A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).
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domingo, fevereiro 21, 2010
A HORA DO "ÂNGELUS": CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2010 ''ECONOMIA E VIDA''.
A Igreja Católica do Brasil, todos os anos na Quaresma, propõe um tema para reflexão, instrução e vivência do povo cristão. Neste ano, o tema que a CNBB propõe é “Economia e Vida”. O lema é: “Vocês não podem servira Deus e ao dinheiro”. Como já aconteceu em outros anos, a Campanha da Fraternidade atual tem caráter ecumênico, isto é, foi aceita e assumida também por boa parte dos cristãos não católicos.
Todos dependemos do dinheiro para viver. Quando falta, a pessoa passa a sofrer até alimentar-se e ter uma vida digna. Quando o dinheiro é demais, pode gerar – e muitas vezes gera – individualismo e egoísmo. A Campanha quer despertar no cristão a consciência da necessidade de colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida.
É pois esta Campanha da Fraternidade um esforço de re-educação para volvermos o olhar para o ambiente ao nosso redor e corrigir o individualismo e o egoísmo que sorrateiramente contaminam nossos sentimentos e nosso agir. Precisamos soltar as amarras e alçar voo.
A propaganda nos rádios e na televisão é tão intensa e aliciadora que leva a um consumo desenfreado e a uma cultura do desperdício. Perde-se a sensatez de verificar se o que nos é oferecido com cores vivas e tentadoras é mesmo algo de que precisamos e também se nos é útil, pois vivemos a loucura do consumismo.
Por isto esta Campanha da Fraternidade pretende reeducar-nos para uma vida mais sóbria e mais responsável, sem a escravidão e a dependência dos que perderam o senso crítico e a objetividade. Por isto vivem com a obsessão de sempre ter mais.
Esta quaresma, conforme a proposta da CNBB, quer levar-nos a uma “economia de comunhão” em que o lucro seja fonte de generosidade e convite de abertura das mãos e do coração em favor de quem nada tem. Esta é uma lúcida, oportuna e generosa Campanha da Fraternidade à luz da ressurreição do Senhor. Necessário pois lembrar e entender: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”.
Dom Benedicto de Ulhôa Vieira(1)
NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO
Em janeiro de 2010, realizou-se em Porto Alegre (e cidades vizinhas) o Fórum Social Mundial. Nascido como uma alternativa ao Fórum Econômico de Davos, o lema que orienta seus idealizadores é a convicção de que “um outro mundo é possível”, com a economia a serviço do social. Para conhecer um pouco mais o que acontece atrás dos bastidores da his-tória, é bom saber que, enquanto o Fórum Social alcançou, aos trancos e barrancos, a sua 10ª edição, o Fórum Econômico chegou à 40ª, o que prova que o econômico preme mais que o social.
Contudo, seria grande ingenuidade negar: tudo, no mundo, gira em torno da economia. É ela que se oculta atrás das decisões que se tomam em encontros de chefes de Estado. Nenhum poder – nem mesmo o religioso – foge de sua influência. A maior parte dos problemas que afligem as pessoas, as famílias e a sociedade nasce exatamente desta perversa inversão de valores em que o dinheiro ocupa o primeiro lugar. É assim que, enquanto uns morrem – física, psíquica e espiritualmente – porque possuem tudo o que querem, outros não sabem a que santo recorrer para fazer frente a necessidades que se tornam calamidades pela falta de recursos financeiros.
É nesta realidade que se insere a Campanha da Fraternidade de 2010, desta vez organizada e assumida não apenas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, mas pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil, formado por seis confissões religiosas: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Cristã Reformada, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Sírio-Ortodoxa do Brasil e Igreja Presbiteriana Unida.
O tema escolhido é “Economia e Vida”, e o lema: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. O objetivo da Campanha é conscientizar a sociedade sobre um dos aspectos mais importantes de sua organização, não apenas para a manutenção da ordem, da justiça e da paz, mas até mesmo para a própria sobrevivência da humanidade. Numa palavra, trata-se de colocar a economia no seu devido lugar, a serviço do verdadeiro desenvolvimento, onde a pessoa esteja no centro, e a riqueza – que é sempre fruto do trabalho de todos – tenha como finalidade o bem-comum. Quando isso não acontece, ela acaba nas mãos dos mais fortes – senão dos mais corruptos –, jogando na miséria um número cada vez maior de pessoas, de famílias, de empresas e de nações.
