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sexta-feira, abril 11, 2008
CPI DOS CARTÕES CORPORATIVO/DOSSIÊ [In:] "BODE EXPIATÓRIO OU CABRA-DA-PESTE?"
A guerra está centrada em grupos que, no bastidor, são chamados de "turma do Dirceu" e "turma da Dilma". Referem-se a funcionários do ex-ministro José Dirceu (2003-2005), substituído na Casa Civil por Dilma, a preferida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sua própria sucessão, em 2010. Nesta semana, por motivos diversos, o foco das suspeitas concentrou-se sobre subordinados do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, funcionário de carreira do Tribunal de Contas da União (TCU), que chegou ao governo Lula no primeiro mandato, em 2003, levado por Dirceu. A secretária-executiva de Dilma, Erenice Guerra, continua na berlinda por ter coordenado a coleta de dados para o dossiê e por ser a segunda no comando da Casa Civil. Mas, no Planalto, há um esforço para jogar a crise no colo da "turma do Dirceu". O ex-ministro diz, em seu blog, que "o chamado dossiê foi retirado ilegalmente da Casa Civil por tucanos" e defende Dilma.
'Agente secreto'
À procura do "agente secreto com crachá" - expressão usada por Dilma, quando levantou a hipótese de invasão dos computadores no Planalto -, o governo refaz os passos de dois assessores da Secretaria de Controle Interno (Ciset) que trabalham com Aparecido: Humberto de Mendonça Gomes Jr. e Paulo Roberto Loureiro de Alencar. Aparecido já fez dobradinha com Waldomiro Diniz na assessoria do PT em investigações promovidas por CPIs do Congresso. Waldomiro, que como Aparecido foi levado para o Planalto por Dirceu, caiu em 2004 no escândalo da divulgação de um vídeo em que, segundo as investigações da época, cobrava propina. Mesmo sem provas, auxiliares de Dilma afirmam, em conversas reservadas, que funcionários de Aparecido podem ter divulgado informações do dossiê - chamado pelo governo de "banco de dados". A dúvida é se a papelada foi direto para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) ou fez uma escala no PT, para ajudar os aliados na disputa política da CPI dos Cartões, e de lá foi objeto de arapongagem. "Não empurrem para mim o que fizeram de mal", reagiu Dias. Em fevereiro, após reunião em que foi desenhada a estratégia para o levantamento das despesas com cartões corporativos e contas tipo B - feitas com cheque ou dinheiro vivo -, Aparecido cedeu dois funcionários que trabalharam sob seu comando para vasculhar o arquivo morto do Planalto. O trabalho incluía a busca de prestações de contas antigas e notas de despesas de Fernando Henrique, da ex-primeira-dama Ruth Cardoso e de ministros do governo tucano, desde 1998. A ordem para bisbilhotar e comparar os gastos do ex-presidente com os de Lula foi dada depois de pelo menos duas reuniões no Planalto. Uma delas, convocada para discutir como seria organizado o material, ocorreu em 8 de fevereiro, quando Erenice se reuniu com Aparecido, Norberto Temóteo Queiroz (Administração), Maria de La Soledad Castrillo (chefe de gabinete da Casa Civil) e Gilton Saback Maltez (Orçamento e Finanças). No dia 11, uma reunião da coordenação política, com a presença de Dilma e dos ministros Franklin Martins (Comunicação Social), Paulo Bernardo (Planejamento) e José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) tratou do tema. Lula estava de férias no Guarujá, mas foi informado da pressão da oposição, que teimava em abrir a CPI. Horas depois da reunião com a cúpula do governo, as informações secretas da gestão tucana começaram a ser lançadas em planilhas, nos computadores da Casa Civil. Só um mês depois foi aberta a primeira CPI. O Planalto resistiu o quanto pôde a acionar a Polícia Federal para investigar o caso, mas foi obrigado a recorrer à corporação, após ser informado de que outras autoridades tomariam a iniciativa. Sob pressão, Dilma resolveu convocar a PF. Mas o governo só quer saber quem divulgou, não quem montou o dossiê. Vera Rosa, Sônia Filgueiras e Expedito Filho, de O Estado de S. Paulo. 1104.
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