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quarta-feira, fevereiro 16, 2011
FRANÇA & G20 [In:] ''COMMODITIES'' OU ''LEI DE MERCADO''?
FRANÇA RECUA ANTE O BRASIL PARA EVITAR RACHA NO G-20
França recua ante o Brasil para evitar racha no G-20 |
Autor(es): Assis Moreira | De Paris |
Valor Econômico - 16/02/2011 |
Às vésperas da reunião ministerial do G-20, em Paris, a França ensaia um recuo para evitar uma rota de colisão com o Brasil sobre como controlar a disparada dos preços dos alimentos e regular os mercados agrícolas, após a reação do país a suas sugestões. O Valor apurou que o governo francês deflagrou um esforço adicional para explicar ao Brasil que não quer "prejudicar" os países exportadores nem buscar o controle de preços das commodities agrícolas, e sim deter a especulação com derivativos. A França busca visivelmente evitar uma polarização no grupo das maiores economias do mundo sobre medidas envolvendo o mercado agrícola. Mas um negociador europeu admitiu que ainda é difícil decifrar o que os franceses realmente querem, porque continuam "medindo o pulso" sobre o tema. Diante da reação de países como o Brasil, alguns negociadores acreditam que Paris não vai insistir muito em questões como a formação de estoques reguladores regionais, por exemplo. A preocupação com os preços dos alimentos está no centro da agenda francesa no G-20. Primeiro, pela situação atual de explosão dos valores e, segundo, pela aproximação da eleição presidencial na França. O presidente Nicolas Sarkozy quer mostrar que apoia seus agricultores, que tendem para a extrema-direita. A França continua a ser um dos dez maiores exportadores de produtos agrícolas, o que permitiu que o superávit da balança comercial do país no ano passado superasse € 7 bilhões. O governo francês vem insistindo em vincular volatilidade de preços e segurança alimentar. Para o Brasil, isso tem pouco sentido. A volatilidade dos preços agrícolas sempre existiu. O que se pode tentar buscar é previsibilidade para consumidores e produtores, dentro de mecanismos de mercado e não de intervenção estatal. O Banco Mundial alertou ontem sobre "níveis perigosos" dos preços dos alimentos, que poderiam causar instabilidade política. Por sua vez, organizações internacionais mostram que o auxílio dos países desenvolvidos para a agricultura de nações mais pobres caiu de 11,5% de toda a ajuda concedida em 1983/84 para 3,5% em 2008/09. Ao mesmo tempo, os gastos com agricultura pelos governos declinou na Ásia, África e América Latina. O rápido aumento da renda nos países emergentes mudou o padrão da demanda, aumentando os preços dos alimentos com mais proteínas, como carnes e pescado. Só na China, o consumo de carne mais que dobrou em 20 anos e pode dobrar de novo até 2030. Para o Brasil, uma solução que o G-20 deve discutir é o estímulo à produção e o fim das barreiras à importação de produtos agrícolas. |
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