CPIs do Apagão Aéreo decidem convocar diretoria da Anac
BRASÍLIA - As CPIs do Apagão Aéreo do Senado e da Câmara decidiram que o alvo das investigações em curso no Congresso agora é a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e, principalmente, a diretora Denise Abreu. O relator da CPI do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), disse que chamará Denise para depor; o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), da CPI da Câmara, também vai convocar a diretora da Anac. Denise Abreu, nomeada para a Anac por influência do ex-ministro e ex-deputado José Dirceu, foi acusada pelo brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, de trabalhar para beneficiar amigos, ao tentar transferir o setor de cargas dos aeroportos de Congonhas e Viracopos para o Aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto, a cerca de 300 quilômetros de São Paulo. Este aeroporto, ao contrário dos outros dois, que estão sob o comando da Infraero, é administrado pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp). Um dos amigos de Denise é o empresário Carlos Ernesto Campos, de acordo com denúncia do brigadeiro José Carlos, em entrevista ao jornal "O Globo" de ontem. Conforme o brigadeiro, em toda reunião Denise falava abertamente disso. O negócio movimento R$ 400 milhões. Campos é dono da Terminais Aduaneiros do Brasil (Tead), que em 2003 venceu licitação do governo estadual para controlar o terminal de cargas de Ribeirão. "Vamos estudar tudo isso para ver o que fazer e acionar a Polícia Federal, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União", disse Demóstenes Torres, ao deixar ontem o Ministério da Defesa, onde apresentou ao ministro Nelson Jobim o seu relatório parcial sobre o caos aéreo. "Acredito que o depoimento de Denise Abreu permitirá conhecer mais as profundezas da crise aeroportuária brasileira", afirmou Otávio Leite. Ele vai apresentar na manhã desta terça-feira um requerimento que a convoca. Sobre o seu relatório parcial como relator da CPI do Apagão Aéreo do Senado, Demóstenes Torres defende mudanças na lei das agências, de forma que seus diretores possam ser demitidos, em caso de corrupção ou incompetência. Para o senador, houve claro favorecimento,por parte da Anac, às duas maiores empresas do país (TAM e Gol). A CPI do Apagão Aéreo do Senado tomará nesta terça o depoimento de sete procuradores da República que atuam em sete dos 14 Estados em que teriam sido registradas irregularidades na Infraero. São eles: Matheus Baraldi Magnani, procurador da República no município de Guarulhos (SP), Suzana Fairbanks Lima e Fernanda Teixeira Souza D. Taubemblatt, no Estado de São Paulo, José Ricardo Meirelles e Paulo Roberto Galvão de Carvalho (município de Campinas), Bruno Caiado de Acioli (no Distrito Federal) e Hélio Telho Correa Filho (no Estado de Goiás). Na quinta-feira serão ouvidos outros sete procuradores. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, será ouvido nesta quarta.Tânia Monteiro, do Estadão.
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