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terça-feira, junho 05, 2007

LULA & ALENCAR: EM PÚBLICO, "JURAMENTOS"

Na ausência de Lula, Alencar volta bater nos juros.

Quando o assunto é taxa de juros, a melhor maneira de entender o que se passa na cúpula do governo é estabelecer uma analogia entre o Palácio do Planalto e aquele grupo musical que já fez sucesso no passado, o Tchan. Embora se declarasse unido, o Tchan convivia com uma briga eterna entre suas duas bailarinas, a loira e a morena. No Planalto, dá-se algo semelhante. Com uma diferença: as rusgas entre as bailarinas eram escamoteadas. Elas se descabelavam nos bastidores. Lula e José Alencar, os bailarinos do governo, divergem em cima do palco, tumultuando a coreografia. Nesta segunda-feira (4), Alencar voltou a atravessar o ritmo. Acomodado na presidência interina da República –Lula encontra-se na Índia—, o vice foi instado a falar sobre juros. E rebolou em sentido contrário ao do resto do governo. Disse que, mercê das taxas lunares, o Brasil “joga dinheiro pela janela”. "Me disseram que, na presidência, não devo falar mal dos juros. No entanto, como estou em uma democracia, vou falar", bailou Alencar. Pelas contas do vice-presidente, só no primeiro reinado, o governo Lula torrou R$ 600 bilhões em juros. "Se tivéssemos reduzido a taxa nominal, e ela fosse a metade da praticada, haveria a economia de R$ 300 bilhões, que poderiam ser usados para saúde, educação e infra-estrutura, uma vez que temos um orçamento muito enxuto que não contempla todas as necessidades", sacolejou Alencar. O bailado do parceiro de Lula ocorre dois dias antes de uma nova reunião do Copom, o conselho do Banco Central que fixa juros. Todo o mercado espera que a taxa caia pelo menos 0,5 ponto percentual. Alencar, tudo indica, quer mais. O que, na coreografia brasiliense, não quer dizer coisa nenhuma. Para desassossego da platéia, diferentemente do Tchan, a dupla de bailarinos do Planalto é indissolúvel. Só a morte, que ninguém deseja, poderia apartar Lula de seu vice. Assim, resta aturar a movimentação desengonçada dos dois. Por sorte, eles dançam de terno e gravata. Já imaginou se exibissem suas divergências enfiados naqueles shortinhos apertadinhos? Escrito por Josias de Souza, Folha Online.

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