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quinta-feira, abril 16, 2009
PSDB & PT [In:] REVOADAS E POLEIROS...
Autor(es): Sabrina Lorenzi, Rosana Hessel e Ricardo Rego Monteiro |
Gazeta Mercantil - 16/04/2009 |
Personalidades do governo tucano como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o ex-secretário do Tesouro Joaquim Lamy surpreenderam, ontem, os participantes do Fórum Econômico Mundial da América Latina, ao elogiarem o desempenho da economia brasileira, adotando um discurso alinhado com o dos petistas. Os três expuseram a condição privilegiada do Brasil diante da crise financeira, numa postura mais otimista que muitos agentes do mercado. "O Brasil tem uma situação melhor e a crise não foi aqui. Quando acabar o incêndio e ver o que sobrou, vai sobrar relativamente bem, comparado a outros países", afirmou Fernando Henrique. No mesmo tom, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva eximiu o Brasil das causas da crise econômica. "Não criamos um problema, mas somos parte fundamental da solução do problema", disse o presidente. Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, lembrou que "não vemos aqui nenhum dos desequilíbrios que quebraram o mundo". Ele enfatizou: "Tendo para o otimismo no sentido de que vamos sair da recessão no segundo semestre, mas não sei qual será a velocidade do crescimento". O ex-secretário do Tesouro no governo tucano, Joaquim Levy, também expôs que o País está numa situação confortável, com a inclusão de "mais pessoas na economia de mercado". A "saúde financeira" brasileira também foi elogiada pelo estrategista para mercados globais da Accenture, Mark Spelman. . "O Brasil está em ótima saúde financeira e mais bem posicionado do que grande parte dos países desenvolvidos", afirmou. Discurso alinhado entre petistas e tucanos surpreende
16 de Abril de 2009 - Que o presidente Lula, empresários e governantes de outros países falariam bem da economia brasileira durante encontro para a América Latina do World Economic Forum (WEF) para a América Latina todos esperavam. Fato raro foi ouvir dos protagonistas do governo tucano um discurso alinhado com o dos petistas. Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga e Joaquim Levy expuseram no evento a condição privilegiada do Brasil diante da crise financeira. As perspectivas para o País na ótica de alguns destes é até melhor do que a do mercado. Mas a avaliação positiva dos três não livrou o governo atual de algumas críticas. O ex-presidente da República afirmou que a economia brasileira, "sem dúvida", está bem posicionada em relação a outras economias afetadas pela crise, após ser indagado sobre o assunto. Para o sociólogo, a duração da crise é imprevisível. E suas causas não começaram no Brasil. "O Brasil tem uma situação melhor e a crise não foi aqui. Quando acabar o incêndio e ver o que sobrou o Brasil vai sobrar relativamente bem, comparado a outros países", afirmou. Presidentes tucano e petista concordam nisso. Na plenária de abertura do Fórum, Lula também fez questão de absolver o Brasil das causas da crise econômica. "Não criamos um problema mas somos parte fundamental da solução do problema. É preciso fazer a economia global voltar a funcionar", disse. O presidente Lula foi aplaudido quando afirmou que o Fundo Monetário Internacional e outros organismos de fomento e de crédito devem direcionar seus esforços para as economias mais necessitadas sem demora. Sem as mesmas condições impostas no passado pela cartilha do FMI. O presidente da República também destacou que a crise evidenciou preços irreais de petróleo e alimentos, que dispararam e prejudicaram os mais pobres. Bancos saudáveis Além de apontar que o Brasil esteve e continua longe de contribuir para a ciranda financeira que provocou a quebra dos mercados financeiros, Armínio Fraga destacou como a demanda interna vinha crescendo expressivamente. O ex-presidente do Banco Central (BC) lembrou do aumento de 8% no consumo às vésperas da crise. E que os bancos brasileiros estão saudáveis, ao contrário de muitos nos países ricos. "Não vemos nenhum desses desequilíbrios que quebraram o mundo aqui no Brasil. Nem o governo (...) nem os bancos estiveram alavancados", disse. "Eu tendo para o otimismo no sentido de que vamos sair da recessão no segundo semestre, mas não sei qual será a velocidade do crescimento", completou. Sócio da Gávea Investimentos, Fraga avalia que o Brasil crescerá 1% neste ano, taxa mais positiva que a projetada pelo boletim Focus, que aponta para uma retração de 0,30%. Ex-secretário do Tesouro, Joaquim Levy também expôs que o Brasil está em uma situação confortável, com a inclusão de "mais pessoas na economia de mercado". Estrategista para mercados globais da Accenture, Mark Spelman, elogiou a saúde financeira do País. "O Brasil está em ótima saúde financeira e melhor posicionado do que grande parte dos países desenvolvidos. Se olhar para alguns fundamentos econômicos, países que têm elevados déficits tanto governamental quanto corporativo, estão em situação mais frágil. "A economia brasileira vai bem. O governo está com superávit e tem adotado uma política econômica e fiscal mais conservadora. Eu acho que o Brasil está em muito mais vantagem do que os países europeus. Reino Unido e Espanha são alguns exemplos de países com pouca estabilidade no crédito." Mas Levy, que hoje controla o caixa do Rio de Janeiro na secretária de Fazenda, destacou os desafios que o Brasil tem pela frente, como o de melhorar o nível de educação da população. Outro ponto fraco da nossa economia, segundo Fernando Henrique Cardoso, é o tamanho dos investimentos públicos. "O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não representa nem 1% do PIB", cutucou. Ao citar o PAC, em outro ambiente de discussão, Levy avaliou que boa parte dos projetos já poderia ter sido desengavetada. Fernando Henrique também criticou declarações do governo que dão conta de que o Estado só cresceu na gestão atual. "Lula esqueceu da União Soviética, da China e do Brasil, porque crescemos muito no século passado", ironizou, destacando que o problema não é o tamanho do Estado, mas a sua eficiência. Fraga também apontou pontos fracos na economia. Advertiu para a necessidade de o governo buscar maior eficiência nos gastos, à exemplo do setor privado. Segundo ele, a carga de impostos do País, equivalente a 40% do PIB, tem um peso excessivo para a economia de um país de renda média como o Brasil. Por isso, o governo deveria buscar como meta a ampliação dos ganhos de produtividade do Estado. Produtividade "Há muito a ser feito ainda. Os ganhos de produtividade precisam ser uma meta não só do setor privado, mas também do governo", cobrou Fraga durante o painel "Como o crescimento da América Latina poderá permanecer acima da média mundial". "Hoje, o Brasil tem uma carga fiscal que chega a 40% do PIB. Embora em momentos de crise o Estado deva se fazer presente, há espaço para a melhoria da oferta de serviços públicos no país." Avaliação parecida fez o secretário estadual de Fazenda do Rio de Janeiro. O secretário atentou para a necessidade de maior eficiência nos gastos públicos, com medidas que contribuam, por exemplo, para reduzir a burocracia na execução de projetos de infraestrutura. "É preciso estar alerta para isso, do contrário corremos o risco de ficar para trás quando a economia mundial se recuperar", advertiu o secretário, ao lembrar da necessidade de se aproveitar a crise para promover a retomada dos projetos de reformas econômicas estruturais. |
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