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quarta-feira, abril 17, 2013

TERRORISMO: O FENÔMENO CÍCLICO DA LOUCURA

17/04/2013
Terror nos EUA põe o mundo em alerta


O presidente Obama anunciou ontem que o FBI, a polícia federal americana, está investigando as explosões que mataram três pessoas em Boston como "um ato covarde" de terroristas. Apesar de o governo não acreditar em um atentado de larga escala, o policiamento em todo o país foi reforçado — e a sensação de medo voltou às ruas, como não se via desde os ataques do 11 de setembro de 2001. Na Europa, vários países anunciaram medidas para proteger grandes competições de possíveis ofensivas do terror. Em Brasília, o ministro Antônio Patriota afirmou que o Brasil já está tomando as "providências necessárias" para garantir a segurança de eventos internacionais que ocorrerão no país até 2016.

Uma cidade amedrontada


 Na manhã seguinte às explosões que despertaram o medo do terror nos Estados Unidos, a cidade de Boston acordou ressacada, com moradores apreensivos e atordoados. 
Para quem vive na capital de Massachusetts, não importa se as autoridades americanas definirão o ataque como doméstico ou se grupos terroristas reivindicarão a autoria. 
De todo modo, será preciso tempo para superar o susto, digerir a tragédia e retomar a rotina.

O líder comunitário Bill Richard teve a família destroçada pelas bombas e virou símbolo da desolação. O filho Martin, 8 anos, estava próximo à linha de chegada da famosa maratona, quando acabou atingido por estilhaços e morreu. A filha de 6 anos de Bill teve uma perna amputada. A mulher sofreu traumatismo craniano e seguia internada em estado grave até a noite de ontem. "Peço que continuem orando", escreveu o pai, em comunicado divulgado ontem à tarde.

Conhecidos de Bill saíram de casa para depositar brinquedos e mensagens de apoio na varanda da família, querida pela vizinhança. Algumas pessoas paravam em frente à residência — vigiada por uma policial — e choravam. Nas redes sociais, uma foto de Martin segurando um cartaz em que pedia paz se espalhou rapidamente, aumentando a comoção mundial. O garoto é uma das três pessoas que morreram nos ataques, que também deixaram pelo menos 170 feridos.

As principais ruas de Boston, ocupadas por quase 30 mil corredores no dia anterior em clima de festa, amanheceram desertas ontem. Cacos de vidro pelo chão e folhas de jornais voando compunham o cenário melancólico de uma triste primavera na cidade. Os alambrados utilizados para separar os atletas do público que assistia à prova ainda não tinham sido retirados. Mesas de restaurantes localizados perto da região onde aconteceram as explosões também permaneciam no mesmo lugar.

Em meio ao luto que tomou conta da cidade, várias homenagens religiosas estavam previstas para a noite de ontem. Entre elas, a vigília em uma igreja do bairro de Dorchester para a família do pequeno Martin Richard e outra em Boston Commons, perto do local do atentado. Harriet Korim, cantora e militante que vive em Cape Code, ao sul da cidade, foi uma das milhares de pessoas que homenagearam as vítimas. "Deixei flores lá, como parte do pequeno altar", afirmou.

Helicópteros pairavam nos céus. Em terra, guardas armados vasculhavam hotéis e arranha-céus de escritórios, alguns com janelas quebradas pelos fragmentos das explosões. Doze quarteirões foram interditados. Empresas chegaram a dispensar funcionários. "Foi difícil sair de casa hoje. Há muitos policiais nas ruas, e eles estão revistando todo mundo que passa", relatou ao Correio o paranaense Clayton Lando, 33 anos, que, há seis meses, trabalha em uma churrascaria brasileira em Boston, localizada a dois quarteirões do local da tragédia. "Na hora da confusão, muita gente correu desesperada para dentro do restaurante. Foi uma loucura", recordou.

Na televisão, contou Clayton, autoridades pedem aos moradores para que, se possível, fiquem em casa. "A cidade está com medo", resumiu o brasileiro. A polícia indicou que a segurança reforçada será mantida por tempo indeterminado. Estações de metrô e pontos turísticos continuarão fechados enquanto prosseguir a busca por pistas que possam ajudar a desvendar os ataques. Eventos esportivos, incluindo as badaladas partidas de basquete na cidade, estão cancelados.

Dezenas de feridos seguem sem previsão de alta nos hospitais de Boston. Médicos disseram que pregos e pedaços de metal acoplados às bombas feriram muitas das vítimas, a maioria atingida nos membros inferiores. Pelo menos quatro pessoas tiveram uma das pernas amputadas. A prefeitura anunciou que será oferecido suporte psicológico nas escolas e para os corredores que necessitarem de assistência.

Relatos de cenas de horror não param de vir à tona. "Foi como se um canhão tivesse disparado", tentou explicar um dos feridos, Nicholas Yanni, 32 anos, ainda no hospital. "Olhei para trás e vi uma nuvem de fumaça. Foi quando percebi que alguma coisa errada estava acontecendo", completou.
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