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Amazônia tem mais mil km2 de área devastada
O desmatamento na Amazônia Legal registrado no mês de maio chegou a 1.096 km2, praticamente estável em relação a abril, quando foram 1.124 km2 de área devastada. Isso equivale à área da cidade do Rio (com território de 1.182 km2). Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com um mês de atraso.
Do total de 3.730 km2 de floresta derrubada ou degradada mapeados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) de janeiro a maio, 2.571 km2 estão dentro do Estado do Mato Grosso, do governador Blairo Maggi (PR). Roraima aparece em um distante segundo lugar, com 464 km2 (12%), e o Pará em terceiro, com 383 km2 (10%). O último relatório do Deter foi divulgado com atraso para permitir a checagem mais apurada dos dados - conseqüência de um enfrentamento político entre o governo e Maggi, que contestou números de boletins anteriores sobre o Estado. O secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema), Luiz Henrique Daldegan, afirmou ontem que "o Inpe está qualificando e unificando a linguagem com as mesmas informações que temos". Pela primeira vez, as imagens do Deter, de baixa resolução, foram comparadas a imagens do sistema Prodes, de alta resolução, o que permitiu fazer uma separação entre áreas de corte raso (onde a floresta foi completamente derrubada) e áreas de degradação progressiva (onde ainda há árvores de pé, mas a floresta foi severamente impactada). Desse total, 544 km2 (cerca de 50%) foram verificados em maior detalhe com base em imagens do sistema Prodes, que tem resolução de 30 metros, comparado a 250 metros do Deter. Resultado: 88% das áreas do Deter foram confirmadas como desmatamento, divididas em 59,5% de corte raso, 23% de degradação florestal alta e 5,5% de degradação moderada ou leve. Os outros 11,7% foram "falsos positivos": áreas de floresta erroneamente detectadas como desmatamento.Segundo o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, o erro deve-se, na maioria dos casos, a uma "contaminação" do sinal da floresta pelo sinal mais intenso de um desmatamento adjacente, o que acaba confundindo o satélite. Esses falsos positivos não foram excluídos do total de 1.096 km2 detectados originalmente pelo Deter. "Quem fez o Deter foi uma equipe e quem fez a avaliação foi outra", afirmou Câmara. "A avaliação só detalha o que foi detectado pelo Deter, não altera os números." Ele lembra que há também o oposto: falsos negativos, áreas desmatadas que não foram detectadas.Com relação aos 23% de áreas altamente degradas, segundo Câmara, é preciso que pelo menos metade das árvores tenha sido derrubada para que isso seja computado. Ou seja, para que a copa da floresta se torne tão fragmentada a ponto de o solo ficar visível abaixo dela. "São áreas realmente muito alteradas ou o satélite não enxergaria."
OTIMISMO
O desmatamento detectado em maio foi ligeiramente menor que o registrado em abril deste ano (1.123 km2) e em maio de 2007 (1.222 km2). A comparação entre meses, porém, deve ser feita com algumas ressalvas técnicas e ambientais. A principal delas é a variação na cobertura de nuvens, já que os satélites não "enxergam" por meio delas. A área desmatada no Pará, por exemplo, saltou de 1,3 km2 em abril para 262 km2 em maio, principalmente por causa das nuvens. No primeiro mês, só 11% do Estado estava visível, comparado a 41% no mês seguinte.No total, 46% da Amazônia estava encoberta em maio, comparado a 53% em abril. Por causa disso, Câmara avalia a queda como um sinal positivo, ainda que tímido, de que o ritmo de destruição pode estar diminuindo.
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Herton Escobar, CAMPINAS. COLABOROU NELSON FRANCISCO. 1607.
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