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segunda-feira, maio 21, 2012
BRASIL/EDUCAÇÃO/SALÁRIO MAGISTÉRIO [In:] VERGONHA NACIONAL!!!
PROFESSOR TEM SALÁRIO MAIS BAIXO DO PAÍS
PROFESSOR: AINDA O PIOR SALÁRIO |
Autor(es): Antônio Gois, Demétrio Weber |
O Globo - 21/05/2012 |
Levantamento feito pelo GLOBO, com base em microdados do IBGE, mostra que, em 2010, a renda média de um professor do ensino fundamental equivalia a 59% do que ganhavam os demais trabalhadores com nível superior no país. Em uma década, essa relação melhorou — era de 49%, em 2000. Nesse período, os professores da educação básica ganharam aumentos acima da média dos outros profissionais de nível universitário. Os acréscimos, no entanto, foram insuficientes para reverter o quadro.
Segundo o IBGE, porém, a diferença para demais profissionais com nível superior caiu.
O salário dos professores da educação básica no Brasil registrou, na década passada, ganhos acima da média dos demais profissionais com nível superior, fazendo encurtar a distância entre esses dois grupos. Esse avanço, no entanto, foi insuficiente para mudar um quadro que tem trágicas consequências para a qualidade do ensino: o magistério segue sendo a carreira universitária de pior remuneração no país.
Tabulações feitas pelo GLOBO nos microdados do Censo do IBGE mostram
que a renda média de um professor do ensino fundamental equivalia, em
2000, a 49% do que ganhavam os demais trabalhadores também com nível
superior. Dez anos depois, esta relação aumentou para 59%. Entre
professores do ensino médio, a variação foi de 60% para 72%.
Apesar do avanço, o censo revela que as carreiras que levam ao
magistério seguem sendo as de pior desempenho. Entre as áreas do ensino
superior com ao menos 50 mil formados na população, os menores
rendimentos foram verificados entre brasileiros que vieram de cursos
relacionados a ciências da Educação - principalmente Pedagogia e
formação de professor para os anos iniciais da educação básica.
Em seguida, entre as piores remunerações, aparecem cursos da área de
religião e, novamente, uma carreira de magistério: formação de
professores com especialização em matérias específicas, onde estão
agrupadas licenciaturas em áreas de disciplinas do ensino médio, como
Língua Portuguesa, Matemática, História e Biologia.
Achatamento provoca prejuízos
Pagar melhor aos professores da educação básica, no entanto, é uma
política que, além de cara, tende a trazer retorno apenas a longo prazo
em termos de qualidade de ensino. A literatura acadêmica sobre o tema
no Brasil e em outros países mostra que a remuneração docente não tem,
ao contrário do que se pensou durante muitos anos, relação imediata com
a melhoria do aprendizado dos alunos.
No entanto, o achatamento salarial do magistério traz sérios
prejuízos a longo prazo. Esta tese é comprovada por um relatório feito
pela consultoria McKinsey, em 2007, que teve grande repercussão
internacional ao destacar que uma característica dos países de melhor
desempenho educacional do mundo - Finlândia, Canadá, Coreia do Sul,
Japão e Singapura - era o alto poder de atração dos melhores alunos
para o magistério.
- Não dá para imaginar que, dobrando o salário do professor, ele vai
dobrar o aprendizado dos alunos. O problema é que os bons alunos não
querem ser professores no Brasil. Para atrair os melhores, é preciso
ter salários mais atrativos - afirma Priscila Cruz, diretora-executiva
do Todos Pela Educação.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
(CNTE), Roberto Franklin de Leão, concorda com o diagnóstico da baixa
atratividade da profissão. Ele afirma que a carreira de professor,
salvo exceções, acaba atraindo quem não tem nota para ingressar em
outra faculdade. Para Roberto Leão, salário é fundamental, mas não o
suficiente para melhorar a qualidade do ensino.
- Sem salário, não há a menor possibilidade de qualidade. Agora,
claro que é preciso mais do que isso: carreira, formação e gestão.
Priscila Cruz também diz que o salário é só parte da solução:
- É preciso melhorar salários para que os alunos aprendam mais. Mas
o profissional também tem que ser mais cobrado e responsabilizado por
resultados. Não pode, por exemplo, faltar e ficar tantos dias de
licença, como é frequente.
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