Mesmo insatisfeito com a partilha, o partido ocupará as pastas de Minas e Energia, da Agricultura, do Turismo, da Previdência e da Defesa. A legenda também ficou com a Secretaria de Assuntos Estratégicos, que ganhou mais poderes. Partido indica os nomes para as pastas de Turismo, Agricultura, Minas e Energia, Previdência e para a Secretaria de Assuntos Estratégicos, que ganhará novas atribuições. Ainda assim, a legenda não está satisfeita com as fatias do bolo Meio a contragosto, o PMDB terminou por fechar ontem o seu lote de cinco ministérios no governo Dilma Rousseff, sem incluir nessa conta o ministro da Defesa, Nelson Jobim, convidado a permanecer no cargo. O partido não levou tudo o que gostaria, mas conseguiu ampliar as atribuições da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), que passa a contar com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e, ainda, a política de saneamento. O cargo será destinado ao ex-governador do Rio de Janeiro Wellington Moreira Franco.
Dos outros quatro ministérios, dois foram indicados pela bancada da Câmara — Turismo, que ficará com Pedro Novais (MA), e Agricultura, com Wagner Rossi — e outros dois, pelo Senado — Previdência, com Garibaldi Alves Filho (RN), como o Correio antecipou, e Minas e Energia, com Edison Lobão (MA). O senador maranhense se reuniu ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se certificar de que estava tudo bem, especialmente depois do bombardeio de que foi alvo esta semana com as denúncias envolvendo a refinaria de Manguinhos.
Os ministérios do PMDB foram decididos num almoço entre Dilma e o vice-presidente eleito, Michel Temer, depois de quase 10 dias de idas e vindas, quando a sigla foi cotada para ocupar a Saúde e até Cidades. O partido não ficou lá muito satisfeito, mas concluiu que continuar forçando a porta para ampliar a sua fatia de poder só iria desgastar ainda mais a imagem da legenda, marcada pela voracidade com que busca espaços no Executivo. Os peemeedebistas também avaliaram que continuar reclamando poderia comprometer a relação de Temer com Dilma.
Nos últimos seis dias, o PMDB forçou a troca de seus ministérios. Moreira Franco não queria a SAE e nem os senadores a Previdência Social. Mas Dilma não cedeu. O máximo que ela aceitou foi ampliar as tarefas da SAE. Assim, os parlamentares fecharam, na segunda-feira, a indicação de Garibaldi Alves para a Previdência, mas o senador eleito Eduardo Braga (AM) queria o cargo para fazer frente à indicação de seu adversário no estado — Alfredo Nascimento (PR) — para o Ministério dos Transportes. Na equipe de transição, havia inclusive quem desse como certa a escolha de Braga para a Previdência. Mas, até ontem à noite, Braga, novato no jogo do poder no Senado, não havia conseguido reverter a indicação de Garibaldi na cúpula peemedebista.
O nome de Garibaldi atende não só a cúpula peemedebista do Senado. O senador é primo do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), um dos nomes que pode ameaçar a eleição de um petista para a Presidência da Casa. O nome de Garibaldi foi anunciado ontem no microblog do deputado como a indicação do PMDB para a Previdência.
Pedro Novais, por sua vez, embora seja da cota da Câmara, também conta com o apoio da família Sarney. Novais e Wagner Rossi foram recebidos ontem por Dilma. O caso do Turismo foi diferente do Ministério da Previdência. Assim que foi oferecido, o PMDB da Câmara se apresentou para indicar o ministro que cuidará da infraestrutura turística brasileira. Agora, entretanto, seus integrantes podem terminar decepcionados, porque o ministério não cuidará do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) desse setor. Essa seara irá para o Planejamento, com as demais obras do programa.
Governadores Escolhidos os nomes do PMDB, Dilma tratou de consultar alguns governadores sobre os outros partidos (leia mais na página 6). Ouviu, por exemplo, do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que ele não tinha restrições à indicação do deputado Mário Negromonte (PP-BA) para o Ministério das Cidades. Wagner, entretanto, disse à presidente eleita que não apadrinharia a indicação como sendo da cota do PT baiano. O PT da Bahia e o de Sergipe estão juntos na tentativa de indicar o ministro do Desenvolvimento Social ou o do Desenvolvimento Agrário para o PT do Nordeste. Também comunicou a alguns correligionários que decidiu trazer de volta o senador Alfredo Nascimento para o Ministério dos Transportes, na cota do PR. Afinal, foi o nome que o partido indicou.
A intenção da presidente eleita é fechar a cota dos partidos aliados até o fim desta semana e anunciar todo o lote de uma única vez. Esta semana, ela deve confirmar ainda o futuro ministro do Esporte. O PCdoB deseja manter Orlando Silva, uma vez que a deputada Manuela D’Ávila (RS) será candidata a prefeita de Porto Alegre em 2012. Segundo integrantes da transição, Dilma não vê a hora de fechar a equipe para passar a tratar especificamente do Orçamento de 2011, assunto que ela discutiu ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o primeiro nome que ela escolheu para ficar no governo.
Colaborou Tiago Pariz
A BRIGA QUE VEM POR AÍ
À exceção do PP, que manteve Cidades, e do PR, que assegurou o Ministério dos Transportes para seu presidente, Alfredo Nascimento (AM), os demais partidos se mostram frustrados com a fatia de poder que receberam até agora. Até por isso, nada foi anunciado oficialmente. As chances de troca entre as legendas, entretanto, são pequenas. Salvo raras exceções, a maioria tende a aceitar o que está sendo oferecido, até como forma de ficar no crédito para a segunda fase, a montagem das estatais, autarquias e agências reguladoras.
Embora Dilma deseje indicar técnicos para as agências reguladoras e cargos específicos, como a Infraero, os partidos ainda não engoliram essa decisão. Até mesmo dentro do governo, há quem diga que, às vezes, é melhor um político que entenda de gestão e saiba levar os projetos avante do que um técnico que não tenha esse dom. Dilma indicará 45 dos 47 diretores das agências reguladoras ao longo de seu governo.
No caso da Agência Nacional do Petróleo, já está na Casa Civil — enviada pelo Ministério de Minas e Energia — a indicação de Dirceu Amorelli para uma diretoria, e nomes indicados pelos congressistas. Embora seja técnica, a indicação de Amorelli corre riscos por causa das denúncias que levantaram suspeitas de tráfico de influência na agência. Ali, garantem os técnicos da transição, Dilma exigirá maior excelência e trabalho. Afinal, é o setor que ela conhece como a palma da mão. (DR, DA e TP) |
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