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domingo, julho 11, 2010

A HORA DO ''ÂNGELUS'' [In:] O CASO BRUNO/ELIZA. NEM ''FREUD'' EXPLICA !!! (2)

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Crime

A festa acabou para o goleiro Bruno


Polícia pede prisão temporária do jogador e de seu amigo Macarrão. Menor afirmou, em depoimento, que Eliza Samudio foi sequestrada e morta


João Marcello Erthal e Andréa Silva, de Contagem (MG)

Coberto por um casaco, primo do goleiro Bruno deixa Delegacia de Homicídios, no Rio, após prestar depoimento sobre o caso. (Wagner Meier/Agência Estado)

Coberto por um casaco, primo do goleiro Bruno deixa Delegacia de Homicídios, no Rio, após prestar depoimento sobre o caso. (Wagner Meier/Agência Estado)

"É comum que, em casos de homicídio, o criminoso tente atribuir a culpa a um menor de idade", adverte o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações da polícia mineira

A Polícia Civil do Rio pediu à Justiça, no fim da noite de terça-feira, a prisão temporária - por cinco dias - do goleiro Bruno, do Flamengo, e de seu amigo e funcionário, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Os dois são suspeitos da morte da jovem Eliza Samudio. A situação do jogador se complicou a partir do depoimento de um menor de 17 anos que afirmou, na Delegacia de Homicídios do Rio, que Eliza está morta. O jovem confessou ter participado do sequestro e assumiu ter dado uma coronhada, com uma pistola, que fez Eliza sangrar e ficar desacordada. Elenegou, no entanto, que tenha matado a ex-amante do jogador.

O sumiço de Eliza Samudio passou a ser tratado oficialmente como assassinato pela polícia de Minas Gerais, que conduz o inquérito. Os investigadores mineiros encararam com cautela a versão apresentada pelo menor, mas admitem que não há mais razão para acreditar que seja possível dissociar Bruno dos crimes de sequestro, homicídio e ocultação de cadáver. O Ministério Público acolheu a solicitação da Divisão de Homicídios fluminense e o pedido, então, foi encaminhado ao plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio. Ao deixar a delegacia, o promotor Homero Neves afirmou que o depoimento do menor é "crível, consistente".

O adolescente seria um primo de Bruno e foi detido na casa do jogador, no Recreio dos Bandeirantes. O depoimento foi encaminhado à Delegacia de Homicídios de Contagem, onde corre o inquérito sobre o sumiço de Eliza. O jovem teve apreensão pedida pela polícia à Justiça e deve ser encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). A polícia chegou até ele a partir de indormações dadas por um parente à Rádio Tupi.

A história apresentada pelo adolescente é reveladora, mas não serve, ainda, para esclarecer a trajetória e o grau de envolvimento dos muitos personagens da trama - além do próprio Bruno e de seu braço-direito e amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.

Para as polícias do Rio e de Minas, a versão segundo a qual o jovem teria agredido Eliza ainda é "cheia de contradições". O garoto conta que, junto com Macarrão, foi buscar Eliza em um hotel na Barra da Tijuca no dia 6. Armado, ele permaneceria atrás do banco da Land Rover de Bruno, enquanto Macarrão conduzia Eliza e o menino Bruninho, de quatro meses, até o sítio do jogador, em Esmeraldas. No meio do caminho, segundo relatou o menor, Eliza teria se assustado ao descobrir que o adolescente estava no carro. Houve discussão e o garoto, então, desferiu três coronhadas na cabeça da vítima. Eliza sangrou, ficou desacordada. “Mas não morreu ali”, disse à polícia.

O sítio de Bruno, no condomínio Turmalina, foi palco de inúmeras festas regadas a muita bebida e repleta de mulheres que, como Eliza, flertam com as extravagâncias e a falta de preocupação do mundo do futebol. Ali, Macarrão se encarregaria da outra parte do trabalho. Há duas versões: uma de que o próprio Macarrão levou o corpo de Eliza para traficantes da região de Ribeirão das Neves (MG) darem fim ao cadáver. A outra é de que Bruno teria pago 3 000 reais para o amigo Cleiton Magalhães levar o corpo para os mesmos bandidos. Em ambas as versões, os detalhes são macabros. O menor usou em seu depoimento a palavra "desossado" para descrever o que foi feito com o cadáver, que pode ter tido dois destinos, segundo ele: foi comido por cães da raça rottweiler ou "cimentado".

Motivação para o crime - Nos dois casos, ou em outros que porventura vierem a ser apresentados pelas mais de 30 testemunhas já ouvidas pela polícia, Bruno está enredado de forma irreversível. O carro, o funcionário (Macarrão), o sítio e, principalmente, a motivação, são do goleiro. E, se não prestou ainda depoimento, Bruno já deu motivos de sobra para a polícia não acreditar em suas explicações - entre elas a de que não via Eliza há dois meses e de que a jovem teria abandonado o bebê. O delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações da polícia mineira, duvida da possibilidade de Bruninho ter sido abandonado por Eliza. “Sem a criança, ela não teria nada para cobrar de Bruno”, deduz o policial.

