O governo anuncia às 11 horas mais um pacote de medidas de estímulo ao crescimento. O alvo é a promoção de investimentos. O governo deve acelerar gastos. E não chega a ser descartada por economistas do setor privado a possibilidade de o Ministério da Fazenda vir a formalizar algum sacrifício da meta fiscal. Se o governo decidir gastar para puxar a economia as críticas virão. Mas cresce a defesa de que seria necessária uma ação mais firme da máquina pública no atual cenário de desaceleração global e de absoluta dificuldade de planejamento no setor privado.
“Não é só o Brasil que não está crescendo. Fora a China, que está desacelerando porque quer, várias economias grandes e emergentes estão passando por isso. Mas não crescemos mais porque não investimos e agora o país está chegando ao pleno emprego. E quando o desemprego chega a taxas sem precedentes, o que acontece é a queda do crescimento agregado da economia. No nosso caso, esse processo se traduz em serviços em expansão e encolhimento do setor industrial. E esse quadro só se altera com a ampliação da capacidade produtiva que depende dos investimentos”, explica a economista Monica Baumgarten de Bolle, diretora da Casa das Garças e professora da PUC-Rio.
E não há, no momento, outra alternativa para os investimentos do que o impulso do setor público, avalia Monica, já que o setor privado está paralisado por conta da crise externa e das incertezas em relação ao quadro doméstico. O crescimento deste ano, pondera a economista, vai decepcionar a presidente Dilma Rousseff, o que também explica a mobilização do governo. “E se o governo não sacrificar parte do resultado fiscal agora, fará isso em breve. Não há outra saída para que cheguem mais perto do crescimento que desejam. O governo pode dar o benefício que quiser ao setor privado, mas, no momento, o medo do cenário impede qualquer avanço.”
A economista da Casa das Garças e da Galanto Consultoria lembra que o governo vem insistindo no cumprimento da meta de superávit primário e, no fundo, não gostaria de descumprir a meta. “Mas terá de fazer alguma coisa para gerar crescimento, inclusive, porque está claro que as decisões de política monetária têm efeito lento. Além disso, o crédito público vem ocupando o espaço do crédito privado e a abrangência do crédito direcionado – quase metade das operações – tem sua dinâmica e não reage à taxa Selic, o que torna mais lento o efeito da política monetária. Os gastos, ao contrário, têm efeito muito rápido. E considero o afrouxamento defensável até certo ponto porque o momento é delicado. Contudo, há muitos riscos. O principal é enveredar, cada vez mais, por caminhos que levam ao acúmulo de desequilíbrios na economia brasileira por excesso de intervencionismo”, diz Monica para quem o governo já está numa trajetória de ocupar cada vez mais espaço na economia por ter este viés intervencionista.
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