na quinta (24) e na quarta-feira (23) e disse que "Renan está tranquilo". Nesta sexta, Renan esteve numa audiência, em uma vara de família, em Brasília, discutindo detalhes da pensão que paga à jornalista Monica Veloso, com quem tem uma filha. A audiência terminou por volta de 14h45. Renan deixou o local cercado por seguranças, acenou aos jornalistas, entrou em um elevador e foi embora sem conceder entrevista.
A construtora Mendes Júnior nega responsabilidade sobre eventuais pagamentos feitos para Renan. "Sobre os pagamentos mencionados, não existe, nem nunca existiu, qualquer participação da Mendes Júnior", afirma o texto de nota divulgada pela empresa nesta sexta.
"Neste momento, prefiro crer que aquilo não seja verdade, até porque não há nenhum elemento para algum tipo de avaliação", afirmou sobre o episódio o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Chinaglia disse esperar uma manifestação de Renan. "Nós não conhecemos os fatos, ali tem assuntos pessoais. Creio que não cabe opinar sobre tais condicionantes. E evidentemente o senador Renan vai se pronunciar de alguma forma, imagino", afirmou. "Todos nós temos que estar à altura de nossa responsabilidade", ressaltou.
A relação política entre Chinaglia e Renan se restringe à cordialidade dentro do Congresso. Isso porque o presidente do Senado trabalhou a favor da candidatura à reeleição de Aldo Rebelo (PC do B-SP), adversário do petista na disputa pela presidência da Câmara em fevereiro. Desde então, Chinaglia não fez esforços para se aproximar de Renan, e o contato entre os dois se limita a encontros oficiais em solenidades dentro e fora do Congresso.
G1, Brasília, Tiago Pariz e Leandro Colon.
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