A polícia tem boas razões para estranhar a versão do menor e a forma em que o fato veio à tona - trazido por um parente do garoto. O adolescente tenta amenizar a situação do goleiro, atribuindo a Macarrão e a Cleiton as responsabilidades diretas pela morte. "É comum que, em casos de homicídio, o criminoso tente atribuir a culpa a um menor de idade”, destacou, horas depois do surgimento do adolescente, o delegado Edson Moreira. Nesses casos, se condenados, menores de 18 anos cumprem medidas socioeducativas até atingirem a maioridade e são liberados.

O momento em que surge uma confissão também deve ser observado. Na manhã de terça-feira, policiais afirmaram que as lagoas onde o corpo está sendo procurado - a Lagoa Suja, em Ribeirão das Neves (MG), e a Várzea das Flores, em Betim (MG) - “coincidem com o que apontam as investigações”. Os locais são próximos do local onde foi encontrado Bruninho e áreas conhecidas dos amigos do jogador.

Se forem confirmadads as suspeitas da polícia mineira, carreira e vida pessoal do goleiro titular do Flamengo terão sido implodidas pelos personagens - e nos cenários - onde ele próprio cultivava todo tipo de inconsequências e exageros permitidos a quem, muito jovem, passa a ter acesso a dinheiro e algum poder. Os frequentadores das "orgias" - segundo ele próprio, comuns "nesse meio" - do sítio em Esmeraldas acabaram fornecendo, para a polícia, os relatos desencontrados que, agora, cheios de contradições, tornam a situação do arqueiro ainda mais indefensável.

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Crime

Depoimento com detalhes macabros ainda tenta livrar Bruno


Menor disse à polícia que Eliza foi estrangulada e teve o corpo jogado aos cães




Primo do jogador, o adolescente que confirmou a morte de Eliza e assumiu participação no crime levou policiais ao provável local da ocultação do cadáver.

Primo do jogador, o adolescente que confirmou a morte de Eliza e assumiu participação no crime levou policiais ao provável local da ocultação do cadáver. (FolhaPress)

O relato de quase sete horas feito pelo adolescente de 17 anos que afirma ter participado do sequestro e de agressões a Eliza Samudio surpreende pela brutalidade e pela frieza dos envolvidos no crime. E, ainda que o relato tenha nítidas intenções de preservar o jogador, dificilmente o goleiro Bruno, de quem Eliza foi amante, pode escapar da responsabilidade pelo assassinato. O menor, que é primo de Bruno, contou aos policiais da Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro que Eliza foi estrangulada com uma corda e que seu corpo foi levado para um canil. Ali, o rapaz diz ter visto o momento em que o homem identificado como “Neném” arrancou a mão de Eliza e jogou-a aos cães.

Reprodução

Trecho do depoimento

Detalhe macabro da execução, levada a cabo por um homem chamado "Neném"

O rapaz informou que foi procurado por Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, para ajudá-lo a levar Eliza para o sítio de Bruno, em Minas Gerais. Ele diz ter ficado escondido na mala do carro com uma arma. Eles passaram no flat onde Eliza estava hospedada, na Barra da Tijuca, pegaram a moça e o bebê e seguiram viagem. Pouco tempo depois, o rapaz saiu da mala do veículo e pulou para o banco de trás, dizendo “Perdeu, Eliza”. Neste momento, ela teria reagido, tomado a arma e tentado atirar. Como a munição havia sido retirada, o adolescente acabou recuperando a arma e desferiu coronhadas na cabeça da moça, que sangrou muito mas permaneceu lúcida durante toda a viagem, e não esboçou mais nenhuma reação até a chegada ao sítio do jogador, num condomínio em Contagem, próximo a Belo Horizonte .


Um dado importante, que se for confirmado pode ajudar a esclarecer a confusa cronologia do crime é a informação de que Eliza ficou sob a guarda de Sérgio Rosa Sales Camilo, e não podia usar seu telefone celular ou qualquer outro. A ligação para uma amiga em São Paulo, feita em 9 de junho e amplamente divulgada pela imprensa na semana passada, teria sido feita sob coação. Segundo o menor, foi sob ameaça de morte que Eliza disse à amiga que estava tudo bem e que Bruno lhe daria dinheiro e um apartamento em Belo Horizonte.


Daí por diante, até o desfecho macabro, o depoimento tem claramente a intenção de livrar Bruno de participação direta na morte de Eliza. Ele afirma que o jogador chegou no dia seguinte ao sítio e ficou surpreso ao ver Eliza assistindo televisão na sala. O goleiro teria perguntado a Macarrão o que estava acontecendo e dito a ele e a Sergio que resolvessem “o problema”. Depois, Bruno teria voltado para o Rio. Para finalizar, o rapaz diz que, na volta para o Rio, não contou ao goleiro nada do que havia acontecido.

Essa preocupação em não incriminar o primo não se sustenta. O menor diz que, embora não tenha contado nada do que aconteceu em Minas ao goleiro, acredita que Macarrão tenha feito isso. Ou seja, quando Bruno disse em sua primeira entrevista que um dia ainda riria de tudo isso, já sabia do que acontecera a Eliza.

Reprodução

Trechos do depoimento

O telefonema sob coação pode ajudar a compor a cronologia do crime. A surpresa de Bruno não se encaixa bem na história.

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http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/um-depoimento-cheio-de-detalhes-macabros-que-tenta-livrar-bruno

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