A BSBios, de Passo Fundo (RS), será a nova proprietária da usina de produção de biodiesel da Agrenco localizada em Marialva (PR). A transação, que está em fase final de acertos, deverá ser formalizada em maio, depois de ser apresentada aos credores da Agrenco na assembleia marcada para o próximo dia 28 de abril.
"O Paraná é o maior produtor de grãos do Brasil, mas ainda não tem uma usina de biodiesel de grande porte. Essa será a primeira", disse ao Valor Erasmo Battistella, diretor de operações da BSBios. Em 2008, o Estado produziu 7,3 milhões de litros do combustível, ou apenas 0,6% do total registrado no país ao longo do ano.
A aquisição, após efetivada, marcará importante passo no processo de volta ao mercado da Agrenco, que requisitou recuperação judicial em agosto de 2008 e teve o plano aprovado por seus credores em março. O plano prevê a venda da usina de Marialva e do complexo logístico de Del Guazú, na Argentina e também a retomada de posse sobre estoques de soja "presa" como garantia a credores. Com o dinheiro das vendas, a empresa pretende concluir suas duas outras unidades de beneficiamento de grãos, localizadas em Alto Araguaia (MT) e Caarapó (MS).
Os rumores sobre as tratativas da Agrenco para acertar a venda de sua usina para a BSBios circulavam desde o mês passado, mas nenhuma das partes falava sobre o tema. Em novembro, o complexo de Marialva valia R$ 23,3 milhões, de acordo com o diagnóstico da Setape, empresa contratada para avaliar os ativos da Agrenco.
O negócio, no entanto, deve ficar "bem acima desse valor", diz Battistella, que não deu detalhes da transação. "O valor é bem maior que o da avaliação. Ela foi conservadora", afirma Nelson Bastos, presidente da Íntegra Associados, empresa que assessora a Agrenco em seu processo de recuperação.
O interesse da BSBios pelo mercado paranaense não surgiu com a oportunidade criada pelo anúncio de que a fábrica de Marialva estava à venda. A empresa já havia anunciada um projeto "greenfield" (construção) de uma usina de biodiesel em Cascavel. "Com o B3 [mistura obrigatória de 3% de biodiesel ao diesel mineral], o Paraná tem demanda por 120 milhões de litros de biodiesel por ano. A fábrica de Marialva tem capacidade para 130 milhões de litros", diz Battistella. A unidade receberá aportes adicionais, já que está entre 75% e 80% concluída.
Os investimentos da BSBios incluem os R$ 10 milhões para o aumento da capacidade em Passo Fundo, que passou de 130 milhões para 160 milhões de litros. O aporte já foi feito, mas a empresa espera pela homologação desse aumento pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). "Estamos de olho não apenas no B4 [aumento da mistura obrigatória para 4%, ainda não-oficial], mas também nas exportações", afirma o diretor. No leilão de compra de biodiesel de fevereiro, o mais recente realizado pela ANP, a BSBios arrematou 18,6 milhões de litros, ou 5,9% do total. Foi a sétima maior fatia da rodada.
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