Em relação à sua doutrina social, a Igreja Católica sofreu uma forte guinada a partir da “Rerum Novarum” de Leão XIII, publicada a 15 de maio de 1891, guinada que se acentuou nos anos que se seguiram. De fato, em sua Carta Encíclica “Caritas in Veritate”, de 29 de junho de 2009, Bento XVI já fala de “democracia econômica”: «A vida econômica deve ser entendida como uma realidade de várias dimensões. Em todas deve estar presente, embora em medida diversa e com modalidades específicas, o aspecto da reciprocidade fraterna. Na época da globalização, a atividade econômica não pode prescindir da gratuidade, que difunde e alimenta a solidariedade e a responsabilidade pela justiça e o bem comum em seus diversos sujeitos e atores. Trata-se, em última análise, de uma forma concreta e profunda de democracia econômica. A solidariedade exige que todos se sintam responsáveis por todos, e não pode ser delegada apenas ao Estado»
Em suma, uma economia à medida do homem e do planeta, que não pode prescindir da parcimônia e da frugalidade, como propugnava, há mais de três décadas, Albert Tévoéd-jré em sua famosa obra: “A Pobreza, Riqueza dos Povos”. É nesse sentido que permanece atual a crítica que Cristóvam Buarque dirige à burguesia do Brasil: «Os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, sequestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não dormem tranquilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas».
Pelo instinto de sobrevivência que o domina, o ser humano é capitalista por natureza, sempre propenso a acumular, somar e multiplicar. Mas, se não aprender a dividir e partilhar, perderá a única riqueza capaz de libertá-lo, promovê-lo e realizá-lo, e o “outro mundo possível” ficará para as calendas gregas!
Dom Redovino Rizzardo(2)
O tema da Campanha da Fraternidade 2010, promovida pela CNBB e o CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil), é "Economia e vida". Lançada na Quarta-Feira de Cinzas, a campanha tem como lema o versículo do evangelho de Mateus: "Não se pode servir a Deus e ao dinheiro" (6, 24).
Em plena crise do sistema capitalista, que ameaça as finanças de vários países, o tema escolhido por bispos e pastores cristãos é de suma atualidade no ano em que os eleitores brasileiros deverão escolher seus novos governantes. A economia, palavra que deriva do grego oikos+nomos, "administração da casa", não deveria ser encarada pela ótica da maximização do lucro, e sim pelo bem-estar da coletividade.
A Campanha da Fraternidade objetiva sensibilizar a sociedade sobre o valor sagrado de cada pessoa que a constitui; criticar o consumismo e superar o individualismo; enfatizar a relação entre fé e vida, através da prática da justiça; ampliar a democracia firmada em metas de sustentabilidade.Isso significa "denunciar a perversidade de todo modelo econômico que vise, em primeiro lugar, ao lucro, sem se importar com a desigualdade, a miséria, a fome e a morte; educar para a prática de uma economia de solidariedade; conclamar igrejas, religiões e sociedade para ações sociais e políticas que levem à implantação de um modelo econômico de solidariedade e justiça."
O documento reconhece que "um bom número de brasileiros, na última década, saiu do estado convencionalmente definido de pobreza, mas o Brasil confirma hoje a realidade de enorme desigualdade na distribuição de renda e elevados níveis de pobreza. Segundo o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, em 2007 existiam no Brasil 10,7 milhões de indigentes (ou seja, famintos), e 46,3 milhões de pobres (ou seja, sem acesso às necessidades básicas: alimentação, habitação, vestuário, higiene, saúde, educação, transporte, lazer, entre outras), considerando valor dos bens em cada local pesquisado."
