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terça-feira, outubro 23, 2007

CPMF & PSDB: POR QUEM OS SINOS 'DOBRAM'


A cúpula do PSDB vai padecer caso queira impor à sua bancada no Senado a aprovação da emenda que prorroga a CPMF até 2011. A maioria expressiva dos senadores tucanos –pelo menos nove de um total de 13—deseja enterrar o imposto do cheque independentemente da negociação que o partido fará com o governo. O quadro adverso, que não é ignorado pelo grão-tucanato, será reforçado em reunião marcada para o início da tarde desta terça-feira (23). Convidados para uma conversa com o ministro Guido Mantega (Fazenda), a trinca que segura o baralho do PSDB no Senado –Tasso Jereissati (CE), presidente do partido; Sérgio Guerra (PE), futuro presidente; e Arthur Virgílio (AM), líder—decidiu ouvir, em caráter formal, a voz das cartas. Noves fora Tasso, Guerra e Virgílio –que ainda condicionam o voto contra a CPMF à disposição negociadora do governo—e João Tenório (AL) –um senador que mede os seus passos pela fita métrica do governador tucano-governista Teotônio Vilella Filho (Alagoas)—, todos os outros nove senadores tucanos pendem pela rejeição ao imposto do cheque. Privadamente e em público, posicionam-se contra a CPMF: 1. Álvaro Dias (PR), 2. Cícero Lucena (PB), 3. Eduardo Azeredo (MG), 4. Flexa Ribeiro (PA), 5. Lúcia Vânia (GO), 6. Marconi Perillo (GO), 7. Mário Couto (PA), 8. Marisa Serrano (MS), e 9. Papaléo Paes (AP). Alguns, como Flexa Ribeiro, chegam mesmo a defender que o partido feche questão contra o tributo, a exemplo do que fez o parceiro de oposição DEM. O tucanato vai à mesa de negociações, a contragosto da bancada, premido pelas conveniências dos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves. Ambos são a favor, com uma nuance aqui e outra ali, à renovação da CPMF. Recomendaram o entendimento em reunião que mantiveram com Tasso, Guerra e Virgílio na última sexta-feira (19). Mercê da posição da maioria da bancada, a direção do PSDB não pretende evoluir para a defesa ostensiva da aprovação da CPMF a troca de pouca coisa. Nas palavras de Sérgio Guerra, é preciso que se chegue a um entendimento que possa ser “explicado e entendido pela sociedade”. Por ora, a cúpula do tucanato não acha satisfatório nada do que já foi insinuado pelo governo como pauta de negociação –isenção da CPMF para trabalhadores que ganham até R$ 1.700; redução gradual da alíquota do imposto do cheque, hoje de 0,38%; desoneração de tributos para setores econômicos específicos, etc. O PSDB exigirá coisas que o governo não parece disposto a entregar. Por exemplo: a fixação em lei de um redutor de gastos públicos. O receio da maioria dos senadores tucanos é o de que o partido acabe deixando o DEM enrolar-se sozinho na bandeira oposicionista. Um temor que não parece sensibilizar Serra e Aécio, os dois presidenciáveis do PSDB. Na reunião de sexta, Aécio chegou mesmo a dizer o PSDB não pode repetir o receituário do PT, que, na época do governo FHC, fazia oposição irresponsável ao governo.
Escrito por Josias de Souza, Folha Onlijne, 2310.

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