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segunda-feira, julho 09, 2007
RENAN CALHEIROS: "TOME COM MODERAÇÃO..."
BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), terá de enfrentar novas pressões políticas dentro da Casa. Dessa vez, por conta da descoberta da operação que possibilitou à sua família vender uma fábrica de tubaína em Murici (AL) por R$ 27 milhões para a Schincariol, embora a empresa estivesse com problemas financeiros e não valesse mais do que R$ 10 milhões. Reportagem da revista Veja, desta semana, sobre a negociação afirma que Renan teria atuado em favor da Schincariol no INSS, para impedir que a dívida de R$ 100 milhões da cervejaria fosse executada, e na Receita Federal, contra a multa por sonegação de impostos. O PSOL entra nesta segunda-feira, 9, com pedido para que a denúncia seja incorporada ao processo instalado contra Renan no Conselho de Ética por suposta quebra de decoro parlamentar - o senador teria tido despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior, o que ele nega. A presidente da sigla, ex-senadora Heloisa Helena (AL), lembra que pedido semelhante - para apurar recibos e notas da venda de gado que Renan disse ter lhe assegurado rendimento de R$ 1,9 milhão em quatro anos - foi inicialmente rejeitado pelo conselho. Mas a pressão da opinião pública levou o órgão a rever a decisão e a submeter a documentação à perícia. "A Constituição é clara ao apontar como quebra de decoro o abuso das prerrogativas asseguradas aos parlamentares e o recebimento de vantagens indevidas." Membro do colegiado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) afirma que, diante das dúvidas deixadas pela transação, seria adequado questionar o próprio Renan para checar se ele procurou mesmo a Receita e o INSS. "Uma simples perícia mostraria se houve ou não algum fato estranho", ressalva. Também o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defende que, antes de qualquer iniciativa, seja dada ao presidente do Senado a chance de apresentar sua versão. Para ele, isso poderá ser feito quando Renan for ao Conselho de Ética falar da documentação sobre a venda de gado. "Ele já me assegurou que quer ir ao conselho prestar esclarecimentos", afirma. "É a oportunidade de também falar desse outro assunto." O certo - na avaliação dos parlamentares - é que o fato deve comprometer a já fragilizada base de apoio de Renan na Casa. "Não quero fazer juízo de valor sobre a informação, mas, neste momento do processo, essa história produz mais um efeito negativo sobre ele e isso não o ajuda em nada", alerta o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN). O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), endossa a opinião, achando que se trata de "um fato negativo que não contribui para o clima se desanuviar". Já o senador Jefferson Peres (PDT-AM) entende que, como Renan está fragilizado politicamente, "cada abalo, cada choque, torna ainda mais questionável sua permanência no comando do Senado". "Creio que ele não queria o alongamento do processo, temendo fatos novos", sugere. O Grupo Schincariol, por meio de nota, "repudia as ilações que relacionam suas decisões de negócio a questões políticas". A cervejaria diz que tem como estratégia ampliar "sua capacidade produtiva no Norte/Nordeste", onde já fez investimentos de R$ 400 milhões nos últimos dois anos, entre aquisições, ampliação e construção de novas fábricas. Rosa Costa, do Estadão.
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