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terça-feira, agosto 04, 2009

BRASIL: GRIPE SUÍNA (VÍRUS H1N1)

GOVERNO CEDE E LIBERA TAMIFLU

SÓ PRECISA DA RECEITA MÉDICA


Autor(es): Ricardo Brito
Correio Braziliense - 04/08/2009


Governo autoriza profissionais particulares a prescreverem o Tamiflu para pacientes com suspeita de terem contraído o vírus H1N1
Elza Fiúza/ABr
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participou de encontro promovido pelo ministério com 40 especialistas: maioria dos infectologistas aprova a liberação do Tamiflu


O Ministério da Saúde anunciou ontem, durante encontro promovido com especialistas em Brasília, que médicos particulares agora têm autonomia para receitar o medicamento para combate a gripe A (H1N1). Antes, apenas os médicos dos hospitais mantidos pelo estado que são referência no tratamento da doença tinham poder para prescrever o Tamiflu, remédio retirado há quatro meses de circulação. Contudo, o médico que receitar o Tamiflu para casos que não sejam graves ou para grupos de risco assumirá a responsabilidade pela indicação do medicamento. A decisão também valerá para profissionais da rede pública que não trabalham nos hospitais considerados como referência no tratamento da doença. Os pacientes continuarão a pegar o Tamiflu nas redes municipal, estadual e federal de saúde, uma vez que o Ministério da Saúde manterá o monopólio da distribuição.


“Foi uma decisão sábia”, afirmou o infectologista David Uip, um dos 40 especialistas presentes no encontro, que contou com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Para terem acesso ao remédio, os pacientes levarão, aos locais de distribuição do medicamento na rede pública, a receita do médico com uma ficha do Ministério da Saúde em que serão informadas as condições clínicas da pessoa. O médico ficará responsável pela prescrição do remédio. A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde não esclareceu ontem qual o teor de responsabilidade aos médicos que receitarem o Tamiflu.


Segundo o infectologista David Uip, a decisão vai facilitar a vida de médicos e pessoas com suspeita de terem contraído a nova gripe. Antes, afirma, a pessoa precisava passar por duas avaliações para ter acesso ao medicamento. A primeira, do médico particular ou do profissional da rede pública que não era de um centro de referência. Com a decisão, o usuário não precisará passar por essa segunda consulta.

Na verdade, desde a quarta-feira da semana passada, o ministério havia liberado a prescrição do Tamiflu sob essas condições. No entanto, poucos estados estavam se valendo da mudança de procedimento. O Rio de Janeiro, por exemplo, começou a flexibilizar o uso do medicamento apenas no fim de semana. Para facilitar o acesso da população ao medicamento, o governo descentralizou ainda mais os locais de entrega do medicamento.

Eficácia
Segundo os especialistas, o uso mais flexível e rápido do Tamiflu aumenta a eficácia do medicamento. Os pacientes que recebem o medicamento antiviral nas primeiras 48 horas após o contágio têm excelentes respostas. Por isso, a intervenção tem que ser rápida. “A maior dificuldade é tentar identificar os casos da doença antes que os sintomas se agravem. Depois, não há muito o que ser feito”, afirmou Jarbas Barbosa, gerente de Vigilância em Saúde, Prevenção e Controle de Doenças da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

O ministério tem 9,5 milhões de kits para tratamento da gripe A. Ontem, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 18 milhões de vacinas da nova gripe de um laboratório no exterior. Um milhão de doses chegará este ano e outros 17 milhões nos três primeiros meses de 2010. O governo deve vacinar primeiros os grupos de risco e os pacientes graves de forma escalonada.

NE em estado de alerta


Rodrigo Couto


Depois da confirmação de mais duas mortes no Nordeste, uma na Bahia e outra em Pernambuco, a região já não é mais considerada local de menor mortalidade da gripe suína. Infectologistas ouvidos pelo Correio sustentam que o clima quente diminui o risco de contaminação, mas não reduz a evolução da enfermidade.

Segundo o infectologista Cézar Carranza, da Universidade de Brasília (UnB), a propagação do vírus H1N1 no Nordeste já era esperada. “A temperatura diminui o risco de contágio, mas não o de evolução negativa da doença. Como a maioria da população é de baixa renda e não tem um bom atendimento médico, isso deve favorecer a disseminação.”

Ontem, a Bahia confirmou o óbito de um homem de 50 anos, residente de Salvador, primeira vítima fatal da gripe A no estado. Hipertenso, o paciente morreu no dia 28 de julho. Pernambuco também registrou a primeira morte em decorrência da doença. A vítima, uma menina de 17 anos, faleceu ontem de manhã, em Olinda. A outra morte pela nova gripe no Nordeste ocorreu na Paraíba, em 28 de julho.


No total, 92 pessoas já perderam a vida no país em virtude de complicações do vírus (veja quadro), segundo as secretarias estaduais de Saúde. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, divulgado na sexta-feira, os óbitos chegam a 56. A pasta, que atualiza as informações uma vez por semana, admite que os números estão desatualizados.

Ontem, a Tia Augusta Turismo informou que, no grupo em que estava Jacqueline Ruas, 15 anos, que morreu no voo de volta ao Brasil após viagem a Disney, nos Estados Unidos, havia um menino de 11 anos diagnosticado com a gripe suína. Jacqueline foi enterrada ontem, em São Caetano do Sul. O garoto passa bem.


Tira-dúvidas


Mestre em infectologia pela Universidade de São Paulo (USP), Artur Timerman, chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, esclareceu dúvidas enviadas pelos leitores. Confira abaixo as perguntas e respostas. Envie também seu questionamento para o e-mail leitor.df@diariosassociados.com.br.


É melhor pegar a gripe A agora que temos um medicamento que faz efeito (tamiflu) do que ser contaminado posteriormente, quando não sabemos se o vírus pode ser mais perigoso devido às mutações que pode sofrer?
É difícil saber como o vírus irá se comportar daqui para frente. Muitos dos casos que temos visto atualmente já se revestem de grande gravidade. Se formos lenientes e deixarmos os vírus circularem livremente, isto é, facilitando a aquisição de novas infecções, o resultado final pode vir a ser desastroso, uma vez que haverá maiores possibilidade de recombinação do vírus, com a formação de um vírus mais agressivos e de maior facilidade de transmissão. A nossa responsabilidade social agora é reduzir ao máximo possível a circulação do vírus.

Quem tem diabetes (de todos os tipos) está no grupo de risco ?
Grupo de risco para vírus pandêmico, como o atual, somos todos. Certamente, algumas pessoas podem ter fatores prognósticos que podem antecipar uma pior evolução. Diabéticos mal controlados certamente têm maior risco de desenvolvimento de formas graves de qualquer infecção, inclusive a gripe A (H1N1).

Se a doença se propaga com mais facilidade em regiões frias, por que três pessoas já morreram no Nordeste?
O vírus também se propaga, embora com menos facilidade, em regiões de clima quente. O uso generalizado de aparelhos de ar condicionado também facilita a propagação.

O que faz o paciente morrer depois de contrair o vírus da influenza A (H1N1)?
A principal causa de morte em pacientes correlaciona-se à sua maior penetração no tecido pulmonar em comparação ao vírus epidêmico, induzindo a uma resposta inflamatória intensa. É a assim denominada pneumonia virótica. Na gripe sazonal, as principais causas de letalidade correlacionam-se às complicações bacterianas secundárias.

Quais as medidas mais eficientes para eliminar o vírus?

Higiene pessoal, como lavagem de mãos, não compartilhar talheres e pratos, evitar aglomerações, exercícios leves ao ar livre, hidratação e boa alimentação.





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