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quarta-feira, maio 27, 2009

LULA e CHÁVEZ: O PETRÓLEO É NOSSO !

Lula e Chávez em desacordo
Impasse com Chávez continua


Autor(es): Viviane Vaz
Correio Braziliense - 27/05/2009


Venezuelano rejeita proposta para a construção de refinaria em Pernambuco. Impasse será discutido em 90 dias.

Em reunião com Lula, presidente venezuelano rejeita acordo sobre a parceria com a Petrobras para a refinaria Abreu e Lima. Falha no sistema de tradução vaza detalhes de negociação entre as estatais


Na “ciudad mágica”, como costuma referir-se a Salvador, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, se encontrou com o colega Luiz Inácio Lula da Silva para mais um encontro trimestral. E tentou realmente fazer mágica: conseguir mais dinheiro do Brasil em troca de promessas de integração e de não estatizar o capital brasileiro no país. Chávez garantiu um convênio de cooperação técnica da Caixa Econômica Federal (CEF) para criar uma rede bancária pública e um sistema de financiamento de casas populares na Venezuela, além da ampliação de uma linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para projetos de infraestrutura no país. Mas, quando o assunto foi petróleo, o entendimento travou.


A Petroleos de Venezuela (PDVSA) ainda não investiu na refinaria binacional Abreu e Lima, na qual teria uma parceria com a Petrobras, em Pernambuco. No entanto, a estatal busca o direito de vender o petróleo importado no Brasil — exclusividade da empresa brasileira. Chávez manifestou essa “frustração” a Lula e ao presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. “Lamentável não sermos capazes de fazer um acordo. Confesso que estou frustrado. A culpa é dos dois governos”, protestou. A Venezuela deveria entrar com 40% dos recursos para a construção da refinaria, mas só o Brasil investiu na obra. O valor necessário para a refinaria está estimado em US$ 4,5 bilhões — quase o mesmo montante que o BNDES deve liberar para projetos na Venezuela.


A conversa entre Lula, Chávez e Gabrielli vazou no sistema de tradução simultânea montado para a entrevista coletiva. Durante uma hora, os jornalistas presentes no Hotel Pestana, local do encontro, ouviram todos os detalhes da difícil negociação sobre a refinaria binacional. O contrato de parceria entre Brasil e Venezuela venceria ontem, mas Gabrielli pediu 90 dias para resolver três pontos pendentes: custos de investimento, preço do petróleo e comercialização do produto. Lula brincou: “Se eu conseguir eleger a Dilma (Rousseff, ministra da Casa Civil), eu já disse para o Gabrielli, eu vou ser o presidente da Petrobras e você, Gabrielli, vai ser meu assessor, e o acordo (com a Venezuela) vai sair”. “E eu vou fazer o quê? Não quero fazer nada”, admitiu Chávez.


Os presidentes conversaram sobre o processo de nacionalização liderado na Venezuela, que já afetou fábricas de processamento de leite, siderúrgicas e petroleiras estrangeiras. “Estamos numa fase de nacionalização de empresas no país. Menos as brasileiras”, disse Chávez. O BNDES prometeu emprestar US$ 4,3 bilhões para projetos de infraestrutura realizados por empresas brasileiras na Venezuela, como o metrô de Caracas, obra da Odebrecht. “Tentei conversar com Dom Emilio (presidente da Odebrecht) para ir ao socialismo. Ele riu e me disse que não”, contou Chávez.

TV digital

Lula tentou convencer o Ministro de Ciência e Tecnologia e Indústrias Intermediárias da Venezuela, Jesse Chacón, a adotar o padrão japonês de TV digital, escolhido pelo Brasil. Alinhado com a decisão cubana, Chávez tem reiterado o interesse pelo padrão chinês (DTMB). Uma reunião em Salvador apresentou às autoridades venezuelanas o padrão ISDB-T de TV digital — japonês com inovações brasileiras — e prometeu abrir mão dos direitos autorais de uso do software de interatividade Ginga, caso Chávez escolha o modelo. Os chefes de Estado revisaram o processo de adesão da Venezuela ao Mercosul e detalhes da cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul), prevista para julho, no Chile.

Se eu conseguir eleger a Dilma, eu já disse para o Gabrielli: eu vou ser o presidente da Petrobras e você, Gabrielli, vai ser meu assessor. E o acordo (com a Venezuela) vai sair

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