A blogueira cubana Yoani Sánchez mudou sua agenda no Brasil e decidiu partir hoje de Feira de Santana (BA) para Brasília, onde fará uma visita ao Congresso.
Vítima da hostilidade de movimentos de esquerda, que impediram na segunda-feira a exibição do documentário Conexão Cuba-Honduras (mais informações nesta página), Yoani confirmou presença no Congresso a convite do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) e do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), comprometeu-se a pôr em votação na sessão de hoje um requerimento solicitando que a Polícia Federal proteja a blogueira durante sua permanência em território brasileiro. Alves levará ao plenário um texto alternativo ao requerimento original apresentado ontem pelo deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que não foi aceito por setores governistas. "Essa não é uma questão de oposição ou de governo. (O tratamento a Yoani) está constrangendo o Brasil todo. Não é tradição do povo brasileiro (esse tipo de manifestação)", afirmou Henrique Alves.
"Ela tem sido agredida no País e não aceitamos isso. Yoani Sánchez é uma cidadã estrangeira, dissidente do regime ditatorial cubano e deve ter total proteção do Estado democrático brasileiro", afirmou Mendonça Filho.
No requerimento, o deputado também pediu à PF que investigue a atuação de Augusto Poppi Martins, assessor da Secretaria-Geral da Presidência, que, segundo a revista Veja, estaria envolvido em um suposto plano de espionagem e perseguição política à blogueira, em articulação com o governo de Raúl Castro. A Secretaria-Geral confirmou que Poppi Martins recebeu um CD com informações sobre a blogueira, mas negou seu envolvimento em um complô.
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), divulgou nota de apoio a Yoani, "símbolo da luta pela democracia em seu país". Ele considerou "inadmissíveis" as manifestações como a ocorrida em Feira de Santana, quando militantes de grupos de esquerda impediram a exibição do documentário.
"Democracia e liberdade de opinião não podem descambar para manifestações de fanatismo retrógrado", afirmou a nota de Bueno. Referindo-se à reportagem de Veja, o PPS também condenou a "utilização do aparelho estatal e a participação de funcionários do governo, até do Palácio do Planalto, na distribuição de um dossiê delirante contra a blogueira, que nada mais fez em seu país do que lutar pelos direitos de liberdade de opinião e manifestação de um povo".
Bueno afirmou ainda que Yoani merece o apoio de todos que lutam pela liberdade dos povos e defendem a plena democracia. "E o governo brasileiro tem a obrigação de garantir a segurança e o pleno direito de ir e vir da blogueira durante a sua passagem pelo País."
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(*) Paráfrade de "Quem tem medo de Virgínia Woolf.
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