Para EUA e outras potências, não há chance de tratado que fixe novas metas para redução de emissão de gases
O presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes mundiais adiaram a fixação de novo acordo sobre o clima. A cúpula das Nações Unidas sobre o assunto, em Copenhague, no próximo mês, deve resultar numa declaração inespecífica e não obrigatória, deixando de lado os pontos mais difíceis.
Para os líderes, que estão em Cingapura para o encontro da Apec, (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), não é realista esperar que um acordo compulsório seja fechado em Copenhague. A ideia é deixá-lo para outra conferência, possivelmente a da Cidade do México, em dezembro do ano que vem.
Encontro em Copenhague, no próximo mês, deve produzir uma declaração de intenções e não um tratado compulsório
Barack Obama e premiê da Dinamarca, anfitrião da conferência climática da ONU, anunciaram decisão ontem em encontro na Ásia
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros líderes globais decidiram adiar a difícil tarefa de alcançar um acordo para o clima. Ou seja, a conferência da ONU sobre o assunto, no próximo mês em Copenhague, deve agora resultar apenas em uma declaração "politicamente vinculante", algo pouco específico e não obrigatório, deixando os pontos mais difíceis para mais tarde. Ontem, num café da manhã arranjado de última hora durante o encontro da Apec (sigla em inglês para Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), em Cingapura, os líderes, incluindo Lars Rasmussen, premiê da Dinamarca e anfitrião da conferência do clima, concordaram que, para salvar o encontro de Copenhague, eles teriam que jogar um acordo legalmente compulsório para um encontro futuro -possivelmente a conferência do clima da Cidade do México, em dezembro do próximo ano. "Existe uma avaliação entre os líderes de que não é realista esperar que um acordo completo, legalmente obrigatório, seja negociado entre agora e Copenhague, que começa em 22 dias", disse Michael Froman, assessor de economia dos Estados Unidos. "Não acho que as negociações tenham caminhado de forma que qualquer um dos líderes acreditasse que nós fôssemos alcançar um acordo final em Copenhague."
Tragédia anunciada Com o relógio correndo rápido e com profundas discórdias sem resolução, pareceu, por vários meses, cada vez mais difícil que as negociações de Copenhague fossem produzir um tratado novo, abrangente e compulsório sobre o aquecimento global, como os seus organizadores esperavam. O objetivo do novo acordo é ampliar o Protocolo de Kyoto, cujo primeiro período de compromisso expira em 2012, e ao mesmo tempo incluir ações mais substanciais de corte de emissões por parte dos Estados Unidos e dos países emergentes, como o Brasil. A decisão de ontem sedimenta algo que os negociadores já tinham aceitado como inevitável: os representantes das 192 nações não se entenderiam a tempo. O abismo entre os países ricos e pobres, e mesmo entre os ricos, era simplesmente grande demais. Entre as principais barreiras para um acordo abrangente em Copenhague no próximo mês está a incapacidade do Congresso americano de promulgar uma legislação que apontasse metas obrigatórias de corte de gases-estufa no país. Sem tal comprometimento por parte dos Estados Unidos, o maior poluidor histórico, todos os outros países, ricos e pobres, ficam avessos a fazer suas próprias promessas de redução de emissões de gases-estufa. Membros do governo americano e líderes no Congresso vinham dizendo que leis sobre o clima não sairiam antes do primeiro semestre de 2010. A decisão da Apec foi muito criticada por ambientalistas. "O premiê dinamarquês Rasmussen tornou-se cúmplice do chamado "acordo" americano, que colocaria as dificuldades políticas de Obama acima da sobrevivência dos países mais vulneráveis do mundo", disse Kaisa Kosonen, conselheira de política de clima do Greenpeace, na véspera de uma reunião ministerial hoje em Copenhague que deveria preparar o terreno para a cúpula de dezembro. Ela questionou se outros líderes europeus sabiam da decisão tomada na Apec. A ONG WWF disse que os líderes "perderam uma grande oportunidade de se aproximar de um acordo justo, ambicioso e compulsório" em Copenhague e que "isso não parece ser uma estratégia inteligente" contra a mudança climática.
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