Oferta de frango supera a bovina
SÃO PAULO, 2 de outubro de 2007 - A produção de carne de frango vai voltar a superar a bovina. O maior alojamento de pintos - que em agosto foi recorde - possibilitará que o País termine o ano com 10,3 milhões de toneladas de carne de frango ante a 9,7 milhões de toneladas de carne bovina. Isso significa um aumento de 10,4% em relação a 2006. Além do bom momento da avicultura, a liderança se deve também à falta de boi gordo no mercado interno. Segundo levantamento da Safras & Mercado, em agosto o alojamento foi de 444,6 milhões de cabeças e a estimativa é que até o final do ano o nível fique entre 430 milhões a 460 milhões de pintos alojados por mês, em virtude do aumento do consumo de final de ano - tradicionalmente outubro é sempre o mês com recorde em alojamento. Foi por isso que a consultoria revisou seus números - antes estimava 10,2 milhões de toneladas. "Este incremento é fruto de uma conjunção de fatores, como a demanda interna e a externa, além do resultado dos investimentos das agroindústrias", explica Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. De acordo com ele, o alojamento só não é maior devido à escassez de pintos de corte. "Vai ser preciso importar matrizes bisavós para aumentar a oferta de ovos férteis", conclui. A produção de carne de frango superou a de bovina entre 2003 e 2005, perdendo a liderança no ano passado. Pelas estimativas da consultoria, em 2008, o frango deve continuar reinando, com produção de 10,4 milhões de toneladas de carne para 9,9 milhões de toneladas na pecuária bovina. Molinari lembra, no entanto, que o setor pode sofrer com excesso de produção. Isso porque, entre outros fatores, o câmbio pode prejudicar as exportações - as estimativas da consultoria são de um volume de 3,18 milhões de toneladas. O custo mais alto também será um fator a mudar o cenário do setor para os próximos meses. "O avicultor está perdendo poder de compra e pode ficar desetimulado", afirma. Segundo ele, se as exportações não ficarem em um nível entre 28% a 32% da produção, os avicultores poderão trabalhar com preços muito próximos aos custos. Apenas em agosto e setembro as cotações do milho - principal insumo da produção de frangos - subiram 40%, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Se para as aves a produção só aumenta, para a carne bovina o problema é falta de matéria-prima. Com a redução na oferta de boi gordo, os abates caíram 15,8% em agosto na comparação com o mesmo período de 2006, somando 2,99 milhões de cabeças. E a tendência é que os números continuem baixos. "Não sabemos ainda como será o volume de oferta dos confinamentos, nem a disponibilidade de animais devido ao atraso na volta das chuvas", afirma Molinari. Isso porque, no que se refere aos confinamentos, o alto custo de produção não estão deixando-os alongados. De acordo com ele, a queda no número de abate é uma questão de oferta - desde questões estruturais, como menor oferta de bezerros, até conjunturais, como a entressafra. Até o momento, os abates estão 1,7% inferiores aos do ano passado. (Neila Baldi - Gazeta Mercantil) 0310
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