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segunda-feira, agosto 31, 2009

ILHA DE VERA CRUZ [In:] ''MARINA, MORENA MARINA..."

Marina se filia em clima de campanha

Uma festa verde para Marina em SP

Jornal do Brasil - 31/08/2009

A senadora Marina Silva oficializou ontem, em cerimônia realizada em São Paulo, sua filiação ao Partido Verde. Provável concorrente à Presidência da República pelo PV em 2010, preferiu ainda não comentar a hipótese. Marina, contudo, foi recebida em clima de comício pelos novos colegas de sigla. Ao entrar no salão, os membros do partido gritavam "Brasil, urgente, Marina presidente", e a aplaudiam.

SÃO PAULO - A senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva oficializou, ontem, em uma cerimônia em São Paulo, sua filiação ao Partido Verde (PV). Militante histórica do Partido dos Trabalhadores, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina anunciou seu desligamento do PT no último dia 19 de agosto, após três décadas de militância na agremiação.

Marina, que deve concorrer à Presidência da República pelo PV nas eleições de 2010, preferiu não comentar sua possível candidatura durante o evento. A senadora, contudo, foi recebida em clima de comício pelos novos colegas de sigla. Ao entrar no salão, os membros do partido gritavam “Brasil, urgente, Marina presidente”, numa versão própria do grito já entoado por militantes petistas para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em alguns eventos. Marina foi bastante aplaudida em diversos momentos, e até um vídeo com trechos da trajetória de vida da senadora foi transmitido no início da cerimônia.

– A decisão que for tomada em 2010 tem que vir de um processo que está evoluindo de forma positiva. Obviamente que me sinto honrada com o convite e à forma com que a sociedade recebe a indicação de uma eventual candidatura. Mas essa é uma decisão que vamos tomar em 2010 – disse a senadora após o evento.

Filiada ao PT desde 1985, Marina fundou, junto com o líder seringueiro Chico Mendes, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Acre e exerceu os cargos de vereadora e deputada estadual. No discurso em que formalizou sua adesão ao Partido Verde, a senadora voltou a dizer que não tem “ilusões de um partido perfeito” ao falar do PV e comparou sua saída do PT a de um filho que deixa a casa dos pais.

– Eu disse aos meus companheiros (do PT) que, às vezes, dentro de uma casa, é necessário que o filho saia para fazer sua própria casa. Isto não significa que estamos rompendo com as coisas boas ou os erros cometidos no passado – contou a senadora. Afirmando estar procurando “uma nova maneira de caminhar”, Marina disse que pretende desenvolver no PV políticas que integrem questões ambientais e sociais com o desenvolvimento econômico.

A senadora, que falou por cerca de meia hora a uma multidão de membros do partido e simpatizantes, lembrou Chico Mendes e figuras como Martin Luther King e Nelson Mandela. Em uma fala que tirou lágrimas e aplausos em vários momentos do público presente, Marina afirmou:

O PV, ao se dispor a fazer uma revisão no seu programa e em sua estrutura partidária, me moveu para esse desafio. Estou saindo para fazer outra casa, mas para morar na mesma rua... Não é errado ter diferentes interesses. Nós precisamos de lideranças multicêntricas para questões multicêntricas – explicou. – Todos os partidos não podem se furtar a esse desafio da sustentabilidade. Estamos crentes que a velha política de se fazer as coisas para as pessoas precisa mudar para uma política com as pessoas.

A cerimônia, realizada durante encontro nacional do partido, começou por volta das 11h e, segundo o partido, pelo menos 1.000 pessoas se inscreveram para acompanhar a solenidade. O encontro ocorreu em um grande espaço de eventos de São Paulo, e faixas com a imagem da senadora nas cores verde e amarela foram expostas na fachada.

Em discurso, o presidente do partido, José Luiz Penna, afirmou estar honrado com a entrada da ex-ministra na legenda, e disse que a mudança representa “um importante passo na luta pelo meio ambiente”. Penna também disse que a decisão de sair candidata ou não a presidente é da senadora.

– Se a Marina decidir, nós vamos apoiar. É uma questão de ela se sentir confortável com a candidatura. Se na trajetória ela decidir por outra coisa, nós a apoiamos – explicou.

Já o líder do PV na Câmara, deputado José Sarney Filho (MA), foi menos contido. Para o deputado, com a entrada da senadora na sigla, já possível sentir o “efeito Marina” no país.

– A sua entrada no Partido Verde e a possibilidade de concorrer à presidência do Brasil dá a oportunidade de qualificar a disputa eleitoral. O “efeito Marina” já está acontecendo – afirmou em discurso durante a cerimônia, que contou com a presença, também, de celebridades como os atores Vitor Fasano e Cristiane Torloni.

O deputado federal Fernando Gabeira (RJ), um dos expoentes do PV, afirmou que agora o objetivo estratégico do partido é trabalhar pela redução das emissões de carbono, mas que a legenda não deve deixar de discutir outros temas como violência urbana, ética na política e geração sustentável de energia. Rebatendo críticas recebidas pelo partido nas últimas semanas por conta de apoios à oposição e ao governo, Gabeira disse que “em 2002 chegamos apoiando o PT com a bandeira da ética na política, e hoje temos um governo moralmente frouxo e um Congresso apodrecido”. O deputado federal também reforçou promessas da legenda de mudanças em seus quadros.

– Não tem sentido ter em nosso partido pessoas que não são comprometidas com nosso programa – criticou.

Eleita senadora pelo Acre, Marina exerce atualmente seu segundo mandato na casa. Em 2003, tomou posse como ministra do Meio Ambiente do governo Luiz Inácio Lula da Silva, permanecendo no cargo até maio de 2008, quando pediu sua demissão ao presidente. À época, especulou-se que o pedido de demissão estaria relacionado com embates entre ela e Dilma Rousseff provável candidata do PT à Presidência em 2010. A senadora, no entanto, não quis comentar sobre eventuais discordâncias com a ministra e afirmou que prefere “não se colocar no papel de vítima” da ministra. (Com agências).

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