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sexta-feira, junho 12, 2009
BRASIL: "MEU MULATO INZONEIRO..." *
Carlos Eduardo Novaes **,
Jornal do Brasil
RIO - Não sei se já fizeram um levantamento dos países com mais feriados, mas o Brasil com certeza está entre os primeiros. Na véspera do Corpus Christi, Marta me surpreendeu ao chegar mais cedo do consultório:
– Todos os clientes da tarde desmarcaram! – explicou.
– O que houve? – interrompi meu texto no computador. – Um complô contra você?
– Amanhã, quinta-feira, é feriado. Esqueceu?
Como haveria de lembrar? Diferente da maioria dos mortais, realizo meu trabalho em casa, o que faz com que todos os dias se pareçam, seja segunda, domingo ou feriado.
– Reservei uma pousada no Pico de Itatiaia – continuou ela.
– Não podia arranjar um lugarzinho mais frio? – ironizei.
– Vamos embora! Levanta daí e vai arrumar sua mala.
– Já está pronta desde o último feriado.
– Ótimo! Sairemos mais depressa. Vombora! Vombora, que tem 3 mil ônibus e 320 mil carros deixando o Rio e eu não quero passar o fim de semana prolongado num congestionamento!
Salvei o texto no computador e tentei argumentar:
– Já viajamos no Carnaval, Semana Santa, Tiradentes, São Jorge, Primeiro de Maio... não dá para ficarmos em casa dessa vez?
– Fazendo o quê? Todo mundo está indo para fora! A cidade vai ficar um deserto. Vombora! Precisamos relaxar!
Não adiantou dizer que eu estava relaxado, relaxadíssimo. Levantei-me sem ânimo, praguejando contra o calendário. Irrita-me esse clima que antecede os feriados prolongados, as pessoas excitadas como que preparando uma fuga em massa da cidade. Desci a garagem, enquanto Marta fazia sua mala, uma mala para dois meses de feriados. Encontrei um vizinho arrumando a bagagem da família no carro. Sua aparência não era das melhores, expressão cansada, olheiras profundas, ele gemeu:
– Mais um feriado prolongado...
– Está viajando também?
– Que jeito? Sou sempre voto vencido na família. Eu não aguento mais! Não aguento mais ir para fora. Quero ficar em casa coçando o saco, olhando para o teto, mas minha mulher diz que precisamos viajar ou os vizinhos vão pensar que a crise nos pegou e estamos sem dinheiro.
– Quatro dias passam rápido – reconfortei-o. – Procura se manter ocupado. Pega uma enxada, tira leite da vaca, levanta um muro... Você nem vai notar o tempo passar!
– Ando à beira de um estresse de tanto feriado – lamentou-se.
Nisso, apareceu a mulher dele com os três meninos. Cumprimentou-me com cara de poucos amigos, enfiou os filhos no carro e berrou para o marido:
– Vamos, Mateus! Vamos logo para essa droga desse feriado!
Ele despediu-se e percebi seus olhos brilharem quando consolei-o informando que não haveria mais feriados até setembro.
– Agora só no Dia da Independência. É uma segunda-feira!
– Putz! – abateu-se. – Outro prolongado! É por isso que nosso PIB está caindo. Ninguém mais trabalha nessa terra!
Ao chegarmos à pousada, recuperei o ânimo ao ver um cartaz anunciando que a pizza era feita em forno caipira. Marta dirigiu-se ao quarto e eu chamei a recepcionista a um canto:
– Escuta. Vocês não precisam de alguém para fazer as pizzas?
– Temos um excelente pizzaiolo – disse ela. – Mas... o senhor não veio para descansar?
– Descansar? Estou exausto de tanto descansar. Quero é trabalhar! Posso ajudar a cortar lenha?
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** Carlos Eduardo Novaes é escritor
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(*) AQUARELA DO BRASIL (Ary Barroso).
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