Começa maior operação para tentar conter desmatamento na AmazôniaTailândia (PA) - Um grupo de 300 integrantes da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) inicia hoje, por Tailândia (a 235 km ao sul de Belém), a Operação Arco de Fogo, a maior investida policial na Amazônia Legal destinada a reprimir o desmatamento. O trabalho das forças federais terá início pelas madeireiras. A Secretaria do Meio Ambiente do Pará (Sema) calcula que, das 90 serrarias existentes em Tailândia, 69 são irregulares. Somente 21 têm licença para funcionar. Sabe-se ainda que essas madeireiras e serrarias têm 140 registros no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), sendo mais de 100 irregulares. Haverá também ação contra as carvoarias, que aumentam em função das madeireiras. De acordo com a Sema, somente seis carvoarias têm alvará. Nas estradas vicinais próximas a Tailândia, no entanto, é possível ver centenas de fornos, muitos com o fumaceiro característico da queima da madeira para a fabricação do carvão. Na semana passada, na ação de fiscais do Estado e da Polícia Militar em Tailândia, foram derrubados 140 fornos de uma só carvoaria, que atuava na clandestinidade. Nesta semana, a ordem será passar o trator em cima dos fornos das empresas ilegais.A Operação Arco de Fogo deverá durar mais de um ano. Começa por Tailândia, mas depois passará por todos os Estados da Amazônia Legal - Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão (oeste do Estado), Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Os agentes federais vão atuar principalmente nos 36 municípios apontados pelo governo federal como os que mais desmataram no ano passado. Tailândia é um deles. De acordo com a PF, para uma operação de tal natureza, esta é que mobilizará maior contingente. Foram 156 homens da Força Nacional, cerca de 50 da PF e outros 100 do Ibama.Dos nove Estados da Amazônia Legal, os mais problemáticos são Mato Grosso, Pará e Rondônia. Acre, Amapá e Roraima praticamente não fizeram desmates. "Nossa operação será feita em três etapas. Por isso vai durar muito mais de ano", disse o coordenador-geral de Defesa Institucional da PF, delegado Daniel Sampaio, que comanda as tropas da União em Tailândia. "Primeiro será feita a fiscalização, por intermédio do Ibama. A PF entra com as medidas de polícia judiciária. E a Força Nacional garante a segurança dos envolvidos", afirmou Sampaio. "Por enquanto vamos executar a primeira etapa, que é a de fiscalização, para ver quem está desmatando e quais empresas estão na ilegalidade."Depois da repressão, será a vez da tomada de providências para evitar a volta do corte de árvores e, em seguida, a etapa das ações do governo federal para a inserção dos moradores das áreas onde for realizada a Operação Arco de Fogo. "É preciso oferecer alternativas para a sociedade: trabalho, educação e desenvolvimento." Sampaio disse que a operação começou por Tailândia porque houve na semana passada na cidade o início da fiscalização do Ibama, quando foram apreendidos 15 mil metros cúbicos de madeira ilegal, mas a reação da sociedade impediu que ela continuasse. "Viemos para dar continuidade à fiscalização." No Rio, o ministro da Justiça, Tarso Genro, admitiu que havia, "de certa forma, um vácuo da presença do Estado", ao comentar a chegada dos homens da Força Nacional. Segundo ele, a intenção é criar de "10 a 12" postos permanentes para "estrangular" o transporte ilegal de madeira. "Lastimavelmente é uma atividade econômica que se comunica com a subsistência", disse Tarso.
CURIOSIDADETailândia foi fundada em 1979. Ganhou esse nome por causa da confusão fundiária e da violência, quando ainda era um projeto de assentamento de colonos do governo do Pará. Como o presidente do Instituto de Terras do Pará chamava-se Iris, cogitou-se dar ao local o nome de Irislândia. Não pegou. À época, o país Tailândia, na Ásia, passava por abalos sociais. Alguém - não se sabe quem - disse que aquela região parecia a Tailândia. Pegou. Ao contrário do que aconteceu na semana passada, quando a população protestou, ontem, com a chegada do restante dos policiais, não houve resistência. Curiosos olharam de longe a passagem dos veículos blindados.
João Domingos e Felipe Werneck, Estadão. Foto matéria.
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