A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
PENSAR "GRANDE":
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
***************************************************
“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
----
''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).
"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).
"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br
=========valor ...ria...nine
folha gmail df1lkrha
***
sexta-feira, novembro 27, 2009
''CRACK" [In:] UMA FISSURA NA ''CÉLULAR MATER'' DA SOCIEDADE...
CRACK O FLAGELO DAS FAMÍLIAS
AS DORES DE UM VÍCIO | ||||
Autor(es): # Samanta Sallum | ||||
Correio Braziliense - 27/11/2009 | ||||
Crack dilacera famílias pobres e ricas, no interior e na capital. Enquanto uma mãe atira no filho viciado, um pai se preocupa com os roubos, as ameaças de traficantes e as internações constantes por causa da “pedra da morte” Enviada especial
Domingo de Páscoa, 12 de abril. Para Tobias, não fazia diferença que dia era. Não havia mais dias nem noites. A fissura provocada pelo vício do crack tornava sem sentido qualquer calendário. O crack matou o rapaz de 25 anos e marcantes olhos azuis. A droga fez a mãe apontar uma arma para o único filho. Um filho fora de controle, violento, irreconhecível, que ameaçava incendiar a casa, num bairro nobre de Porto Alegre (RS). A pedra de crack que custa apenas “cinco pila”, como dizem, até então considerada droga de periferia, de mendigo, invadiu lares da elite da capital gaúcha e fez uma de suas vítimas ser morta pela própria mãe, num momento de desespero. Seis meses depois da tragédia, Flávia Costa Hahn, 60 anos, que chegou a ser presa, sente-se tão sem vida quanto o filho que se foi. Sente-se derrotada na luta que travou durante anos para resgatá-lo das drogas. Foram oito internações e mudanças de cidade para afastá-lo dos traficantes. Chegaram a morar em Brasília entre 2002 e 2004, quando Tobias conseguiu deixar a cocaína. Mas não adiantou. Na volta a Porto Alegre, o crack se apoderou do corpo e da alma do rapaz, que chegou a ser modelo. Flávia recebeu o Correio em sua casa, no cenário onde teve a última discussão com o filho. Numa entrevista exclusiva, dispôs-se a falar no assunto. Foi à beira da piscina, na pérgula com vista de cartão-postal para o Rio Guaíba, numa casa de três andares que conversamos. Flávia apontou para as portas e janelas envidraçadas. “Tá vendo todos os esses vidros? Tive de trocá-los várias vezes. Ele quebrava tudo, quando queria dinheiro para comprar pedra”, relembrou. O consumo de drogas começou aos 14 anos. A escalada de Tobias foi maconha, cocaína e crack. Flávia tinha de lidar diretamente com os traficantes que ficavam numa boca de fumo a 200m de sua casa. “Um deles usava a jaqueta do meu marido, que Tobias tinha dado em troca de crack.” Nos últimos tempos, tinha virado rotina ir ao ponto do tráfico resgatar o que o filho deixava, contou ela lançando o olhar para um tapete persa da sala de estar. “Aquele ali tive de buscar também. Eram objetos de valor financeiro e sentimental. Tobias sabia que eu iria pegar de volta”, relatou. De príncipe a mendigo// Filho da representante comercial e de um engenheiro alemão, Tobias gostava de futebol, de Bob Marley e era gremista. Chamava atenção pela beleza, e chegou a ser convidado a fazer teste para o programa da Xuxa. Mas foi rápida a transformação do príncipe em mendigo. Envolveu-se com gangue de assaltos e roubava cartão de crédito. Tinha de ser arrastado para ser internado. A família chegava a pagar clínicas com diária de R$ 400. Batia em Flávia quando ela se recusava a dar dinheiro. Abandonou os estudos e não conseguia trabalhar. Chegava a consumir 10 pedras por dia. Foi com o revólver .44 do marido que Flávia, numa tentativa de assustar o filho que a ameaçava, acabou fazendo o disparo fatal. Momento de que não quer mais se lembrar. Segundo relato à polícia, Manfred (o marido) tinha a arma por receio de assaltos. Por volta das 14h daquele domingo de Páscoa, Tobias, que passava grande parte das noites na boca de fumo, apareceu. Almoçou e depois chamou a mãe para a cozinha. Queria dinheiro. Flávia não quis dar. O rapaz pegou a mãe pelos cabelos e a arrastou. Ele insistia e Flávia se mantinha irredutível. Não queria mais dar dinheiro para o filho comprar crack. Tobias quebrou louças, jogou a mãe sobre os cacos, girou os botões do fogão para liberar gás, pegou o isqueiro e ameaçou explodir a cozinha com ela dentro. Flávia fugiu e abriu o canil soltando dois cães rottweillers, tentando se proteger com os cachorros. Descontrolado, o filho pegou uma faca. Foi quando a mãe encontrou o revolver do marido, que estava no armário próximo, apenas para assustar, atirando para cima. Mas acabou pegando no pescoço do rapaz. A Justiça ainda vai decidir por que crime Flávia responderá. Provavelmente homicídio sem intenção de matar. Pode ser ainda que o juiz entenda, mesmo que ela seja condenada, que não há necessidade de prisão devido ao já sofrimento causado pela tragédia à acusada. Flávia chegou a ser presa no dia, depois foi internada devido ao estado de choque. Hoje é acompanhada por psiquiatras e responde o processo em liberdade. “Eu queria tentar de novo. Queria mais uma chance para salvar o meu filho. Queria ele de novo, mesmo daquele jeito”, desabafa. O único esboço de reconstrução de vida de Flávia é quando fala da vontade de ajudar a criar um centro de reabilitação de dependentes químicos, que teria o nome do filho. Hoje, ela já ajuda uma amiga do filho que também está viciada e foi expulsa de casa. E reclama das autoridades e da falta de estrutura do sistema de saúde pública para lidar com o problema. No Rio Grande do Sul, o consumo de crack é apontado como epidemia. São 55 mil usuários no estado, segundo dados oficiais. Mas estima-se que os números sejam bem maiores.
Flávia Costa Hahn ----------------
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário