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Caciques petistas recebem pedido de perdão e de reingresso do ex-tesoureiro à legenda. Diretório Nacional estará reunido hoje e amanhã em Brasília
Sem consenso entre suas tendências para reintegrar o ex-tesoureiro Delúbio Soares aos quadros do partido, o PT deixou o tema fora da pauta oficial da reunião do Diretório Nacional hoje. Mas, isso não significa que o pedido de Delúbio para voltar ao ninho petista está limado das discussões. Francisco Rocha, coordenador da tendência Construindo um novo Brasil (CNB), o grupo majoritário, apresentará a solicitação para ser discutida e terá o apoio de outros dois grupos petistas — Novos Rumos e o PT de Lutas e Massas. Essas facções respondem hoje por 56% dos votos do diretório e, se houver tempo para discutir o assunto, a volta de Delúbio estará sacramentada. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), defende a reintegração do ex-tesoureiro e considera que faltou prudência ao partido no passado, no episódio da expulsão. “Não houve mensalão, mas caixa dois de campanha, como o próprio Delúbio confessou. Agora, ele foi expulso sem nem sequer ser julgado pela Justiça. Não defendemos penas perpétuas, o partido é democrático e tem de agir dessa forma”, diz Vaccarezza
O PT expulsou Delúbio em 2005 por causa do escândalo do mensalão. Por duas vezes, já tentou voltar ao partido. A última tentativa ocorreu há dois anos, quando ele mesmo retirou o pedido, percebendo a derrota iminente. Desta vez, no entanto, a carta em que Delúbio pede perdão ao partido e o seu reingresso aos quadros do PT foi lida na reunião da Executiva Nacional, preparatória para o encontro do Diretório Nacional, de hoje e amanhã. Logo após a leitura do documento, Eloi Pietá, da tendência Mensagem ao partido — a mesma do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro —, se posicionou contra a reintegração assim como a Democracia Socialista. A Articulação de Esquerda, de Valter Pomar, e a Militância Socialista, de Renato Simões (SP), minoritárias, também não concordam com a reintegração. A tendência Movimento PT, do secretário de Habitação do Distrito Federal, Geraldo Magela, está dividida. Diante desse quadro, o PT tirou o tema da agenda oficial.
O problema é que há outros temas a serem discutidos hoje, como o comando do partido. O atual presidente, José Eduardo Dutra, avisou ontem aos petistas o que já tinha dito à presidente Dilma Rousseff na quarta-feira: vai mesmo renunciar à presidência do PT para se dedicar a um tratamento de saúde. O vice-presidente, Rui Falcão, embora ontem tenha saído na frente como provável nome para ocupar o lugar de Dutra até o final do mandato, em 2013, tem problemas. Falcão ficou na berlinda durante a campanha, por conta da montagem de um dossiê que envolveu quebra de sigilo fiscal até mesmo de Verônica Serra, filha de José Serra, derrotado por Dilma na sucessão presidencial. Além disso, ele não é do CNB, a tendência majoritária que reivindica o comando da legenda. O CNB quer 30 dias para consolidar um nome do grupo como o sucessor de Dutra. Se Falcão ganhar a presidência do PT, há quem diga que ele pode ser uma “rainha da Inglaterra” enquanto quem mandará de fato será o presidente de honra, Luiz Inácio Lula da Silva.
Juros e inflação
O ex-presidente Lula não tinha confirmado sua presença na reunião do Diretório Nacional, mas ontem à noite, ele desembarcou em Brasília pronto para auxiliar seu partido a resolver os impasses e dar rumo ás discussões internas. Lula, inclusive, se reuniu ontem à noite com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio da Alvorada. Ele chegou às 19h55 para um jantar com a sua sucessora.
A pauta oficial da reunião do Diretório Nacional está repleta de assuntos que Lula mandou o partido discutir com a máxima urgência, como a política de alianças para as eleições municipais de 2012 e a conjuntura econômica. Em relação à economia, está prevista uma exposição de Márcio Pochmann, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), e do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A ideia é preparar os petistas para responderem de maneira firme, quando forem provocados a respeito de temas econômicos, como juros altos e inflação.
Quanto à política de alianças, o encontro petista deve reconhecer a formação do PSD de Gilberto Kassab como uma forma de desgastar um pouquinho mais a oposição e engrossar a base de apoio. Por isso, a nova sigla deve ser incluída dentro do leque de partidos que os petistas têm sinal verde para se coligar no período eleitoral. A recomendação será no sentido de que o PT deve lançar candidatos a prefeito onde for possível e, ao mesmo tempo, trabalhar para preservar a base do governo Dilma — considerado a prioridade do partido em todos os níveis. A ordem é não fazer nada que possa atrapalhar a atual administração federal, ainda que isso signifique deixar de lançar candidato em capitais importantes. Um exemplo é o Rio de Janeiro, onde o PT tem uma boa convivência com o atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição.
Colaboraram Ivan Iunes e Diego Abreu
Análise de recurso o mensalão adiada
O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou para a semana que vem a análise de um recurso protocolado pela defesa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no processo do mensalão. A apreciação do pedido estava prevista para ontem. Delúbio questiona decisão do ministro Joaquim Barbosa, que negou vista de provas do procedimento de delação premiada do ex-tesoureiro. Também ontem, o STF interrompeu a análise de um pedido do réu Marcos Valério. Ele deseja que o Instituto Nacional de Criminalística informe a formação e a experiência profissional dos peritos que investigaram provas do mensalão. O julgamento estava empatado em quatro a quatro, quando os ministros decidiram suspender a sessão. A ideia é concluir o caso na semana que vem, na presença dos outros três ministros que estavam ausentes.
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