Vendas da Vivo à Telefónica e de parte da Oi sacudiram o mercado
A compra pela Telefónica da Espanha de 50% do capital pertencente à Portugal Telecom na Brasilcel, controladora da Vivo, trará benefícios para quem usa banda larga a médio prazo, pelo aumento da competição. O negócio custou em torno de 7,5 bilhões de euros, e a PT, por sua vez, fechou a compra de 22,4% das ações da Oi. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu não avaliar a operação, mas pretende agir via políticas públicas para reduzir as tarifas. As do Brasil estão entre as mais caras do mundo.
Entrada da Portugal Telecom na Oi e controle da Vivo pela Telefónica devem reduzir preços
A Portugal Telecom (PT) encontrou em uma parceria com a Oi o caminho para manter sua atuação no cobiçado mercado brasileiro, mesmo com a venda de sua participação na Vivo para a Telefónica. Segundo a Oi, a PT irá adquirir uma participação minoritária de 22,4% por, no máximo, R$ 8,44 bilhões. Já a Oi assumirá 10% do capital da portuguesa. Especialistas explicam que esta reestruturação vai propiciar oportunidades futuras de ganhos de escala, com serviços de maior qualidade e preços mais baixos.
Essa operação permitirá à Oi ampliar sua capacidade de investimento e de expansão nacional e internacional, mantendo o controle da empresa em mãos brasileiras, declarou em nota o presidente da Telemar Participações e acionista do grupo Jereissati, Pedro Jereissati.
Analista da Consultoria Tendências, Camila Saito lembra que a Oi enfrenta alto nível de endividamento desde a aquisição da Brasil Telecom e teria problemas para continuar investindo em infraestrutura. A entrada da PT na Oi será importante para aumentar o fôlego financeiro da brasileira, ressalta Camila.
Ela destaca que, com a compra da participação da PT na Vivo, a Telefónica torna-se líder do setor de telecomunicações no país.
As mudanças são muito positivas para a espanhola, já que o mercado tem registrado rápida migração de tráfego das redes fixas para as móveis, tanto em voz quanto em dados.
Para a consultoria Tendências, a Telefónica deve fundir as operações da Vivo e da Telesp (plataforma fixa da Telefônica no Brasil).
É esperada a integração das redes fixas e móveis, processo que possibilita elevados ganhos de eficiência, o que é tido como o novo caminho do setor.
O mercado financeiro refletiu a reestruturação do setor, com destaque para os papéis da Vivo: as ações ordinárias (com direito a voto) subiram 10,77%, a R$ 108,01, e as preferenciais tiveram alta de 3,95%, para R$ 48,15. A empresa também divulgou lucro acima do esperado no segundo trimestre.
Já os papéis da Telemar (controladora) tiveram queda ontem em função da realização de lucros. As ações ordinárias tombaram 15,99%, a R$ 35,20, e as preferenciais caíram 11,21%, a R$ 27,17.
Como os preços fixados das ações ficaram abaixo (do valor de mercado), os investidores aproveitaram para realizar lucros explicou a analista Rosângela Ribeiro da SLW Corretora.
Banda larga O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não interferiu no acordo envolvendo Portugal Telecom e Oi. Ele ainda ressaltou que a Oi continuará a ser uma empresa nacional, sob controle dos grupos Andrade Gutierrez e Jereissati, por meio de suas subsidiárias AG Telecom e LF Tel S.A, e da Fundação Atlântico.
O Brasil não poderia ter nenhuma influência nas negociações entre Telefónica e Portugal Telecom disse Lula. Enquanto eu for presidente, a empresa (Oi) vai continuar nacional. Foi para isso que foi criada, para ajudar o país na banda larga.
De acordo com a Oi, a PT contribuiu para que Portugal seja modelo no acesso de banda larga fixa e o segundo país de maior penetração de internet rápida móvel na Europa. Com esta experiência, o grupo vai se enquadrar nas determinações do governo para o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
O governo abriu as portas, e a Oi correu na frente para destacar sua imagem disse o professor da ESPM, Antônio Carlos Morim.
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