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quarta-feira, janeiro 30, 2013
''INFLAMANDO'' A INFLAÇÃO
Preços da gasolina e do diesel sobem hoje nos postos
Gasolina sobe hoje 6,6% e diesel, 5,4% |
Autor(es): ANA D"ANGELO e ANTONIO TEMÓTEO |
Correio Braziliense - 30/01/2013 |
O governo autorizou aumento de até 6,6% nas refinarias. Já o consumidor deve pagar, em média, 4% a mais pelo combustível. A estimativa é de que o reajuste tenha impacto de 0,3 ponto percentual na inflação deste ano. Muitos brasilienses correram ontem para encher o tanque.
Aumento anunciado pela Petrobras vale para as refinarias. Nas bombas dos postos, a correção média deve ficar por volta de 4%
A Petrobras pressionou e o governo federal liberou o reajuste dos combustíveis a partir de hoje. O preço da gasolina que sai das refinarias sobe 6,6% e o do óleo diesel, 5,4%. O aumento nas bombas dos postos deverá ser menor, afirmou o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alisio Vaz. É que a gasolina vendida no varejo é uma mistura que leva 20% de etanol. Já o óleo tem 5% de biodiesel. O repasse imediato para os valores cobrados dos consumidores também dependerá do estoque de cada posto.
Economistas estimam que o impacto pode chegar a 4% nos preços nas bombas a algo em torno de 0,3 ponto percentual na taxa de inflação anual. Os índices anunciados já eram esperados pelo mercado, que estimava alta de 7%. O governo espera amenizar o peso dos aumentos dos combustíveis nos índices de custo de vida com a redução nas contas de luz das residências, da indústria e do comércio, e com a depreciação do dólar, que barateia as importações, inibindo aumentos de produtos nacionais.
Desde junho do ano passado, a Petrobras reivindica reajuste de pelo menos 15% dos produtos para manter seu plano de investimento, que vêm sendo prejudicados pela queda na geração de caixa da empresa. Porém, com a economia mostrando naquele momento dificuldade de pegar no tranco, enquanto a inflação se apresentava bem animada, o governo permitiu, naquele mês, elevação de apenas 7,83% dos valores cobrados pelas refinarias na gasolina e de 3,94% no diesel. Esse último foi aumentado ainda em julho do ano passado em mais 6%.
Impacto
A estatal vem acumulando prejuízo mensal em torno de R$ 1 bilhão por conta da diferença entre os preços que paga pela importação da gasolina e do diesel e aqueles pelos quais vende os produtos no mercado interno. Em nota, a Petrobras informou que o reajuste "foi definido levando em consideração a política de preços da companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazos". Apesar das pressões, o governo só liberou os reajustes após confirmar a redução das contas de energia elétrica a partir de fevereiro, para amenizar o impacto na inflação, que mantém o ritmo de alta neste início de ano, e atuar fortemente sobre o câmbio, para depreciar o dólar.
Anteontem, a mesa de operações do Banco Central despejou US$ 1,8 bilhão no mercado para baixar a cotação da moeda, que ontem caiu para R$ 1,985. O Palácio do Planalto esperou o retorno das férias do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que ocorreu ontem, para que ele desse a autorização à estatal para anunciar a alta dos combustíveis.
FilasAssim que souberam do reajuste no preço dos combustíveis, os brasilienses promoveram uma corrida aos postos para aproveitar o preço antigo. O médico Guilherme Monte, 39 anos, gastou R$ 96 para encher o tanque com gasolina, por volta das 20h10. Descontente com o aumento, telefonou para a mulher e sugeriu que ela não deixasse para abastecer o veículo nos próximos dias.
"O esforço do governo para conter a inflação vai por água abaixo uma vez que o custo de tudo que é transportado e dos próprios fretes vai disparar. No fim das contas, sobra para o consumidor, que arca com essas elevações", comentou.
O estudante Gabriel Kabir, 21 anos, disse que se sente lesado todas as vezes em que reajustes nos preços dos combustíveis são anunciados. Ele avaliou que esse aumento representa mais um custo no orçamento das famílias, que, neste início de ano, sofrem para pagar impostos e outros compromissos, como escola de filhos e material escolar. "A Petrobras se diz uma grande empresa, mas não produz a própria gasolina. Em outros países da América do Sul, o preço dos combustíveis é mais barato do que no Brasil", criticou.
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