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terça-feira, julho 31, 2012
''AMARELOU''
Réu e algoz do mensalão faltam a sessão de fotos eleitorais com Lula
Autor(es): Por Raphael Di Cunto | De São Paulo |
Valor Econômico - 31/07/2012 |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem para uma sessão de fotos com candidatos a prefeito do PT ou de aliados apoiados por petistas nas 118 maiores cidades do país, todas com mais de 150 mil eleitores. Foi a principal participação do ex-presidente nestas campanhas, já que Lula ainda não está completamente recuperado do tratamento de um câncer da laringe - sua voz ainda está falha e a região do pescoço, inchada, segundo pessoas presentes ao encontro-, e por isso deverá se concentrar na campanha de apenas algumas cidades, como São Paulo, Recife e Belo Horizonte.
Os candidatos, fossem petistas ou aliados, tentavam minimizar o impacto do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que começa na quinta-feira, em suas campanhas. Duas figuras de destaque no processo, porém, evitaram aparecer: o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e o ex-deputado Gustavo Fruet (PDT).
Cunha, que é o único candidato réu no processo e concorre em Osasco (SP), não apareceu - sua assessoria não disse o motivo. O ex-tucano Fruet preferiu fazer agendas internas em Curitiba, onde é constantemente cobrado pela aliança com o PT. Em 2005, ele foi um dos principais críticos dos petistas nas CPIs que investigaram o mensalão. Segundo sua assessoria, o hoje pedetista não foi ao evento porque já fez fotos com Lula em visita ao ex-presidente em maio.
Os candidatos petistas que compareceram procuraram se distanciar do escândalo. Para o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Márcio Pochmann, candidato em Campinas, o julgamento será um fato paralelo à campanha. "O eleitor, de maneira geral, está preocupado com problemas da cidade, com saúde, educação, habitação e transporte", afirmou.
Patrus Ananias, candidato em Belo Horizonte, preferiu defender-se. "Fui prefeito por oito anos, ministro por seis anos do Ministério do Desenvolvimento social e Combate à Fome, com orçamento de R$ 40 bilhões, e não tenho nenhum processo", afirmou. Já o deputado federal Nelson Pellegrino, que concorre em Salvador, disse que não terá problema de debater o tema na eleição, mas ironizou: "Essa é a única proposta da oposição?"
Aliados também evitaram o tema. A deputada estadual Daniella Ribeiro (PP), candidata em Campina Grande (PB) com um vice do PT, disse que "de forma alguma" isso afetará a eleição. Daniella, que é irmã do ministro das Cidades, Agnaldo Ribeiro, viajou por seis horas para tirar a foto com Lula, mas ainda não sabe se poderá concorrer. Sua candidatura foi impugnada pela aliança com o PT, cujo presidente municipal, ligado ao atual prefeito, Veneziano do Rego (PMDB), registrou candidatura própria, mesmo com a decisão dos diretórios municipal, estadual e nacional pela aliança.
Quem foi na contramão das opiniões foi o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo Dilma, que argumentou a favor do julgamento no período eleitoral. "É bom esse julgamento ser agora, vai ter influência positiva no debate", disse. "Tem muita acusação e pouca prova."
Para o petista, o tema já marcou as eleições de 2006, 2008 e 2010. Desta vez, porém, haverá a possibilidade de apresentar a defesa, disse. "Antes só víamos as acusações. Agora veremos os autos", afirmou, ao ressaltar a " certeza de que as principais acusações são falsas". "Não teve dinheiro público envolvido, nem pagamentos mensais, por isso não cabe o nome de mensalão. Também não houve formação de quadrilha nem compra de apoio político no Congresso."
Segundo Vaccarezza, o crime cometido foi de caixa dois de campanha - tese da defesa para desacreditar a acusação da Procuradoria Geral da República, que viu pagamentos do governo a políticos em troca de apoio. "O que ocorreu foi caixa dois de campanha. É crime, mas não o que estão acusando. Se você faz caixa dois, não pode ser acusado de corrupto, quadrilheiro e outras coisas", comentou.
O ex-líder do governo disse ainda que a oposição "se deu mal" quando tentou usar o mensalão. "Em 2006, o maior partido era o PFL, que fez da sua campanha eleitoral uma discussão sobre o mensalão, e [com isso] perdeu 40% da sua bancada federal", afirmou.
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