Arquivamento ligeiro do caso Renan será contestado.Trama-se nos subterrâneos do Conselho de Ética do Senado um contra-ataque à manobra urdida para arquivar, a toque de caixa, a representação contra Renan Calheiros (PMDB-AL). Senadores insatisfeitos decidiram pedir vista do processo caso o relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA) proponha o sepultamento do processo sem a realização de interrogatórios. Previsto no regimento interno do Senado, o pedido de vista não pode ser negado pelo presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC). Por isso os idealizadores da reação à manobra pró-Renan optaram por esse instrumento, que lhes permitirá adiar a decisão por cinco sessões. Decorrido esse prazo, os autores do pedido de vista levarão ao Conselho de Ética um ponto de vista bem diferente do que vem sendo exposto publicamente pelo relator.
Epitácio Cafeteira, aliado de José Sarney (PMDB-AP) e do próprio Renan, acena com a hipótese de concluir o seu relatório sem realizar nenhuma inquirição. No parecer alternativo, será esgrimida a tese de que não se pode sepultar uma representação por quebra de decoro parlamentar sem interrogar os envolvidos. Serão requeridas, pelo menos, as convocações do lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior; da jornalista Mônica Veloso, ex-amante de Renan; e do empreiteiro Zuleido Veras (a representação do PSOL contra Renan também inclui um pedido de investigação das relações do senador com o dono da Gautama). Confrontado com duas concepções diametralmente opostas, o Conselho de Ética será obrigado a decidir no voto.
O grupo pró-Renan, amplamente majoritário, tem tudo para prevalecer no Conselho de Ética. Mas a exposição pública do voto de cada um vai cobrar um preço político mais alto dos participantes da manobra. Nem mesmo a
entrevista que Mônica Veloso concedeu à revista Veja, reafirmando que sempre tratou das questões financeiras não com Renan, mas com o lobista Cláudio Gontijo, alterou o ânimo pró-Renan que inspira o Conselho de Ética.
Há 15 senadores no conselho. Por ora, só três esboçam interesse em aprofundar as investigações: Jefferson Peres (PDT-AM), Demóstenes Torres (DEM-GO) e José Nery (PSOL-PA). Nesta segunda-feira (11), o relator Epitácio Cafeteira recebeu o papelório referente ao processo: a representação formulada pelo PSOL e os extratos bancários e declarações de rendimentos que Renan Calheiros havia remetido ao corregedor do Senado, Romeu ‘Quero Absolver’ Tuma. A próxima reunião do Conselho de Ética será na quarta-feira (13). Antecipando-se à intimação do conselho, Renan Calheiros entregou a sua
defesa.
Escrito por Josias de Souza, Folha Online. ______________
(*) Título Original: All the President's Men. (EUA) 1976; Estúdio Warner Bros.
Um comentário:
Epitácio Cafeteira, esse parece estar no congresso desde o governo Jango. Não podemos confiar. Mas e o petista Sibá Machado? Fruto da renovação, é confiável? Se sorrizinho de lagarto regula, desde os primeiros momentos, menos ainda.
A situação do congresso brasileiro seria cômica se não fosse trágica. Como a maioria usa de métodos não republicanos - segundo Jefferson - para financiarem suas camapanhas, há uma crise de consciência na hora se constituir comissões para investigar. A dificuldade maior é considerar crime ou falta grave isso que ocorreu com o Renan e deve ocorrer com um sem número de parlamentares. Não bastasse isso, a ética petista entrou em campo para, alegando que o ministério público não teria competência para investigar, exige a soltura do sombra. Parece que o Tasso Genro também está querendo restringir as escutas da polícia federal. Assim não dá. Até os gaúchos??? Vamos ficar de olho. Até agora, apenas o ministério público está com credibilidade. Mas, alguns juízes não estão gostando nada disso. Vamos ficar de olho Natalino. Mas o que mais me indignou foi os donos de máquinas de bingo não pagarem o coronel da polícia do mato Grosso do Sul. Gente, ou melhor, bandalha, vamos ter dó né? Respeitem a patente e não façam o que só deve ser feito na privada. Nossa Ivan, você está quase um Natalino...
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