A parcela da população brasileira que vive em estado classificado, tecnicamente, como de extrema pobreza, continuará a ser indigente, pois não consegue, de modo geral, quebrar esse círculo vicioso, a não ser que a sociedade se organize de outro modo, colocando acima dos interesses de mercado o ser humano.
Na raiz da desigualdade social está a concentração de terras rurais em mãos de poucas famílias ou empresas. Cerca de 3% do total das propriedades rurais do Brasil são latifúndios, ou seja, têm mais de 1.000 ha e ocupam 57% das terras agriculturáveis - de acordo com o Atlas Fundiário do INCRA. É como se a área ocupada pelos estados de São Paulo e Paraná, juntos, estivesse em mãos dos 300 maiores proprietários rurais, enquanto 4,8 milhões de famílias sem-terra estão à espera de chão para plantar.
A lógica econômica que predomina na política do governo insiste em elevar os juros para favorecer o mercado financeiro e prejudicar os consumidores. Basta dizer que governo federal gastou em 2008, com a dívida pública, 30,57% do orçamento da União, para irrigar a especulação financeira. E apenas 11,73% com saúde (4,81%), educação (2,57%), assistência social (3,08%), habitação (0,02%), segurança pública (0,59%), organização agrária (0,27%), saneamento (0,05%), urbanismo (0,12%), cultura (0,06%) e gestão ambiental (0,16%).
E, no Brasil, quem mais paga impostos são os pobres, pois os 10% mais pobres da população destinam 32,8% de sua escassa renda ao pagamento de tributos, enquanto os 10% mais ricos apenas 22,7% da renda.
A Campanha da Fraternidade convida os fiéis a refletirem sobre a contradição de um sistema econômico prensado entre cidadãos interessados em satisfazer suas necessidades e desejos, e empreendedores e agentes financeiros em busca da maximização do lucro. Uma importante parcela da moderna economia capitalista é meramente virtual, decorre de vultosas movimentações de capital, não gera bens e produtos em benefício da sociedade, serve apenas para o enriquecimento de uns poucos com o fruto da especulação financeira.
O ciclo da moderna economia política fecha-se num mundo autossuficiente, indiferente a qualquer consideração ética sobre a vida humana e a preservação da natureza. A evolução da história, a miséria em que vive grande parte da humanidade, põem em questão o rigor e a seriedade dessa ciência e a bondade das políticas econômicas voltadas mais ao crescimento e à acumulação da riqueza do que ao verdadeiro desenvolvimento sustentável.
A CNBB e o CONIC propõem a realização de um plebiscito no próximo 7 de setembro - data da Independência do Brasil e dia do Grito dos Excluídos - em prol do limite de propriedade da terra e em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar. É preciso que haja leis limitando o tamanho das propriedades rurais no Brasil, de modo a evitar latifúndios improdutivos, êxodo rural, trabalho escravo e exploração da mão de obra migrante, como ocorre em canaviais.
O Evangelho, ao contrapor serviço a Deus e ao dinheiro, apela à nossa consciência: as riquezas resultantes da natureza e do trabalho humano se destinam ao bem-estar de toda a humanidade ou à apropriação privada de uns poucos que, nos novos templos chamados bancos, adoram a Mamon, o ídolo que traz felicidade à minoria que se nutre do sofrimento, da miséria e da morte da maioria?
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(*) O tema e o lema foram escolhidos no ano passado depois de muitas reuniões e pesquisas. O evento contou com a participação de várias autoridades eclesiásticas e políticas: O secretário geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa; o presidente do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), pastor sinodal Carlos Augusto Möller; a senadora Marina Silva; o economista e secretário de Economia Solidário do Ministério do Trabalho, professor Paul Singer, entre outros.
(1) http://www.cnbb.org.br/site/artigos-dos-bispos/dom-benedicto-de-ulhoa-vieira/2088-campanha-da-fraternidade
(2) http://www.cnbb.org.br/site/artigos-dos-bispos/dom-redovino-rizzardo/2086-nao-podeis-servir-a-deus-e-ao-dinheiro
(3) http://www.adital.com.br/SITE/noticia.asp?lang=PT&cod=45287
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