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terça-feira, abril 09, 2013
DAMA DE FERRO: UMA RELAÇÃO INTERNACIONAL DE AMOR E ÓDIO
09/04/2013 | |
Visão do Correio
:: Thatcher, a dama do mercado
A única primeira-ministra britânica recebeu, ao longo da trajetória política, aplausos calorosos ou críticas mordazes. Em três mandatos, Margaret Thatcher não conheceu a indiferença. Era-se a favor ou contra ela. Nunca neutro. Ela não buscou consensos durante 11 anos de poder.
Implementou, com determinação e intransigência, reformas econômicas e sociais controversas. Graças a elas recebeu o apelido de dama de ferro.
Nada mais adequado. As incursões profundas pela economia abalaram estruturas sólidas que mudaram o rumo do Reino Unido e influenciaram importantes Estados. Depois delas, o mundo não seria o mesmo. A filha de pequeno comerciante formada em química pela respeitada Oxford University empenhou-se na moralização das finanças públicas e no combate à inflação.
Cortou gastos e impostos, privatizou estatais, fechou empresas improdutivas, incentivou o livre mercado. Não só.
A representante do Partido Conservador enfrentou os poderosos sindicatos, que mandavam mais que o próprio governo. Alguns, cuja organização, capilaridade e articulação os tornavam capazes de paralisar o país, tiveram a força sensivelmente reduzida. É o caso do sindicato dos mineradores, que, dizia-se, podia provocar crise energética nacional.
Tão profundas mudanças geraram respostas polarizadas. A política neoliberal possibilitou a milhares de ingleses comprarem a casa própria e ações de empresas recém-privatizadas de energia e telecomunicações.
A decadente bolsa de Londres ganhou importância, dinamismo e brilho. O país reconquistou a relevância no concerto das nações.
O outro lado da moeda mostra a face sombria. Trata-se do elevado custo social das iniciativas thatcherianas. A recessão se aprofundou. O número de desempregados, no auge das reformas, superou os 3 milhões de trabalhadores — cifra que se assemelhava à dos cruéis anos da Grande Depressão.
Em 1981, a popularidade da dama de ferro despencou para 25%, os níveis mais baixos da história. A Guerra das Malvinas, em 1982, veio em seu socorro. A vitória no conflito devolveu-lhe o prestígio, garantiu-lhe o êxito nas eleições do ano seguinte e elevou a altura da voz britânica no mundo. De braços dados com Ronald Reagan, a premiê atuou decisivamente contra a União Soviética.
Passados 34 anos do tsunami Margaret Thatcher, as opiniões continuam polarizadas. Os opositores a acusam de endeusar o livre mercado. Ao tempo em que esbanjava generosidade com o capital, cobrava alto custo do trabalho. As medidas por ela implantadas aumentaram a recessão e o desemprego. Desamparado pelos sindicatos, o trabalhador viu se esvair o Estado de bem-estar social duramente conquistado nos duros anos pós-Segunda Guerra Mundial. Mesmo depois da morte, um fato é certo. A dama de ferro continuará a provocar amor e ódio.
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