BRASÍLIA -
Um ano e meio após afastar o PR da Esplanada, na esteira da faxina promovida em 2011, a presidente Dilma Rousseff reabilita o partido e dará um ministério para cimentar a legenda na base aliada. A comunicação da presidente de que o PR terá de novo um importante cargo na Esplanada - ou Agricultura ou Transportes - foi dada nessa quinta-feira, 7, ao ex-ministro e presidente nacional da sigla, Alfredo Nascimento, que deixou o Ministério dos Transportes sob denúncias de superfaturamento.
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A presidente tratou do retorno do PR nessa quinta, em audiência no Planalto que teve também a presença do líder do partido na Câmara, Anthony Garotinho (RJ), e o vice-líder no Senado, Antonio Carlos Rodrigues (SP). Nesta sexta-feira, 8, ela viaja com a família para a Base Naval de Aratu, na Bahia, onde passará o feriado do Carnaval.
A volta do PR à base do governo representa o apoio de cinco senadores e 34 deputados. É um número importante para assegurar vitórias do Palácio do Planalto no Senado e na Câmara. Mas o gesto de Dilma também tem relação direta com a eleição de 2014, quando pretende tentar a reeleição.
O nome do PR da preferência da presidente da República é o do senador Blairo Maggi (MT), que poderá substituir tanto o deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS) na Agricultura quanto Paulo Sérgio Passos, titular dos Transportes desde que, em julho de 2011, Dilma demitiu Alfredo Nascimento.
A indicação de Maggi para o ministério sofre resistências no Senado e na Câmara. A direção do PR não o considera fiel aos preceitos partidários, tanto que Maggi cogitava deixar a sigla e migrar para o PMDB.
Costuras.
O certo é que Blairo Maggi teve dois encontros com a presidente Dilma Rousseff nesta semana. Um no Paraná, quando Dilma anunciou projetos para a área da agricultura, e outro na quarta-feira, no Palácio do Planalto. E o próprio Maggi costurou com ela a audiência de ontem. O encontro que reaproximou Dilma de Nascimento, que deveria durar 45 minutos, estendeu-se por duas horas e meia. Segundo um dos participantes, todo mundo deixou a sala com um "sorriso de lado a lado". Não foram permitidas imagens do encontro.
A direção do partido informou oficialmente que "a decisão de compor o ministério é da presidente".
2014. Ao fazer ajustes no ministério, Dilma quer evitar que os partidos da base aliada migrem para chapas constituídas pelos partidos de oposição ou que se aproximem do governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB e provável candidato à sucessão presidencial no ano que vem.
Caso a presidente opte por agraciar o PR com a Agricultura, ela terá de fazer compensações ao PMDB, o dono da pasta desde o governo do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. O partido não aceita perder espaço. Pelo contrário. Quer ampliar o poder e luta para encaixar no Ministério da Ciência e Tecnologia o deputado Gabriel Chalita (SP), que no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo deu todo apoio ao petista Fernando Haddad. Há resistências à indicação de Chalita por parte de corporações de cientistas.
Se a presidente resolver entregar os Transportes de volta ao PR, evitará problemas com o PMDB. O atual ministro, Paulo Passos, é filiado ao PR. Mas o partido não o considera uma indicação política ou um representante partidário. Toda a cúpula do PR entende que Passos só se filou ao partido para garantir uma vaga na pasta dos Transportes.
PSD. Na minirreforma ministerial que Dilma começa a articular está assegurado também um lugar para o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. E até o ministro já foi escolhido. Será o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. O problema é que o novo ministério depende de aprovação por parte do Senado. Um dos pedidos de Dilma ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), diz respeito à votação urgente do projeto que cria a nova pasta.
Antes do encontro com a presidente Dilma Rousseff, nessa quinta, o líder do PR, Anthony Garotinho, que já ameaçou o Planalto com rompantes de independência, disse que o partido precisa ter uma identidade. "A gente só quer uma definição: se é governo ou se é oposição", disse Garotinho. Questionado se ser governo implicaria ter um ministério, ele respondeu que o partido precisa ter "um espaço político". "Somos políticos. O PT tem ministério, O PMDB tem ministério." / COLABORARAM RICARDO BRITO e TÂNIA MONTEIRO
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