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terça-feira, julho 31, 2012

BINGOOO !



CACHOEIRA DEPÕE AMANHÃ NO TJDF

CACHOEIRA SERÁ OUVIDO NO TJDFT


Autor(es): ANA MARIA CAMPOS
Correio Braziliense - 31/07/2012
 

Acusados de formação de quadrilha e tráfico de influência, o bicheiro e mais sete investigados pela Operação Saint-Michel serão ouvidos na 5ª Vara Criminal de Brasília. Eles tramavam assumir o controle da bilhetagem eletrônica do transporte coletivo do Distrito Federal.

Bicheiro responde à acusação de que teria tentado assumir o controle da bilhetagem eletrônica do transporte coletivo do DF
Preso há cinco meses na Papuda, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, vai deixar a Penitenciária da Papuda amanhã para acompanhar, durante toda a tarde, na Justiça de Brasília, a audiência de instrução do processo em que foi denunciado por formação de quadrilha e tráfico de influência ao tramar para conseguir operar o sistema de bilhetagem eletrônica do transporte coletivo do Distrito Federal. O bicheiro e outros sete acusados de participação nos crimes investigados pela Operação Saint-Michel deverão prestar depoimento perante a juíza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal de Brasília, depois que forem ouvidas as testemunhas arroladas pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pela defesa.
Entre as testemunhas de acusação, está o secretário de Transportes, José Walter Vazquez. Responsáveis pela Operação Saint-Michel, deflagrada em 25 de abril, os promotores do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) do Ministério Público do DF incluíram também o ex-diretor administrativo-financeiro do DFTrans Milton Martins de Lima Júnior entre os que deverão prestar depoimento amanhã à tarde. Afastado do trabalho quando as denúncias vieram à tona até a conclusão de uma apuração da Secretaria de Transparência sobre o caso, Milton Martins é citado em conversas interceptadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Monte Carlo, que deu origem à Saint-Michel, como um dos contatos da organização criminosa liderada por Cachoeira.
O grupo demonstrou nos diálogos que tramava fraudar o processo de seleção do DFTrans para entregar o negócio avaliado em R$ 60 milhões para a Delta Construções sem licitação. Integrantes da suposta quadrilha chegaram a pagar R$ 50 mil para que o ex-assessor da Secretaria de Planejamento Valdir Reis intercedesse para favorecer o negócio. Ele tinha uma boa relação com o secretário de Transportes e com Milton Martins, uma vez que todos foram colegas no governo anterior. As testemunhas de defesa de Cachoeira indicados pelos advogados no bicheiro — o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e Dora Cavalcanti Cordani — moram fora do Distrito Federal e devem ser ouvidas por meio de carta precatória, pela Justiça local. São eles: Belchior Carlos Ferreira, de Araxá (MG); Arnaldo de Souza Teixeira Júnior, João Bosco Machado, Frederico Dutra Medeiros, Carlos Galvão Victor, Fábio de Moraes Rosa, de Anápolis (GO); e Rejane Gomes Bucar, de Palmas.
Além de Cachoeira, também foram intimados o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu e o diretor da construtora em São Paulo, Heraldo Puccini Neto; além do braço direito de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz; o tesoureiro da organização, Giovani Pereira da Silva; Valdir Reis e dois supostos lobistas: Dagmar Alves Duarte e o vereador Wesley Clayton da Silva (PMDB). Cada réu tem o direito de arrolar até oito testemunhas de defesa.
Na Operação Saint-Michel, os policiais civis do DF apreenderam um telefone celular de Gleyb em que há registro em foto da participação de Milton Martins numa reunião com empresários coreanos em Brasília. Ele nega envolvimento com o caso. A expectativa do grupo, segundo investigação, era fazer uma parceria entre a empresa EB-Card, com expertise no setor de bilhetagem, e a Delta Construções, sem experiência no negócio. A investigação também descobriu no computador de Valdir dos Reis uma minuta de licitação para bilhetagem eletrônica.
Silêncio como estratégia
Como em todas as instâncias por onde tem passado, Carlinhos Cachoeira poderá usar o direito de permanecer calado e não responder às perguntas que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deverá lhe dirigir por meio da juíza Ana Cláudia Barreto, na audiência de amanhã na 5ª Vara Criminal de Brasília. Essa tem sido a estratégia de defesa do contraventor nos depoimentos à Justiça Federal em Goiânia. O silêncio também é a opção de Cachoeira na CPI que leva o seu nome no Congresso.
Na audiência, que começará às 14h, Cachoeira, no entanto, terá o direito de acompanhar cara a cara o relato das testemunhas de acusação. O depoimento do bicheiro e dos outros sete acusados poderá ser suspenso caso alguma testemunha de defesa ainda não tenha prestado depoimento. Os réus são ouvidos por último, quando se esgotam os demais depoimentos judiciais, segundo estabelece o Código de Processo Penal.
Na Operação Saint-Michel, Cachoeira e outras sete pessoas tiveram a prisão preventiva decretada. Apenas o bicheiro, no entanto, ainda não conseguiu o relaxamento da prisão. Ao julgar dois habeas corpus impetrados pela defesa de Cachoeira, o Tribunal de Justiça do DF considerou que a liberação do contraventor representa um risco de ocorrência de novos crimes e de intimidação de autoridades públicas. (AMC)

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