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segunda-feira, maio 26, 2008
MUNDO/CRISE ALIMENTAR: O QUE NÃO FAZ A "MÃO VISÍVEL" [?]
alta de preços dos alimentos: Fundos negociam até 8 vezes mesma safra
Risco maior e irracionalidade. Esses são os novos "perigos" para as negociações no mercado agrícola internacional. Os riscos são trazidos, em boa parte, por novos fundos que, em busca de diversificação de mercados para atuar, descobriram os agrícolas no momento em que a demanda por eles explode com o apetite voraz por alimentos dos mercados emergentes gigantes, como China e Índia. Essa inflação agrícola (já batizada de "agflação") vem gerando distúrbios sociais em países consumidores e ganhos em produtores, como o Brasil.
O ritmo acelerado de negociações no mercado futuro chega a girar 22 safras anuais de soja. Só os fundos são responsáveis por 8 dessas safras. Em 2007, o mercado futuro agrícola da Chicago Board of Trade negociou 7,3 bilhões de toneladas de milho, 4,3 bilhões de soja e 2,7 bilhões de trigo. A produção física desses produtos, em 2007, foi de 780 milhões, 220 milhões e 606 milhões de toneladas, respectivamente.
Volumes maiores de negociações esquentaram os preços, que passaram a ter variações bruscas, chamadas pelo mercado de "volatilidade". Essas oscilações seguem entradas e saídas dos fundos e trazem riscos.
Esses riscos, no entanto, não desagradam aos participantes do setor. Para os produtores, podem significar preços maiores. Para os investidores, a chance de uma margem maior de lucro nas operações. Para as Bolsas, maior liquidez, o que tornam ainda mais atraentes as operações nessas instituições.
Esse mercado voraz exige cada vez mais profissionalismo. Do contrário, empresas e produtores podem ser liquidados quando estiverem do lado errado da tendência do mercado. Foi o que ocorreu com empresas do Meio-Oeste dos EUA e do Centro-Oeste brasileiro. No caso brasileiro, uma tradicional empresa de Goiás não conseguiu honrar os compromissos no mercado de Chicago.
Os produtores brasileiros não ficaram isentos a essa volatilidade. No ano passado, negociaram parte da safra com valores até inferiores a US$ 9 por saca. A soja superou os US$ 30.
Um dos grandes produtores de soja de Mato Grosso vendeu a soja por valores inferiores a US$ 10 por saca e, na hora da entrega, rompeu os contratos. O caso foi para a Justiça.
Operações na BM&F
Não é só no exterior que aumentaram as operações agrícolas. A BM&F, agora BM&F Bovespa S.A., pode negociar US$ 45 bilhões neste ano no mercado agropecuário. No ano passado, foram US$ 24,3 bilhões. Em 2006, US$ 12,5 bilhões.
"O mercado atual é dominado por imprevisibilidade e irracionalidade impressionantes", diz Fernando Muraro, da Agência Rural. Há cinco anos, oferta, demanda, chuva e seca direcionavam os preços do mercado futuro de grãos. Nos últimos anos, se perdeu essa formação básica e "a volatilidade [dos preços], que historicamente era de 20%, foi a 50%", afirma.
Victor Abou Nehmi Filho, gerente da Sparta, administradora de fundos de investimento, diz que os fundos não influenciam nos preços finais do produto, "mas dão volatilidade". Os fundos operam sob as mesmas regras técnicas e públicas a que todos têm acesso. A entrada ou saída desses fundos no mercado pode, no entanto, provocar alterações bruscas nos preços, admite ele.
Ivan Wedekin, diretor de Produtos do Agronegócio e Energia da BM&F, concorda. "Os fundos não geram os fundamentos do mercado -aumentam ou diminuem a febre [dos preços]", que vem da oferta e da demanda.
"Os fundos não criam mercados, mas apenas vão onde existe liquidez. Quem cria os mercados são os "hedgers" -cooperativas, traders, exportadores etc.", diz Wedekin.
Muraro insiste em que os preços atuais têm algo mais do que oferta e demanda. "O mercado viveu, em 2007, com os maiores estoques de soja da história. Mesmo assim, os preços explodiram." Isso mostra o lado irracional do mercado, diz.
Além de oferta e demanda
O diretor da Agrural diz, ainda, que oferta e demanda não explicam o fato de a saca de soja subir de US$ 17,60, em agosto de 2007, para US$ 35, em fevereiro, na Bolsa de Chicago. Em abril, já recuava para US$ 24.
"Essa "financeirização" do mercado veio para ficar e pode gerar novo boom para as commodities", diz Muraro. Um desses sinais é a retomada de pressão dos preços do petróleo que, na sexta-feira, atingiram US$ 132 por barril em Nova York.
Apesar da imprevisibilidade e da irracionalidade do mercado, Muraro diz que a volatilidade não é ruim. Quem estiver no mercado tem de ser profissional para não ser atropelado.
É difícil mensurar, mas os volumes negociados no mercado futuro agropecuário são impressionantes. A alta se deve, em parte, aos novos milhares de fundos que se especializam em nichos, diz Muraro.
Começaram com ações na Dow Jones, passaram pela Nasdaq, migraram para as commodities minerais, petróleo e chegaram aos agrícolas.
Essas bruscas elevações de preços forçam produtores e empresas que trabalham no mercado físico a buscar saídas. Diz um operador que bancos e tradings já montam operações paralelas às de Chicago, em que as duas partes -fornecedor e usuário de matérias-primas- seguem a Bolsa, mas sem o pagamento dos ajustes diários, como os do mercado futuro.
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃo. Folha Online, 26.05.
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