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quarta-feira, novembro 18, 2009
GOVERNO LULA/APAGÃO ELÉTRICO: ''O QUE QUE HÁ? O QUE ´TÁ ACONTECENDO..." *
GOVERNO AINDA NÃO ENTENDEU O APAGÃO
O CURTO-CIRCUITO CONTINUA | |||||||
Autor(es): Tiago Pariz | |||||||
Correio Braziliense - 18/11/2009 | |||||||
Um semana depois do apagão, governo desconsidera problemas apontados por especialistas na transmissão de energia e deixa de lado a segurança do sistema
Modelo energético antigo, gestão ultrapassada, manutenção precária das linhas de transmissão, sistema sobrecarregado. Para esses problemas apontados por especialistas, o governo dá respostas sem sintonia para evitar novos apagões no país. Uma semana depois do blecaute que deixou 18 estados no escuro, a aposta é aumentar a oferta e o acesso energéticos e deixar em segundo plano ações para dar a segurança de um fornecimento regular aos consumidores. Até agora, a única certeza é que o bolso dos brasileiros pagará a conta da lambança energética do Executivo. A Agência Nacional de Energia Elétrica vota amanhã o edital da licitação para início das obras da usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). E o governo cogita, como informou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, lançar o edital antes mesmo de sair a licença ambiental para o projeto. Todo esse esforço para atropelar a burocracia estatal, classificada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a assessores como “absurda”, está sendo feito para cumprir o prazo estabelecido pelo governo para licitar a obra da segunda maior hidrelétrica do país até 21 de dezembro — um mês antes devem ser lançadas as regras da escolha da empresa que tocará o projeto.
Em outra frente, está sendo preparada a licitação ainda este mês de novas linhas de transmissão. A meta do Ministério de Minas e Energia é construir 4.997 km de linhas em 2010, chegando a 99.643km em todo o sistema interligado. Os analistas, no entanto, dizem que, apesar da importância em distribuir a energia gerada, o governo deveria apresentar um plano para melhorar a gestão e investir na segurança do sistema, que são mais baratos do que usina e novos circuitos de distribuição de energia. Reportagem do Correio publicada no último e sábado mostrou relatórios do Tribunal de Contas da União e do Operador Nacional do Sistema (ONS) alertando que desde 2004 havia a necessidade de incrementar investimentos para reforçar as torres de transmissão. O ONS chamou a atenção para o reforço do circuito de Itaipu para São Paulo, justamente o local do problema da semana passada. “Houve mais investimentos em geração e transmissão de energia. Mas agora é uma questão de gestão e operação do sistema”, disse o presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. “O consumidor tem que entender que vai encarecer a tarifa por conta desse problema”, disse o especialista. Para ele, o governo ataca o problema de maneira equivocada. “Não tem problemas físicos com acesso à energia gerada, não há problema de transmissão e está sobrando energia”, disse Pires. “É preciso melhorar a gestão e investir em equipamentos que dêem segurança ao sistema”, frisou o especialista em infraestrutura energética. O governo cerrou-se em reuniões técnicas ontem. Em Brasília, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmerman, formou um gabinete de acompanhamento do fornecimento energético. No Rio de Janeiro, o ONS juntou todos os técnicos envolvidos para fazer uma análise do que ocorreu. Depois do relatório do ONS, enviado ao Ministério Público, sobre uma falha numa linha de transmissão oito horas antes do apagão, falam em sobrecarga no sistema, mas os políticos resistem a essa explicação porque teriam de admitir a fragilidade do fornecimento energético. O secretário-executivo disse não haver possibilidade de aparecerem novas hipóteses para a falta de energia que durou cinco horas na última semana. A oposição também adotou o mesmo discurso. O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) descartou que o problema energético seja falta de aporte em transmissão e geração, mas na manutenção dos 94.646 km de linhas existentes. “Falta investimento quando o problema é inevitável. O apagão poderia ter sido evitado se tivesse segurança no sistema, se o modelo fosse diferente e a operação, adequada. E isso se faz com pouco dinheiro”, afirmou o parlamentar baiano.
Divergência técnica
A preocupação de sobrecarga é tanta que o ONS reduz desde sábado a geração de energia de Itaipu para dar segurança ao fornecimento e evitar novos apagões. “A geração de Itaipu no setor de 60 Hz foi inferior ao valor programado visando prover maior segurança elétrica devido às condições atmosféricas desfavoráveis com presença de chuvas, ventos e descargas atmosféricas”, informou o relatório de desempenho do Sistema Integrado Nacional publicado diariamente pelo operador. “De forma a evitar corte de carga”, seguiu o documento. O ONS ainda não descartou que o blecaute tenha sido causado por um raio. Segundo Chipp, a falha de fornecimento ocorreu porque a primeira linha que entrou em curto não foi desconectada por proteção, deixando o sistema suscetível e instável próximo à estação de Itaberá, no interior de São Paulo. Com a queda de outras duas linhas de transmissão, 18 estados ficaram sem luz por oito horas. “Nenhum sistema do mundo é imune a blecaute”, afirmou Chipp. A tese de falta de isolamento é vista com ressalvas pelo governo. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, marcou reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na sexta-feira para discutir os relatórios técnicos. Enquanto há divergências sobre as causas, os blecautes continuam. Ontem moradores de sete cidades do interior paulista, além de Belo Horizonte, sofreram com a falta de luz causada pelas chuvas.(TP)
E eu com isso A confusão do governo e a clara contradição entre políticos e técnicos sobre as causas do blecaute que atingiu 18 estados só mostram que qualquer solução apresentada para garantir uma resposta à irregularidade do fornecimento de energia deverá acarretar aumento nas tarifas. Mais uma vez é o consumidor quem arcará com os problemas. Em 2001, durante o racionamento, o brasileiro teve de apagar as luzes para evitar picos no consumo e quedas prolongadas de energia. ------------ |
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