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sexta-feira, junho 15, 2007

MÁQUINAS DE CAÇA-NÍQUEIS: JÁ[205]MIL !!!

R$ 205 mil por mês para pagar propina.

Suspeito de entregar a policiais civis propinas para permitir o funcionamento de caça-níqueis na Grande São Paulo, o advogado Jamil Chokr arrecadou só em abril R$ 205 mil de donos de máquinas. Na contabilidade dele, anotações feitas em francês indicam que parte desse valor foi distribuído a 15 “libellés” (destinatários). Entre eles estão a Polícia Federal, o Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic) e o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). Em envelopes apreendidos no carro de Chokr após um acidente no dia 25, na Marginal do Tietê, havia não só dinheiro, mas planilhas em que constam os números de série das máquinas, nomes de estabelecimentos comerciais da capital e da Grande São Paulo, os endereços de cada um deles e o distrito policial responsável pela região. Suspeita-se que Chokr repassava aos policiais civis de R$ 40 a R$ 50 para cada caça-níquel em funcionamento. Os investigadores chegaram aos números depois de cruzarem os valores em dinheiro encontrados dentro dos envelopes e o número de máquinas relacionadas em cada um dos documentos. “Ainda não temos certeza, mas, como as quantias eram sempre muito baixas, tudo indica que esses pagamentos fossem semanais”, avalia uma autoridade que investiga o caso. “Pelo visto, isso é só a ponta do iceberg.” O dinheiro recolhido em cada máquina era colocado em um envelope destinado, mais tarde, à delegacia de polícia responsável pelo bairro onde funcionavam os caça-níqueis. Em abril, existiam cerca de 300 mil máquinas funcionando no Estado. Se, para manter cada um delas em operação, os donos pagassem valores equivalentes aos recolhidos por Chokr, o esquema garantia o pagamento de quase R$ 15 milhões em propina, pulverizados por delegacias, fiscais, compra de liminares na Justiça e financiamento de campanhas eleitorais. As quantias em dinheiro encontradas dentro dos 31 envelopes somam R$ 27 mil. Eram destinadas a 27 distritos policiais, duas delegacias seccionais e duas pessoas ainda não identificadas - o nome de uma delas consta da agenda telefônica de Chokr. A Corregedoria da Polícia Civil já sabe que entre as últimas pessoas que telefonaram para Chokr está o filho de um perito do Instituto de Criminalística (IC). Nas 18 últimas chamadas feitas pelo advogado nas 12 horas que antecederam seu acidente havia uma para Merg, mesmo nome que aparece em um dos envelopes com dinheiro (R$ 700). Também há quatro policiais do Deic citados nos documentos - Alê, Karam, Leandro e Edson. Hoje, às 14 horas, a delegada Cíntia Maria Quaggio, que preside o inquérito na corregedoria, vai ouvir o contador da Reel Token, empresa de caça-níqueis citada por Chokr em seu primeiro depoimento. Segundo o advogado, o dinheiro encontrado no seu carro era de honorários pagos pela Reel Token. Mas o Ministério Público Estadual tem indícios de que Chokr era sócio-gerente da empresa. O nome do contador não foi divulgado. Chokr contratou para defendê-lo um criminalista de peso, José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça. Procurado pelo Estado, Dias disse que ainda estuda o caso e preferiu não dar declarações sobre a situação do cliente. Estadão, Bruno Tavares e Marcelo Godoy.

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